São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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TÊNIS

Alguma novidade?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

É em Roland Garros que os "arrogantes franceses" exercem todo o seu patriotismo. Além, óbvio, do orgulho de promover um belo torneio, é onde vêem desfilar seu exército de tenistas (mesmo que apenas regulares).
Romanticamente até, acreditam que algum soldado fará como Yannick Noah fez em 1993.
Sebastien Grosjean, a maior esperança, levou os locais à loucura em 2001, quando, nas quartas, bateu o careca André Agassi (com Bill Clinton na torcida). Mas naquele ano tiveram de engolir Gustavo Kuerten. A francesada só fez a festa mesmo quando Mary Pierce ganhou, em 2000. E, assim assim, uma festa "meia-boca".
Enquanto esperam, sentados, têm de torcer por Grosjean (dureza, hein?) e ver Michael Llodra, Stephane Robert, Nicolas Mahut, Oliver Patience, Arnaud Di Pasquale, Julien Boutter e Jean-René Lisnard (que tédio, hein?).
Um tal Jerome Haehnel, de tão ruim (271º do mundo), não entrou na chave principal nem com um convite. Passou pelo qualify-ing (sim, com méritos); na estréia, derrubou Agassi, o maior vencedor em atividade no tênis.
Antes de falar do fim da carreira de Agassi, um fato real, ou de adular o tal Haehnel, um exagero, lembrei, a partir dessa zebra, que assim tem sido em Paris ultimamente: uma terra para gente nova, uma festa para debutantes.
Nenhum Grand Slam, repare, é tão generoso na hora de abrir seu caminho e dar a fama do que Roland Garros. Nos últimos 15 anos, dez tenistas abocanharam em Paris a sua vaga na lista de campeões de Grand Slam. Tem os que ficaram só nisso (Michael Chang-89 e Thomas Muster-95) e os que não ficaram só nisso, mas só lá (Guga-97-00-01 e Sergi Bruguera-93-94). São 19 campeões de Grand Slam que conheceram o reconhecimento em Paris.
Com cada vez mais jovens chegando aos títulos, com os favoritos Kuerten e Ferrero suando para passar da estréia e com uma desconfiança em torno de figuras de respeito como Roger Federer, Andy Roddick, Lleyton Hewitt e Marat Safin, muita gente já começa a apostar no mais novo campeão de Grand Slam.
Claro que só mesmo os franceses vão ver o jogo de Haehnel contra Michael Llodra, hoje, em Roland Garros. Mas, para não falar em Guillermo Coria, é em torno de David Nalbandian, Juan Ignácio Chela, Nicolas Massú, Tommy Robredo e até Andrei Pavel que gira uma grande curiosidade.
Pode parecer exagero, sim, mas, do jeito que a coisa tem andado em Paris nos últimos tempos, não custa nada deixar a imagem da TV nos jogos desses sujeitos, aparentemente sem graça, enquanto o jogão mesmo não começa.
Vai ver, daqui a uma semana só sobram esses mesmos sujeitos.
 
E não é que o problema de Gustavo Kuerten é sério? De tanto o estafe do tenista anunciar aos quatro ventos que "tudo estava bem", quase acreditei que, sei lá, fosse tática para Roland Garros.
Na semana passada, quando esta coluna perguntou quem era o favorito, ninguém, nas dezenas de e-mails, cravou o nome dele.

Show!
Fernando Meligeni foi até a divisa com o Uruguai, deu aula para jovens, participou de um jogo-exibição e ajudou a arrecadar uma tonelada de alimento em Uruguaiana. É isso aí!

Oba!
Marcelo Meyer lançou o livro "Tênis - Muito mais que um jogo". Com muitas fotos de arquivo pessoal e um texto muito bem escrito por Erick Castelhero, o livro vale a pena.

Viva!
Diego Cubas, Florentina Hanisch, Daniel da Silva, Marcela Bueno, Willian Franco, Lara Rafful, Matheus Junqueira e Milne Poffo venceram a terceira etapa da Credicard Junior's Cup, em Joinville.

E-mail randaku@uol.com.br


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