São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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Desgaste é maior neste Mundial, indica Fifa

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo da Fifa divulgado ontem mostrou que os jogadores chegaram a esta Copa mais desgastados fisicamente em razão do excesso de jogos ao longo da temporada que antecedeu o Mundial. Isso provocou um aumento nas lesões, com destaque para as ocorrências sem contato físico.
Em 60 jogos até as quartas-de-final, houve 158 contusões, com média de 2,6 jogadores por partida. Na Copa de 1998, na França, a média havia sido de 2,4.
Do total de lesões, 26% foram sem contato físico, segundo Jiri Dvorak, responsável pela equipe médica da Fifa. No Mundial da França, esse tipo de ocorrência não passou de 15% do total.
Essa contusão sem motivo aparente é interpretada como possível fadiga muscular.
A Copa da Coréia e do Japão se emendou à temporada européia. Nunca os jogadores tiveram de atuar tanto seguidamente.
Dvorak afirmou que as temporadas muito longas são a principal causa das contusões, mas não disse qual deveria ser o número máximo de partidas por ano.
""Para isso, seriam necessários mais dados do que os disponíveis, com um estudo comparado das equipes das ligas européias. Precisaríamos contar com a ajuda dos clubes e das federações nacionais", afirmou o especialista.
Grandes estrelas do futebol mundial chegaram à Copa-2002 comprometidas pelo desgaste físico da temporada em seus clubes. Esse foi o caso, por exemplo, dos jogadores do Real Madrid (Espanha), vencedor da Copa dos Campeões -entre eles o francês Zidane e o português Figo.
""Não tenho a menor dúvida de que a eliminação prematura de Portugal, França e Argentina foi por causa desse tipo de problema", opinou o ex-craque alemão Franz Beckenbauer.
Faltas e lances acidentais foram responsáveis por 38% das lesões. Em 98, o índice havia sido de 48%.
Um levantamento envolvendo 398 partidas de 12 torneios mundiais desde 1998 -incluindo a Olimpíada e envolvendo também mulheres, futsal e categorias inferiores- mostrou que 14% das contusões foram sem nenhum contato físico, 37% causadas por contato físico e 49% por falta.
Do total de contundidos na Copa-2002, 54% tiveram baixa de uma semana, 34% não puderam voltar na partida seguinte, 11% ficaram entre 8 e 28 dias em recuperação e 1% vão precisar de mais de um mês para voltar a jogar.
Na Copa da França, 41% dos lesionados se recuperaram e puderam disputar o jogo seguinte, 46% ficaram parados até uma semana, 11% ficaram afastados de 8 a 28 dias e 2% por mais de um mês.
A equipe médica da Fifa disse que a introdução do exame de sangue no antidoping nesta Copa foi considerada um sucesso. Não foi registrado nenhum caso positivo nos 240 exames realizados até antes da rodada de ontem.


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