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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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FUTEBOL

Estaca zero

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Típico: o Brasil foi eliminado da inoportuna Copa das Confederações quando estava começando a melhorar. O primeiro tempo do jogo contra a Turquia foi o mais "assistível" de todos, com a bola correndo um pouco mais de pé em pé e o time com mais confiança, disposição e velocidade. Mas já era tarde... Os pontos perdidos contra Camarões fizeram falta. E, se não conseguimos vencer um time desarrumado, que errou uma barbaridade, tínhamos mesmo de cair fora.
Precisamos lembrar que ganhar um título dessa coisa não era o mais importante. Se o torneio tinha alguma utilidade, era a de aproveitar a sequência de jogos para avaliar atletas e para testar o sistema de trabalho do Parreira. Como ele organiza o time depois de alguns treinos e resolve problemas nos jogos? Ou seja, o fracasso foi péssimo do mesmo jeito -como foram só três jogos, seguimos com um milhão de dúvidas.
Não adianta dizer: "Se os campeões do mundo estivessem lá, teria sido diferente". Quem pode saber? Já esquecemos os jogos medíocres que a seleção "principal" disputou neste ano? Poderia ter sido a mesma porcaria! Nesta temporada, uns e outros fracassaram com a camisa da seleção. E nomes que fazem parte do grupo principal, como Emerson, Kléberson, Juan e Lúcio, foram tão mal quanto os calouros.
Eu não acho que não precisamos mais de Ronaldo e dos outros. Esse rapaz de cabelo esquisito, um pouco acima do peso, ainda faz um jeitão. Mas também não acho que o fracasso da seleção mista prove que não podemos contar com os novos. Às vezes, sou mais otimista do que todo mundo: tenho certeza de que podemos fazer melhor do que isso. Até aqui, foi tudo meio café-com-leite -uma hora não tem treino; na outra, não contamos com as primeiras opções para cada posição. Mas, às vezes, sou a mais pessimista: vamos continuar sem tempo para treinar e talvez façamos experiências demais até definir quem é a "primeira opção"!
Sou contra insistir eternamente em um jogador por conta dos serviços prestados, mas tenho certeza de que mexer em todas as variáveis não ajuda a tomar decisão nenhuma. Nesta Copa, Parreira começou cada jogo com um time diferente. Não foi só a troca de um lateral pelo outro ou coisa parecida, mas a mudança no desenho do meio-campo, que mexe na estrutura do time todo. Na minha opinião, seria melhor insistir na formação com Alex e Ronaldinho, que já dava sinais de que funcionaria outra vez. Alex e Maurinho (que foi muito bem) poderiam ter se divertido mais juntos, mas Parreira preferiu apostar que Ilan seria a solução...
Até entendo o raciocínio: com dois homens na frente e Ricardinho e Ronaldinho no meio-campo, teríamos mais poder ofensivo. Quase deu certo. Mas continuamos com problemas na saída de bola, insegurança na zaga e a falta de um magnetizador (não aguento mais dizer "maestro") de nossas ações ofensivas. Será que Parreira chegou às mesmas conclusões? Vamos saber depois.

Mais do mesmo
O deputado Marcus Vicente, do PTB, ausentou-se da Câmara nos últimos dias, mas estava em Missão Oficial Autorizada. Qual a missão? Ser chefe da delegação brasileira na viagem à Nigéria e à França. Perguntas: por que considerar essa uma "missão oficial"? Estamos pagando suas despesas com dinheiro público? Suas faltas serão abonadas? Caso a CBF esteja bancando a viagem, seria ético o deputado receber pagamento de uma "entidade privada"? Enquanto pagadora de impostos, minha opinião é: ele não deveria ir. Detalhe: como presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, ele vota na eleição para a presidência CBF. Ser gentil com um eleitor usando verba da Câmara é demais, não?

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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