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FUTEBOL
Sem contar Teixeira e parte da diretoria, folha seria superior a R$ 700 mil/mês; Parreira lidera lista, com R$ 165 mil
Desconto sindical revela salários da CBF
DA SUCURSAL DO RIO E
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de documento enviado
pela CBF para um sindicato, a soma dos salários de 138 funcionários da entidade é de estimados
R$ 718.943,19 mensais.
O documento discrimina a contribuição do valor de um dia de
trabalho no mês de março deste
ano dos funcionários da entidade
para o Sindiclube (Sindicato dos
Empregados em Clubes, Estabelecimentos de Cultura Física, Desportos e Similares do Estado do
Rio). A revelação foi feita ontem
pelo carioca "Jornal dos Sports".
A partir da lista, obtém-se a estimativa do salário mensal multiplicando por 30 o valor da contribuição sindical. De acordo com a
relação, o maior salário é do técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira. Conforme o documento, ele
recebe R$ 165 mil mensais.
Ainda segundo a lista enviada
ao Sindiclube, o salário do coordenador técnico Zagallo, hoje
uma figura decorativa na seleção,
é o segundo dentro do grupo, cerca de R$ 100 mil mensais.
O administrador Américo Faria, responsável pela infra-estrutura em treinos e viagens da seleção, merece, de acordo com o documento, R$ 75.900 por mês, quase nove vezes o que ganha o presidente da República (R$ 8.700).
Mulher do administrador, a secretária Cláudia Faria contribuiu
em março com R$ 160 para a entidade classista, o que significa remuneração mensal de R$ 4.800.
O documento também revela os
salários de alguns integrantes da
cúpula da CBF. O secretário-geral
da confederação, Marco Antonio
Teixeira, recebe R$ 43.472. Armando Marques, presidente da
Comissão de Arbitragem, ganha
R$ 24.881, e seu assessor, Edson
Rezende, R$ 7.082.
As secretárias, pela relação, recebem em média R$ 3.000.
Embora impressione pelos altos
salários, contrastantes com a crise
econômica enfrentada pela maioria dos clubes do país, o valor da
folha é pequeno se comparado
com o que a CBF fatura.
Fora os dólares de contratos milionários que possui associados à
seleção brasileira (Nike e AmBev), a confederação cobra somas
vultosas por amistosos do time
nacional do exterior -recebeu
US$ 1 milhão para entrar em campo na China, em fevereiro.
A folha de pagamento deve ser
bem maior. Na lista, não constava
o valor dos salários do presidente
Ricardo Teixeira e de alguns dos
principais diretores da entidade,
como Virgílio Elísio (Departamento Técnico) e Carlos Eugênio
Lopes (Departamento Jurídico).
Apesar de liderar a lista, o atual
técnico recebe bem menos que o
pentacampeão Luiz Felipe Scolari, que ganhava quase R$ 130 mil a
mais do que a soma dos salários
dos três mais importantes integrantes da atual comissão técnica
-Parreira, Zagallo e Faria.
Os vencimentos dos três somam R$ 340.900, de acordo com a
lista enviada ao Sindiclube. No
contrato com a CBF, Scolari tinha
seu salário indexado ao dólar e ganhava US$ 166 mil -cerca de R$
470 mil pelo câmbio atual.
Já o técnico da seleção sub-23,
Ricardo Gomes, que vai tentar a
inédita medalha de ouro olímpica
em Atenas, leva R$ 62.585.
Atualmente, pelo menos três
nomes da lista não trabalham
mais na entidade: o ex-massagista
da seleção Nocaute Jack, morto
neste ano, e Nilson Gonçalves e
Ênio Farias -saíram em 2003.
Parte dos salários da CBF já havia sido divulgada pela extinta
CPI da CBF/Nike, da Câmara.
Segundo os dados levantados
pela comissão, Ricardo Teixeira
recebeu R$ 35 mil em 2001 (ganhara R$ 126 mil em todo o ano
de 1998 e R$ 418 mil em 2000).
Tio do presidente, o secretário-geral Marco Antonio Teixeira recebeu R$ 37 mil em 2001 -hoje,
pelo documento enviado ao Sindiclube, ganha R$ 6.000 a mais.
A investigação dos deputados
revelou que em quatro anos (de
1997 a 2000) a despesa com pessoal foi uma das que mais aumentaram na CBF, acumulando crescimento de 400%. Perdeu só para
gastos com encargos e serviços,
que cresceram 600% no período.
"Mostramos que o salário dos
diretores era ilegal, porque era
proibido pelo estatuto da CBF.
Eles teriam de ter devolvido o dinheiro, mas não o fizeram", declarou o ex-deputado Sílvio Torres, relator daquela CPI.
"Esses salários mostram por
que eles querem se manter no poder com o mesmo grupo e o mesmo esquema", completou.
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