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FUTEBOL
Jogadores que defendem times alemães, como Gilberto e Lúcio, exageram nas faltas e vibram ao calar os amigos
Gozações de vizinhos movem brasileiros
DOS ENVIADOS A NUREMBERG
No campo, eles brigaram, abusaram das faltas e comemoram
muito. No vestiário, explicaram
porque tanta adrenalina.
Os jogadores da seleção que
atuam ou já passaram pela Alemanha queriam a vitória ontem
para evitar a gozação dos vizinhos
e como resposta ao ambiente criado em Nuremberg.
"Com todo mundo vaiando e o
juiz atrapalhando, ficamos com
raiva, e mostramos isso no final
do jogo", disse o volante Emerson
sobre a comemoração mais exaltada dos brasileiros que têm a Alemanha no currículo.
Se Emerson já deixou o país,
quem ainda atua por um clube
alemão queria mesmo vencer para não ser ironizado no lugar onde ganham o pão.
"Não poderia perder o jogo. Caso contrário, voltaria das férias
com o pessoal me enchendo o saco. Agora vou poder sair na rua e
não ouvir nenhuma piada", disse
Gilberto, do Hertha Berlin.
Jogador mais exaltado em campo, Lúcio, do Bayern de Munique,
diz não ter problemas com os alemães, mas também não quer saber de brincadeiras. "Graças a
Deus, tenho uma relação muito
boa com o pessoal da seleção alemã e da imprensa daqui. Mas é
que, ganhando, não corremos o
risco de depois ouvirmos coisas
que não queremos ouvir", disse.
Zé Roberto, seu companheiro
de clube, segue o mesmo raciocínio. "Ninguém quer ficar aturando gracinha. Se a gente perdesse,
passaria um ano agüentando os
repórteres e os jogadores do meu
time. Então, para nós, era como se
fosse uma final de Copa."
"Ganhar da Alemanha, na Alemanha e numa semifinal de Copa
das Confederações, é especial",
disse Roque Júnior, o brasileiro
que atua no país rival de ontem
com as palavras mais comedidas
após a partida de Nuremberg.
A vontade de ganhar dos brasileiros com ligações na Alemanha
foi tanta que muitas vezes passou
dos limites do fair play.
Das 21 faltas da equipe (novamente o time foi mais violento do
que o rival), 13, ou quase dois terços, foram dos cinco jogadores
que defendem ou já passaram por
clubes da Alemanha.
O volante Emerson foi o jogador mais faltoso do Brasil. Além
das quatro faltas cometidas, foi ele
quem fez o pênalti que permitiu
aos donos da casa alcançarem pela segunda vez o empate no jogo.
"Não dá para não falar que com
esse esquema eu preciso correr
muito mais", disse, exaurido, o
volante ao final da partida.
Na lista de "alemães" com a camisa do Brasil, Gilberto com três,
aparece como segundo na relação
de faltas cometidas. Ele vem seguido por Roque Júnior, Zé Roberto e Lúcio, com duas ocorrências registradas para cada um.
O meia-atacante Kaká foi o único dos que nunca passaram pelo
futebol da Alemanha a engrossar
o time dos brucutus. Também
aparece com três faltas na partida.
(FÁBIO VICTOR E PAULO COBOS)
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