São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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FUTEBOL

Jogadores que defendem times alemães, como Gilberto e Lúcio, exageram nas faltas e vibram ao calar os amigos

Gozações de vizinhos movem brasileiros

DOS ENVIADOS A NUREMBERG

No campo, eles brigaram, abusaram das faltas e comemoram muito. No vestiário, explicaram porque tanta adrenalina.
Os jogadores da seleção que atuam ou já passaram pela Alemanha queriam a vitória ontem para evitar a gozação dos vizinhos e como resposta ao ambiente criado em Nuremberg.
"Com todo mundo vaiando e o juiz atrapalhando, ficamos com raiva, e mostramos isso no final do jogo", disse o volante Emerson sobre a comemoração mais exaltada dos brasileiros que têm a Alemanha no currículo.
Se Emerson já deixou o país, quem ainda atua por um clube alemão queria mesmo vencer para não ser ironizado no lugar onde ganham o pão.
"Não poderia perder o jogo. Caso contrário, voltaria das férias com o pessoal me enchendo o saco. Agora vou poder sair na rua e não ouvir nenhuma piada", disse Gilberto, do Hertha Berlin.
Jogador mais exaltado em campo, Lúcio, do Bayern de Munique, diz não ter problemas com os alemães, mas também não quer saber de brincadeiras. "Graças a Deus, tenho uma relação muito boa com o pessoal da seleção alemã e da imprensa daqui. Mas é que, ganhando, não corremos o risco de depois ouvirmos coisas que não queremos ouvir", disse.
Zé Roberto, seu companheiro de clube, segue o mesmo raciocínio. "Ninguém quer ficar aturando gracinha. Se a gente perdesse, passaria um ano agüentando os repórteres e os jogadores do meu time. Então, para nós, era como se fosse uma final de Copa."
"Ganhar da Alemanha, na Alemanha e numa semifinal de Copa das Confederações, é especial", disse Roque Júnior, o brasileiro que atua no país rival de ontem com as palavras mais comedidas após a partida de Nuremberg.
A vontade de ganhar dos brasileiros com ligações na Alemanha foi tanta que muitas vezes passou dos limites do fair play.
Das 21 faltas da equipe (novamente o time foi mais violento do que o rival), 13, ou quase dois terços, foram dos cinco jogadores que defendem ou já passaram por clubes da Alemanha.
O volante Emerson foi o jogador mais faltoso do Brasil. Além das quatro faltas cometidas, foi ele quem fez o pênalti que permitiu aos donos da casa alcançarem pela segunda vez o empate no jogo.
"Não dá para não falar que com esse esquema eu preciso correr muito mais", disse, exaurido, o volante ao final da partida.
Na lista de "alemães" com a camisa do Brasil, Gilberto com três, aparece como segundo na relação de faltas cometidas. Ele vem seguido por Roque Júnior, Zé Roberto e Lúcio, com duas ocorrências registradas para cada um.
O meia-atacante Kaká foi o único dos que nunca passaram pelo futebol da Alemanha a engrossar o time dos brucutus. Também aparece com três faltas na partida. (FÁBIO VICTOR E PAULO COBOS)


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