São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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FUTEBOL

Munique desbancou Leverkusen e passou a ser a favorita para receber a seleção pentacampeã durante o Mundial

Cidades alemãs brigam pelo Brasil-2006

ENVIADOS ESPECIAIS A NUREMBERG

A Copa das Confederações detonou a disputa entre cidades da Alemanha para ter o Brasil como hóspede no ano que vem, durante a preparação para a Copa-2006.
E Leverkusen, no Estado de Renânia do Norte-Vestfália, que tinha partido na frente e parecia a grande favorita a recepcionar os pentacampeões, perdeu terreno para Munique, na Baviera.
A cidade-sede da Bayer, dona do Bayer Leverkusen, abrigou a seleção nos treinos preparativos para a Copa das Confederações. Como revelou a Folha, a CBF recebeu US$ 230 mil para o time treinar por três dias no campo do Bayer, que apostou que a prévia seria suficiente para convencer os brasileiros, com quem têm ótimo relacionamento, a voltar em 2006.
Não foi. O hotel em que ficou a seleção, na verdade em Bergisch Gladbach, cidadezinha a 20 km de Leverkusen, não agradou aos jogadores, que, de forma não-oficial, para não melindrar os anfitriões, queixaram-se do isolamento do lugar. Também incomodou a comissão técnica a dificuldade de locomoção até o o campo de treino em Leverkusen.
Percebendo o flanco aberto do maior concorrente, outros Estados se atiçaram. Especialmente a Baviera, o maior, mais rico e para muitos o mais bonito do país.
Natural de Munique, o presidente do Comitê Organizador da Copa, Franz Beckenbauer, lidera o lobby para levar o Brasil para a região. Os bávaros estão chateados com o fato de que o jogo inaugural da Copa, em Munique, não terá, como ocorria até a última Copa, o campeão mundial. Pretendem que a compensação seja receber a seleção em seu Estado.
O ex-jogador Jorginho, que atuou por quase seis anos na Alemanha e é uma das pontes da seleção com o Bayer, afirma que os trunfos do novo favorito são inquestionáveis. "Atleta quer ver movimento, e por isso alguns não gostaram do hotel [do projeto Leverkusen]. Não tenha dúvida de que se for para Munique é bem diferente. A Baviera é simplesmente um Estado muito lindo."
A CBF, que em 2002 já vendeu a permanência da seleção em Ulsan, na Coréia do Sul, abriu o leilão, mas não quer comentar o tema, alegando que o Brasil ainda não está classificado para a Copa (precisa de só de mais um ponto).
Para evitar que desencontro de informações atrapalhe as negociações com os vários interessados -Colônia revelou que está na briga- , a cúpula da entidade ordenou que ninguém fale sobre 2006. Nos primeiros dias na Alemanha, Carlos Alberto Parreira respondeu a várias perguntas sobre logística. Depois da ordem, passou a dizer que só fala do tema quando estiver classificado.
O embaixador da Copa-06 para a Renânia do Norte-Vestfália, Reiner Calmund, diretor do Bayer Leverkusen por 20 anos e ainda hoje ligado ao clube, mostrou já ter captado a lógica da CBF. "Fazemos o que podemos [para levar o Brasil para a região], mas talvez tudo seja uma questão financeira", disse, em entrevista que circulará na edição de hoje do diário alemão Welt am Sonntag.
"Não sei de nada, a única coisa que posso falar é que, onde estiver, a seleção é sinônimo de lucro", observa Jorginho.
(FÁBIO VICTOR e PAULO COBOS)


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