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FUTEBOL
Bela e convincente vitória
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
No primeiro tempo, a Alemanha marcou por pressão,
como fez a Argentina contra o
Brasil, e anulou o toque de bola
brasileiro. Como a Alemanha não
tem talento ofensivo, os quatro
gols só poderiam sair de bolas paradas.
No gol de escanteio da Alemanha, a bola saiu com muita curva,
com velocidade, sem subir tanto,
caiu na entrada da pequena área
e pegou o atacante de frente para
o gol. Quando o escanteio é muito
bem batido como esse, fica mais
fácil para os atacantes do que para os zagueiros.
Se o goleiro tenta sair do gol, fica no meio do caminho e/ou
tromba com vários jogadores. Por
isso, não houve falha do Dida.
Nem no gol contra o México.
O primeiro tempo foi um típico
jogo dos tempos atuais. Feio e de
muita marcação.
Hoje, é mais importante ter um
especialista em cobranças de bolas paradas do que um jogador
apenas habilidoso.
No segundo tempo, como se esperava, a Alemanha cansou, deu
espaço para a troca de passes, o
Brasil criou várias chances de gol
e teve ótima atuação.
Depois do gol, com a entrada do
Renato no lugar do Kaká, Parreira colocou o esquema que gosta,
com três no meio-campo, um único meia de ligação e dois atacantes. Antes do quarteto, havia dois
meias-atacantes (Ronaldinho
Gaúcho e Kaká) e um único atacante (Ronaldo). Mas Kaká não
pode ficar de fora. Ninguém aceitaria. Esse é o grande dilema do
Parreira.
Só Adriano teve uma excepcional atuação. Roque Júnior foi o
pior. Cicinho entrou muito bem
no segundo tempo. Nesse jogo, o
Brasil foi melhor no conjunto do
que individualmente. Isso é raro e
importante. Nem sempre se pode
depender dos craques.
A vitória, mesmo sem muito
brilho, foi mais uma evidência de
que o Brasil é o mais forte candidato ao título desta competição e
do Mundial de 2006.
Há várias seleções melhores do
que a Alemanha, mas em casa, os
alemães são fortes.
Parreira disse que esse torneio
seria o teste definitivo para o
quarteto.
Ainda falta o jogo final, mas já
se pode dizer que, no mínimo, o
quarteto é uma ótima opção.
O técnico mudou a forma de jogar durante as duas últimas partidas, o que não acontecia.
Ele está percebendo que não
existe uma única verdade, um esquema ideal para todas as situações. Isso é bom.
Há várias maneiras de vencer e
de jogar bem.
Terceiro olho
Atlético-PR e São Paulo sufocaram o Chivas e River Plate e conseguiram ótimas vantagens.
Os técnicos brasileiros estão utilizando mais a marcação por
pressão. É a blitz.
Não dá geralmente para fazer
isso durante os 90 minutos. Mas o
Atlético-PR fez.
Muitas vezes não dá certo porque diminuem os espaços no
campo do adversário, como aconteceu com o Fluminense no jogo
contra o Paulista.
A defesa do time que pressiona
fica também desprotegida para os
contra-ataques.
A importante presença do Souza no segundo tempo contra o River Plate foi mais uma evidência
de que em um time que joga com
três zagueiros e no ataque, é melhor escalar de ala um meia do
que pedir para um lateral ou um
volante improvisado avançar
mais do que o habitual. Os técnicos fazem pouco isso.
Já na Argentina, com a vantagem de dois gols, será melhor escalar de inicio o Souza ou um
marcador? Esse é um problema
para o Paulo Autuori resolver, e
não para o analista. Ainda bem.
Comentar depois do jogo é mais
fácil.
Danilo foi novamente importante. Ele é um desses meias mais
lentos, que pega pouco na bola,
que é chamado de sonolento como Alex, mas que é criativo, passa, cruza e finaliza bem.
As suas deficiências são mais
valorizadas do que as suas virtudes.
Além das cobranças excepcionais de pênaltis e faltas, Rogério
Ceni é o líbero do São Paulo.
Quando o time está no ataque e
os defensores adiantados, o goleiro faz a cobertura em caso de contra-ataque.
Para fazer isso bem, como fazem Rogério Ceni e raríssimos goleiros, é preciso ter um olho no
passe e na bola, outro no posicionamento dos zagueiros e atacantes e um terceiro olho, o de dentro,
o da percepção, da imaginação e
da intuição.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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