São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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RITA SIZA

E tudo acaba bem


Portugal resistiu ao grupo da morte sem sofrer golos e com a maior goleada desta Copa

O JOGO não foi assim tão bonito, mas, como diria o Chico Buarque, "foi bonita a festa, pá", e eu fiquei contente. Portugal sobreviveu ao grupo da morte e ultrapassou a fase de grupos sem nunca conceder um golo e depois de presentear o mundo com a maior goleada desta Copa.
Sem dúvida que teria sido muito mais divertido um festival de golos de Portugal e Brasil, mas, como diz o outro, tudo está bem quando acaba bem.
A minha previsão era que a minha equipa ia jogar para o empate, e foi o que aconteceu. Não sei dizer se foi por respeito ao Brasil. A minha inclinação é pensar que não foi essa a razão, mas antes uma decisão estratégica do técnico em termos de gestão de expectativas e recursos humanos. Tacticamente, nota dez.
Por isso, e para usar o vosso português, "nos aguardem". Portugal chegou à África do Sul sob uma pesada nuvem de descrédito e desconfiança. Ninguém gostava do Carlos Queiroz ou da seleção que ele compôs. E ninguém esperava muito da equipa, que, comparada com a de 2006, parecia francamente inferior.
A exibição paupérrima contra a Costa do Marfim veio alimentar o pessimismo.
Eu devo confessar que fiquei furiosa e bradei contra tudo e contra todos (menos contra o Fábio Coentrão, a grande revelação portuguesa). Só que agora, em retrospectiva, considero que, apesar da pobreza da partida, o que Portugal retirou dela foi valioso: não demos espetáculo, mas demonstramos a nossa solidez.
Depois veio a Coreia do Norte, e a equipa experimentou a felicidade extrema de marcar sete golos -sete- num Mundial. Um resultado desses já é meia Copa da Mundo.
Quando foi hora de jogar contra o Brasil, os jogadores e o técnico estavam reconciliados, e o país tinha feito as pazes com a seleção. Eu acho que ontem podíamos ter ganho, mas garanto-vos que não há um único português que não tenha ficado satisfeito com o jogo e o resultado. Saibam isto: sabemos ter paciência e sabemos sofrer. Também sabemos acreditar -e é isso que vamos fazer daqui para a frente. Eu acredito que vamos chegar longe.
Para terminar, tenho que dizer que para já o Brasil cumpriu, mas não deslumbrou. E, em jeito de provocação, fica uma perplexidade: será que vocês receberam uma autorização especial da Fifa para poder jogar a bola com o braço?


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