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Duelo tem jogadas
duras e provocação
Brasil e Portugal esquecem laços históricos, fazem jogo repleto de cartões e trocam farpas até fora do gramado
DOS ENVIADOS A DURBAN
O 0 a 0 brigado de ontem
entre portugueses e brasileiros mostrou que, entre os patrícios, não há diplomacia.
A rivalidade, acirrada nos
últimos anos com alguns
confrontos amistosos, como
a goleada brasileira de 6 a 2
no Distrito Federal em 2008,
fez o jogo descambar para
provocações, entradas duras
e ofensas de ambos os lados.
Mostra disso foram os sete
cartões amarelos distribuídos em apenas um tempo
(quatro para Portugal e três
para o Brasil), um só a menos
que o recorde em Mundiais,
no jogo entre Alemanha e Camarões em 2002.
"Você tem que perguntar à
equipe do Brasil, não a nós
[sobre a violência]", disse o
técnico português, Carlos
Queiroz, para quem o adversário praticou o antijogo.
"Eu devolvo a pergunta
para ele [Queiroz]. O Brasil já
estava classificado e, se você
vir o número de cartões amarelos que deram, [isso] explica tudo", respondeu Dunga.
De fato, Portugal recebeu
um cartão a mais. Porém o
Brasil foi mais faltoso: 18 infrações, contra 11 dos rivais.
Nos primeiros 45 minutos,
a partida foi tensa, com entradas duras. Nesse terreno,
os lances mais ríspidos foram
protagonizados pelos volantes Pepe e Felipe Melo, que se
provocaram e se bateram
muito. O brasileiro foi substituído imediatamente após levar o cartão amarelo.
"Ele sofreu uma torção e
não havia por que deixá-lo
em campo", disse Dunga.
"Foi um jogo muito duro,
muito pegado. Nós entramos
em campo estudados", afirmou Pepe, deixando claro
que a goleada brasileira incomodava os portugueses.
Na volta do intervalo, Pepe, que é brasileiro naturalizado português, chutou uma
garrafa d'água que estava ao
lado do banco de reservas do
Brasil. O médico da seleção,
José Luiz Runco, ficou revoltado com essa atitude.
"Eu queria dar um esporro
nele por falta de educação e
respeito. Ele, que é nascido
no Brasil, chutar uma garrafa
nossa. Que falta de respeito!"
Os portugueses também tiraram Dunga do sério. O técnico do Brasil, diferentemente dos dois primeiros jogos,
irritou-se com a atuação de
seu time. "A gente queria atacar, vencer, mesmo sem precisar do resultado. O adversário, não. Quis jogar só nos
nossos erros", reclamou.
"O time português ficou
todo atrás da linha de meio-
-campo. O jogo foi truncado e
mesmo assim tivemos duas
ou três chances de fazer o
gol", concluiu Dunga.
Queiroz viu uma partida
diferente da de Dunga taticamente. "O Brasil entrou forte
nos primeiros minutos, mas,
passado esse furor inicial,
passamos a controlar o jogo,
até que ficou igual. Quando
estávamos com a bola, eles
se defendiam e, quando eles
estavam com a bola, nós nos
defendíamos", disse.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ,
PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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