São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Duelo tem jogadas duras e provocação

Brasil e Portugal esquecem laços históricos, fazem jogo repleto de cartões e trocam farpas até fora do gramado

DOS ENVIADOS A DURBAN

O 0 a 0 brigado de ontem entre portugueses e brasileiros mostrou que, entre os patrícios, não há diplomacia.
A rivalidade, acirrada nos últimos anos com alguns confrontos amistosos, como a goleada brasileira de 6 a 2 no Distrito Federal em 2008, fez o jogo descambar para provocações, entradas duras e ofensas de ambos os lados.
Mostra disso foram os sete cartões amarelos distribuídos em apenas um tempo (quatro para Portugal e três para o Brasil), um só a menos que o recorde em Mundiais, no jogo entre Alemanha e Camarões em 2002.
"Você tem que perguntar à equipe do Brasil, não a nós [sobre a violência]", disse o técnico português, Carlos Queiroz, para quem o adversário praticou o antijogo.
"Eu devolvo a pergunta para ele [Queiroz]. O Brasil já estava classificado e, se você vir o número de cartões amarelos que deram, [isso] explica tudo", respondeu Dunga.
De fato, Portugal recebeu um cartão a mais. Porém o Brasil foi mais faltoso: 18 infrações, contra 11 dos rivais.
Nos primeiros 45 minutos, a partida foi tensa, com entradas duras. Nesse terreno, os lances mais ríspidos foram protagonizados pelos volantes Pepe e Felipe Melo, que se provocaram e se bateram muito. O brasileiro foi substituído imediatamente após levar o cartão amarelo.
"Ele sofreu uma torção e não havia por que deixá-lo em campo", disse Dunga.
"Foi um jogo muito duro, muito pegado. Nós entramos em campo estudados", afirmou Pepe, deixando claro que a goleada brasileira incomodava os portugueses.
Na volta do intervalo, Pepe, que é brasileiro naturalizado português, chutou uma garrafa d'água que estava ao lado do banco de reservas do Brasil. O médico da seleção, José Luiz Runco, ficou revoltado com essa atitude.
"Eu queria dar um esporro nele por falta de educação e respeito. Ele, que é nascido no Brasil, chutar uma garrafa nossa. Que falta de respeito!"
Os portugueses também tiraram Dunga do sério. O técnico do Brasil, diferentemente dos dois primeiros jogos, irritou-se com a atuação de seu time. "A gente queria atacar, vencer, mesmo sem precisar do resultado. O adversário, não. Quis jogar só nos nossos erros", reclamou.
"O time português ficou todo atrás da linha de meio- -campo. O jogo foi truncado e mesmo assim tivemos duas ou três chances de fazer o gol", concluiu Dunga.
Queiroz viu uma partida diferente da de Dunga taticamente. "O Brasil entrou forte nos primeiros minutos, mas, passado esse furor inicial, passamos a controlar o jogo, até que ficou igual. Quando estávamos com a bola, eles se defendiam e, quando eles estavam com a bola, nós nos defendíamos", disse. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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