São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010 |
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JOSÉ GERALDO COUTO Lúcio é o termômetro
NUNCA FICARAM tão evidentes quanto no jogo de ontem, sobretudo no segundo tempo, as limitações do elenco que Dunga tem em mãos -por escolha dele mesmo, ora, pois, pois. Sem Kaká e Robinho, o time não perdeu apenas brilho mas também capacidade de criação e de penetração na defesa adversária. À exceção de Maicon e de Lúcio, ninguém jogou muito bem. Mesmo os jogadores de quem se espera um pouco mais de criatividade, como Luis Fabiano e Daniel Alves, decepcionaram. De Gilberto Silva, Felipe Melo e Josué não se pode esperar muita coisa nesse departamento. Quando acertam os passes mais simples, de lado, já estamos no lucro. É aí que a teimosia de Dunga -transformado um tanto afoitamente em herói de boa parcela dos brasileiros por ter peitado a Rede Globo- começa a mostrar seu efeito nocivo. Por que não foi chamado ao menos um volante mais desenvolto, habilidoso e com capacidade de improviso, como Hernanes? Por que não se convocou um meia inventivo (como Ronaldinho ou Ganso) como alternativa a Kaká? O Brasil, sem Kaká e Robinho, e com um Luis Fabiano mais esquentado do que inspirado, tem pouco poder de fogo. Continua difícil de ser batido, mas tampouco incomoda muito o adversário. Um bom termômetro da falta de criação do time brasileiro é o número de vezes em que Lúcio se arrisca no ataque. O zagueirão brasileiro, impaciente com a pasmaceira do meio para a frente, sai desembestado para tentar resolver sozinho a parada. Ontem isso aconteceu muitas vezes no segundo tempo, o que anima momentaneamente a torcida, mas é um mau sinal. As vaias que se ouviram nos últimos minutos da partida e, principalmente, após o apito final foram muito justas. No segundo tempo, o Brasil não jogou nada. E o preocupante foi ouvir Dunga declarar depois que só o Brasil buscou o jogo e que os portugueses limitaram-se a se defender. Ora, no segundo tempo Portugal criou mais chances agudas de gol do que a seleção brasileira. Quem gosta de futebol bonito teve de esperar algumas horas e ver os golaços de Villa e Iniesta para a Espanha, contra o Chile. jgcouto@uol.com.br Texto Anterior: Favorita supera desconforto e vai encarar Portugal Próximo Texto: Só fair play honra Copa da Coreia do Norte Índice |
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