São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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3D

A tecnologia explora a profundidade, mas a seleção treinada por Dunga, não; parecia jogar em outra dimensão

SANDRO MACEDO
DE SÃO PAULO

Jogo ruim em 2D fica ruim também em 3D. Em mais um capítulo da "Copa das imagens", como dizem dez em cada dez locutores na televisão, ontem foi exibido o primeiro jogo de futebol em 3D nos cinemas do Brasil.
O problema é que a partida, transmitida em um shopping de São Paulo (Eldorado) e um do Rio (Downtown), foi Brasil x Portugal. Horrorosa em preto e branco, cores, 4D ou qualquer outra tecnologia, disponível ou não.
No começo do confronto, a transmissão e o jogo prometiam. Quando um torcedor jogou para cima uma grande bola verde e amarela, ela parecia pular por cima da escalação dos times, que era projetada na grande tela do cinema. Todos suspiraram, incluindo crianças com sirenes que substituíam vuvuzelas.
Foi o momento mais emocionante do filme/jogo.
Em 3D, é explorada mais a profundidade da imagem. Mas a seleção de Dunga não investiu na tal profundidade.
Ficou presa na forte marcação portuguesa e afunilava o jogo pelo meio -e a imagem geral do meio do gramado em 3D ainda é um pouco frustrante. Assim, a chatice dominou boa parte da transmissão da partida.
Não foi apenas uma estreia nacional. Cerca de 700 salas de cinema no mundo exibiram o duelo, que decidia o primeiro lugar do Grupo G. A iniciativa no Brasil é da Rede Globo, que tem os direitos de transmissão da Copa no país e mostrou o confronto apenas para convidados, já que se trata ainda de um teste.
Quem está na África do Sul, porém, viu primeiro -o IBC (Centro Internacional de Transmissão) do país anfitrião do Mundial já fazia uso da tecnologia de ponta.
Gerente de comunicação da Central Globo de Jornalismo, Ricardo Frota, descarta novo teste nas oitavas. "Mas temos previsão de exibir uma semifinal [a que pode ter o Brasil] e a final", avisa o executivo, que aprovou o teste.
Difícil mesmo só aprovar o time de Dunga, que parecia jogar em outra dimensão.


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