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clichê
Ao som de canções de fado e diante de guloseimas como alheira e bolinho de bacalhau , portugueses aprovam o 0 a 0 contra o Brasil
THIAGO NEY
DE SÃO PAULO
FÁBIO GRELLET
DO RIO
Casa de Portugal, em São
Paulo, no intervalo de Brasil
x Portugal. Alguém pega o
microfone: "Vamos saudar o
cônsul de Portugal, aqui presente". Alguns aplausos. "E
tomara que o jogo termine
empatado!" Vaias.
Nessa entidade criada há
75 anos "para divulgar a cultura portuguesa", como diz
seu presidente, Júlio Rodrigues, parte das cerca de 800
pessoas presentes canta
"EEEuuuu, sou brasileeeirooo...", enquanto outra parte dança o fado e come alheira e bolinhos de bacalhau.
Lá, muitos dos estereótipos do português podem ser
vistos, o que faz a festa para
câmeras de TV e microfones.
A Folha conta pelo menos oito (site Jovem Pan; ESPN;
Band; Globo/SporTV; Gazeta; Esporte Interativo; Blue
TV; e TV Canção Nova).
Um rapaz coloca uma máscara de Dunga e, sob as luzes
da TV, tenta imitar os trejeitos nervosos do técnico.
Os jogadores entram em
campo. Durante o hino de
Portugal, canta-se com orgulho. Em seguida, um pai levanta nos braços a filha, que
assopra uma minivuvuzela.
Começa o jogo. O português Tiago cai na área. O juiz
não dá o pênalti. Os portugueses espumam de raiva.
As chances de gol rareiam,
a temperatura na Casa de
Portugal esfria. Ao final, os
portugueses estão mais satisfeitos: "Pensam que é fácil fazer gol em Portugal?!?".
Em outro ponto de encontro dos lusitanos, no Rio de
Janeiro -o Cadeg (uma espécie de mercado municipal)-,
a comemoração começou assim que o jogo terminou.
"Não poderia haver resultado melhor", resumiu a dona de casa Conceição Caridade, 50, que viu a partida vestindo camisa de Cristiano Ronaldo e boné de Portugal.
No palco, vira e samba se
alternavam. Havia casais
com roupas típicas portuguesas. Três passistas da Beija-Flor não vestiam quase nada,
mas causaram furor inversamente proporcional ao tamanho das vestes.
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