São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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clichê

Ao som de canções de fado e diante de guloseimas como alheira e bolinho de bacalhau , portugueses aprovam o 0 a 0 contra o Brasil

THIAGO NEY
DE SÃO PAULO
FÁBIO GRELLET
DO RIO

Casa de Portugal, em São Paulo, no intervalo de Brasil x Portugal. Alguém pega o microfone: "Vamos saudar o cônsul de Portugal, aqui presente". Alguns aplausos. "E tomara que o jogo termine empatado!" Vaias.
Nessa entidade criada há 75 anos "para divulgar a cultura portuguesa", como diz seu presidente, Júlio Rodrigues, parte das cerca de 800 pessoas presentes canta "EEEuuuu, sou brasileeeirooo...", enquanto outra parte dança o fado e come alheira e bolinhos de bacalhau.
Lá, muitos dos estereótipos do português podem ser vistos, o que faz a festa para câmeras de TV e microfones. A Folha conta pelo menos oito (site Jovem Pan; ESPN; Band; Globo/SporTV; Gazeta; Esporte Interativo; Blue TV; e TV Canção Nova).
Um rapaz coloca uma máscara de Dunga e, sob as luzes da TV, tenta imitar os trejeitos nervosos do técnico.
Os jogadores entram em campo. Durante o hino de Portugal, canta-se com orgulho. Em seguida, um pai levanta nos braços a filha, que assopra uma minivuvuzela.
Começa o jogo. O português Tiago cai na área. O juiz não dá o pênalti. Os portugueses espumam de raiva.
As chances de gol rareiam, a temperatura na Casa de Portugal esfria. Ao final, os portugueses estão mais satisfeitos: "Pensam que é fácil fazer gol em Portugal?!?".
Em outro ponto de encontro dos lusitanos, no Rio de Janeiro -o Cadeg (uma espécie de mercado municipal)-, a comemoração começou assim que o jogo terminou.
"Não poderia haver resultado melhor", resumiu a dona de casa Conceição Caridade, 50, que viu a partida vestindo camisa de Cristiano Ronaldo e boné de Portugal.
No palco, vira e samba se alternavam. Havia casais com roupas típicas portuguesas. Três passistas da Beija-Flor não vestiam quase nada, mas causaram furor inversamente proporcional ao tamanho das vestes.


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