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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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FUTEBOL

A roda da história

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Como previsto, os cartolas já começam a decretar prematuramente a falência do Campeonato Brasileiro por pontos corridos, em turno e returno.
Tudo serve de argumento para os defensores da velha (des)ordem: a baixa média de público, as transações de jogadores no meio do torneio, a suposta desmotivação dos clubes que se distanciam das primeiras colocações etc. Como essa gente é previsível!
Foi prevendo esse tipo de reação que cheguei a defender, na época da discussão da mudança de fórmula do Nacional, que se buscasse uma solução de transição. Por exemplo: turno e returno, mas com uma final disputada entre os líderes de cada um deles. Ou um quadrangular final com o líder e o vice de cada turno.
Não sei se seriam boas opções, mas a idéia era habituar aos poucos os clubes e os torcedores ao sistema dos pontos corridos, levando em conta que o número de participantes (24) ainda é mais alto que o ideal (entre 16 e 20). A intenção era evitar que os eventuais problemas desta primeira edição servissem de pretexto para os que sempre querem girar para trás a roda da história.
Agora, paciência. É preciso defender o torneio por pontos corridos e viabilizá-lo do ponto de vista esportivo e comercial.
Um passo importante é premiar o maior número possível de participantes com vagas nos torneios internacionais (Libertadores e Copa Sul-Americana), de acordo com a classificação no Nacional. E manter, claro, o rebaixamento. O ideal seria que os quatro últimos colocados caíssem. Se isso ocorresse, em 2004, com 22 clubes, o torneio seria melhor. E em 2005, com 20, seria melhor ainda. É para a frente que se anda.
 
O Cruzeiro tropeçou feio em Belém, mas ninguém teve competência para tirar proveito de sua queda. Nem o São Paulo, nem o Santos, nem o Coritiba. Como resultado da má rodada dos líderes, houve um saudável "achatamento" da tabela de classificação.
Quem se deu bem mesmo foi o surpreendente Criciúma, que já está em quarto lugar e, aparentemente, não está disposto a parar por aí. O jogo de amanhã, em casa (onde é quase imbatível), contra o Coritiba, será decisivo para essa arrancada do time catarinense. Dependendo do resultado de Santos x Vasco, o Criciúma pode até subir para terceiro.
 
Sob a pressão da torcida e dos maus resultados, a diretoria do Corinthians resolveu agir para tentar compensar o empobrecimento de seu elenco. Robert e André Luiz foram, em princípio, ótimas contratações. Quanto a Jamelli, prefiro esperar para ver.
O problema é que o lado esquerdo do time tende a ficar congestionado. Kléber, André Luiz, Robert, Jorge Wagner e Gil correm o risco de trombar uns com os outros, enquanto Rogério padece de solidão no lado direito. A solução, aparentemente, será deslocar o mais versátil Robert para o lado direito. Geninho que se vire.

Caminho certo
Valeu a pena assistir de madrugada ao VT da vitória brasileira sobre os EUA, na Copa Ouro. A equipe de Ricardo Gomes mostrou muita disposição, muito talento e um crescente entrosamento. Falta corrigir muita coisa, mas é um começo animador com vista aos Jogos Olímpicos de Atenas-2004.

Maluco beleza
O gol de cabeça do goleiro Eduardo, do Atlético-MG, foi um desses momentos que fazem do futebol o esporte mais apaixonante do mundo. Mais que o cálculo e o planejamento, muitas vezes o que conta é a intuição. O garoto não se importou com os que o chamavam de maluco enquanto atravessava o campo rumo à área adversária. Ele disse: "Eu vou". Foi, viu e venceu.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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