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FUTEBOL
A roda da história
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Como previsto, os cartolas
já começam a decretar prematuramente a falência do Campeonato Brasileiro por pontos
corridos, em turno e returno.
Tudo serve de argumento para
os defensores da velha (des)ordem: a baixa média de público, as
transações de jogadores no meio
do torneio, a suposta desmotivação dos clubes que se distanciam
das primeiras colocações etc. Como essa gente é previsível!
Foi prevendo esse tipo de reação
que cheguei a defender, na época
da discussão da mudança de fórmula do Nacional, que se buscasse uma solução de transição. Por
exemplo: turno e returno, mas
com uma final disputada entre os
líderes de cada um deles. Ou um
quadrangular final com o líder e
o vice de cada turno.
Não sei se seriam boas opções,
mas a idéia era habituar aos poucos os clubes e os torcedores ao sistema dos pontos corridos, levando em conta que o número de
participantes (24) ainda é mais
alto que o ideal (entre 16 e 20). A
intenção era evitar que os eventuais problemas desta primeira
edição servissem de pretexto para
os que sempre querem girar para
trás a roda da história.
Agora, paciência. É preciso defender o torneio por pontos corridos e viabilizá-lo do ponto de vista esportivo e comercial.
Um passo importante é premiar
o maior número possível de participantes com vagas nos torneios
internacionais (Libertadores e
Copa Sul-Americana), de acordo
com a classificação no Nacional.
E manter, claro, o rebaixamento.
O ideal seria que os quatro últimos colocados caíssem. Se isso
ocorresse, em 2004, com 22 clubes,
o torneio seria melhor. E em 2005,
com 20, seria melhor ainda. É para a frente que se anda.
O Cruzeiro tropeçou feio em Belém, mas ninguém teve competência para tirar proveito de sua
queda. Nem o São Paulo, nem o
Santos, nem o Coritiba. Como resultado da má rodada dos líderes,
houve um saudável "achatamento" da tabela de classificação.
Quem se deu bem mesmo foi o
surpreendente Criciúma, que já
está em quarto lugar e, aparentemente, não está disposto a parar
por aí. O jogo de amanhã, em casa (onde é quase imbatível), contra o Coritiba, será decisivo para
essa arrancada do time catarinense. Dependendo do resultado
de Santos x Vasco, o Criciúma pode até subir para terceiro.
Sob a pressão da torcida e dos
maus resultados, a diretoria do
Corinthians resolveu agir para
tentar compensar o empobrecimento de seu elenco. Robert e André Luiz foram, em princípio, ótimas contratações. Quanto a Jamelli, prefiro esperar para ver.
O problema é que o lado esquerdo do time tende a ficar congestionado. Kléber, André Luiz, Robert, Jorge Wagner e Gil correm o
risco de trombar uns com os outros, enquanto Rogério padece de
solidão no lado direito. A solução,
aparentemente, será deslocar o
mais versátil Robert para o lado
direito. Geninho que se vire.
Caminho certo
Valeu a pena assistir de madrugada ao VT da vitória brasileira
sobre os EUA, na Copa Ouro. A
equipe de Ricardo Gomes mostrou muita disposição, muito
talento e um crescente entrosamento. Falta corrigir muita coisa, mas é um começo animador
com vista aos Jogos Olímpicos
de Atenas-2004.
Maluco beleza
O gol de cabeça do goleiro
Eduardo, do Atlético-MG, foi
um desses momentos que fazem do futebol o esporte mais
apaixonante do mundo. Mais
que o cálculo e o planejamento,
muitas vezes o que conta é a intuição. O garoto não se importou com os que o chamavam de
maluco enquanto atravessava o
campo rumo à área adversária.
Ele disse: "Eu vou". Foi, viu e
venceu.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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