São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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Ronaldinho faz inédito papel de "vovô"

Aos 28 anos, pela primeira vez meia-atacante é o mais velho em um grupo da seleção brasileira, principal ou olímpica

"Eles são jovens, mas já fizeram muita coisa no futebol, e me sinto igual a eles", afirma o atleta, que pega Cingapura na segunda


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

Na segunda-feira, quando entrar em campo para enfrentar a frágil equipe de Cingapura em partida amistosa, Ronaldinho, 28, será o mais velho de uma seleção brasileira, olímpica ou principal, pela primeira vez na sua vida.
Já foram 107 jogos por esses dois times nacionais nos últimos nove anos. O meia-atacante por muitas vezes era o caçula. Na primeira vez que disputou a Olimpíada, em Sydney-2000, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, tinha 20 anos, ou três abaixo do que limita o regulamento dos Jogos. Do time titular que começou a Copa do Mundo da Alemanha, dois anos atrás, só Adriano e Kaká eram mais jovens que o jogador contratado pelo Milan.
"É diferente. Mas esqueço isso quando estou lá dentro. Eles [os companheiros de time olímpico] são jovens, mas já fizeram muita coisa no futebol, me sinto igual a eles. Mas é uma experiência nova", declarou Ronaldinho sobre a sua estréia como "vovô" vestindo a camisa da seleção brasileira.
Convocado por Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, o jogador do Milan é agora elogiado pelo técnico Dunga, que antes dizia que só iria convocá-lo de novo quando ele voltasse a jogar por um clube -Ronaldinho, que trocou recentemente o espanhol Barcelona pelo italiano Milan, não disputa uma partida oficial desde março passado.
"Ele está feliz, e isso é importante", falou Dunga, que deve dar a tarja de capitão do time na Olimpíada para seu conterrâneo de Rio Grande do Sul.
Ronaldinho está hoje claramente mais magro do que há cerca de duas semanas, quando usou roupas largas em um evento publicitário em São Paulo e não falou qual era seu peso. Ele vem agüentando bem as sessões de treinos mais duras de uma seleção brasileira nos últimos anos.
Mas não fala a mesma língua de Paulo Paixão, o preparador físico da seleção e que o conhece desde garoto, sobre quando vai atingir sua melhor forma.
"O Ronaldo só vai atingir o auge no Milan, durante a temporada. Aqui ele não vai estar 100%, mas um jogador da sua excelência pode resolver uma partida estando 50%", disse Paixão, que atribui o corpo mais esbelto do astro a uma alimentação melhor e um programa de treinamento no lugar das férias e da inatividade.
Já o jogador vê como muito próxima a forma ideal.
"Falta muito pouco para estar 100%. Estou evoluindo a cada dia. Estou indo muito bem nos treinos", analisou Ronaldinho, que ontem foi escalado por Dunga para jogar no ataque ao lado de Alexandre Pato, com quem também vai formar dupla clube de Milão.
"Não tem problema nenhum. Já fiz essas duas funções [meia ou atacante]. Onde o Dunga achar melhor, estarei preparado", falou o jogador.
Em Cingapura, Ronaldinho é o centro das atenções. Ontem, na volta para o hotel após o treino da tarde, uma cena inusitada: num salão, acontecia um casamento. Quando ele saiu do ônibus e entrou no saguão do hotel, a maioria dos convidados deixou a festa em busca de autógrafos e fotos com o mais velho da seleção olímpica.
Depois de enfrentar Cingapura, a seleção viajará para Hanói, onde fará outro amistoso, contra o anfitrião Vietnã.


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