São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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Mulher brasileira em 1º lugar



Saltadora, triatleta e atiradora são destaques no fim-de-semana do Pan de Winnipeg
France Presse/Folha Imagem
Com unhas de verde e amarelo, Maurren Maggi festeja o salto que deu 1º ouro ao Brasil no Pan


EDGARD ALVES
enviado especial a Winnipeg

Três mulheres são até agora os destaques do Brasil no Pan-Americano de Winnipeg. A saltadora Maurren Higa Maggi, a triatleta Carla Moreno e a atiradora Janice Pereira apareceram como uma espécie de comissão de frente da delegação brasileira no Canadá.
Maurren arrebatou a primeira medalha de ouro da delegação ao vencer a prova de salto em distância, com a marca de 6,59 m.
Ela já detinha a melhor marca do mundo neste ano, com os 7,26 m que saltou em Bogotá, na Colômbia, no Sul-Americano.
Com unhas de verde e amarelo, usando brincos com a bandeira brasileira e o número 13, exibindo um corpo musculoso e revelando um cachorrinho de pelúcia que considera seu amuleto, Maurren tornou-se uma das grandes estrelas do fim-de-semana no atletismo, exatamente a modalidade que mais interesse tem despertado nos torcedores.
"Estava nervosa na véspera e perdi duas horas pintando as unhas. O 13 é como o do técnico Zagallo", declarou, após o ouro e antes de falar, por um celular, com a família em São Carlos (SP).
Carla Moreno não levou o ouro, e sim a prata, no triatlo. Mas foi festejada como a primeira atleta a carimbar, neste Pan, o passaporte para a Olimpíada-2000. Ela será, aliás, a primeira atleta brasileira a competir em Sydney -o triatlo feminino abrirá o megaevento.
"Cumpri a minha meta de garantir a vaga olímpica. Espero representar muito bem o país", afirmou a brasileira, que terminou à frente da norte-americana Karen Smyers, que, de tão favorita ao ouro, havia desfilado como porta-bandeira da delegação do país no desfile de abertura do Pan.
Para completar a prova em Winnipeg, ela teve de cobrir 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida -e muitos aborrecimentos.
Quatro dias antes de viajar para Winnipeg, Carla teve sua bicicleta roubada e por pouco não desistiu do Pan. Fabricada sob medida, a bicicleta foi recuperada na véspera do embarque para o Canadá, e ela confirmou sua participação.
A viagem, porém, traria uma nova surpresa. Malas e bicicletas da equipe ficaram extraviadas por algumas horas.
No sábado, primeiro dia de disputas do Pan depois das solenidades de abertura, um erro nos registros do sistema de computação dos Jogos, também colocou em evidência outra mulher brasileira, a atiradora Janice Teixeira.
O sistema chegou a apontar Janice como ganhadora de uma medalha de prata nas competições de tiro (trap), informação corrigida mais tarde. Na verdade, ele ficou em quinto lugar na prova que teve cinco concorrentes de três países (mais EUA e Canadá).
Mas a confusão do "caso Janice" não ficou apenas nessa falha. Ela havia chegado pela manhã a Winnipeg e logo seguiu para o estande de tiro. Virou notícia porque não integrava a delegação brasileira. Tinha vindo a convite dos organizadores, que programaram a prova, coincidindo com o Pan, apenas como seletiva olímpica.
"Vamos apurar isso detalhadamente com os representantes do tiro, porque, mesmo para um seletiva olímpica, o COB tinha que ter recebido relatórios da confederação brasileira", afirmou Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.


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