São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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Os Trapalhões levam Luizão à artilharia

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas


Nada de muito excitante na primeira rodada do Brasileirão.
Houve, claro, a goleada espetacular do São Paulo sobre o Atlético Mineiro (com a ressurreição inesperada de Souza), a expressiva vitória do Santos no Paraná (com a ressurreição de Dodô) e a característica virada corintiana sobre o Gama. Se bem que, neste último caso, a vitória alvinegra -que colocou o estreante Luizão na artilharia isolada do torneio- contou com a ajuda decisiva dos Trapalhões, escalados para compor a defesa do Gama.
O que mais chamou a atenção, de resto, na partida realizada em Brasília, foi o estado miserável do gramado do estádio Mané Garrincha. Se houver outros pastos como aquele espalhados por aí, o Brasileirão está seriamente ameaçado.
Em compensação, um fato animador: só um jogo (Sport x Vasco) terminou sem gols.
  Quem viu a estréia do Brasil na Copa das Confederações, no sábado, deve ter custado a crer que nosso adversário era a outrora poderosa Alemanha, tricampeã do mundo. Um time sem técnica, sem imaginação e sem vontade. E com o tradicional vigor físico sensivelmente prejudicado pelo calor mexicano do meio-dia.
Não me acusem de estar diminuindo o adversário para desmerecer a sonora goleada brasileira, a mais elástica da história dos confrontos entre as duas seleções.
A intenção é apenas colocar as coisas em perspectiva, evitando o oba-oba da TV, que tratou a vitória como a conquista de uma Copa do Mundo.
Observando o jogo com frieza, a conclusão óbvia é a de que o Brasil do segundo tempo foi completamente diferente e superior ao do primeiro. Por quê?
No meu modo de ver, porque jogar com três volantes contra uma equipe cuja única opção ofensiva pareciam ser os contra-ataques é um excesso de prudência.
Sobretudo se levarmos em conta que o forte do único meia ofensivo escalado, Zé Roberto, não é a criação, nem a visão de jogo, e sim a condução da bola, o drible, a troca de passes curtos.
Ou seja, faltava criatividade, imaginação e visão de jogo no meio campo brasileiro, o que deixava órfãos os dois atacantes, Ronaldinho e Christian.
No segundo tempo, com a entrada de Alex e Warley, o time ganhou velocidade, movimentação e toque de bola no setor. Os gols surgiram naturalmente, e a goleada poderia ser até maior.
Alex, um dos destaques do segundo tempo, mostrou, entretanto, sua principal limitação: a falta de força física para o arranque no momento da definição. Perdeu uma chance de gol por causa disso e, mesmo no belo gol que fez driblando o goleiro, deixou o torcedor apreensivo com a possibilidade de um zagueiro chegar a tempo de tirar-lhe a bola.
Warley, por sua vez, entrou com o pé direito. Sofreu pênalti, deu passe para gol, dinamizou o ataque. É mais um garoto que vem para brigar por uma vaga nas Olimpíadas de 2000.
O leitor deve estar estranhando que não falei de Ronaldinho. Mas o futebol do moleque fala por si.
Sábado ele fez de tudo: lançamento, passe, drible, gol. Tudo com beleza, alegria e muita competência.
No pênalti, mostrou tranquilidade e categoria para corrigir o erro na cobrança aproveitando espertamente o rebote do goleiro.
Ronaldinho já não é uma promessa. É um craque consumado.


José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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