|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Os Trapalhões levam Luizão à artilharia
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Nada de muito excitante na primeira rodada do Brasileirão.
Houve, claro, a goleada espetacular do São Paulo sobre o Atlético Mineiro (com a ressurreição
inesperada de Souza), a expressiva vitória do Santos no Paraná
(com a ressurreição de Dodô) e a
característica virada corintiana
sobre o Gama. Se bem que, neste
último caso, a vitória alvinegra
-que colocou o estreante Luizão
na artilharia isolada do torneio- contou com a ajuda decisiva dos Trapalhões, escalados
para compor a defesa do Gama.
O que mais chamou a atenção,
de resto, na partida realizada em
Brasília, foi o estado miserável do
gramado do estádio Mané Garrincha. Se houver outros pastos
como aquele espalhados por aí, o
Brasileirão está seriamente
ameaçado.
Em compensação, um fato animador: só um jogo (Sport x Vasco) terminou sem gols.
Quem viu a estréia do Brasil na
Copa das Confederações, no sábado, deve ter custado a crer que
nosso adversário era a outrora
poderosa Alemanha, tricampeã
do mundo. Um time sem técnica,
sem imaginação e sem vontade. E
com o tradicional vigor físico sensivelmente prejudicado pelo calor
mexicano do meio-dia.
Não me acusem de estar diminuindo o adversário para desmerecer a sonora goleada brasileira,
a mais elástica da história dos
confrontos entre as duas seleções.
A intenção é apenas colocar as
coisas em perspectiva, evitando o
oba-oba da TV, que tratou a vitória como a conquista de uma Copa do Mundo.
Observando o jogo com frieza, a
conclusão óbvia é a de que o Brasil do segundo tempo foi completamente diferente e superior ao
do primeiro. Por quê?
No meu modo de ver, porque jogar com três volantes contra uma
equipe cuja única opção ofensiva
pareciam ser os contra-ataques é
um excesso de prudência.
Sobretudo se levarmos em conta
que o forte do único meia ofensivo escalado, Zé Roberto, não é a
criação, nem a visão de jogo, e
sim a condução da bola, o drible,
a troca de passes curtos.
Ou seja, faltava criatividade,
imaginação e visão de jogo no
meio campo brasileiro, o que deixava órfãos os dois atacantes, Ronaldinho e Christian.
No segundo tempo, com a entrada de Alex e Warley, o time ganhou velocidade, movimentação
e toque de bola no setor. Os gols
surgiram naturalmente, e a goleada poderia ser até maior.
Alex, um dos destaques do segundo tempo, mostrou, entretanto, sua principal limitação: a falta
de força física para o arranque no
momento da definição. Perdeu
uma chance de gol por causa disso e, mesmo no belo gol que fez
driblando o goleiro, deixou o torcedor apreensivo com a possibilidade de um zagueiro chegar a
tempo de tirar-lhe a bola.
Warley, por sua vez, entrou com
o pé direito. Sofreu pênalti, deu
passe para gol, dinamizou o ataque. É mais um garoto que vem
para brigar por uma vaga nas
Olimpíadas de 2000.
O leitor deve estar estranhando
que não falei de Ronaldinho. Mas
o futebol do moleque fala por si.
Sábado ele fez de tudo: lançamento, passe, drible, gol. Tudo
com beleza, alegria e muita competência.
No pênalti, mostrou tranquilidade e categoria para corrigir o
erro na cobrança aproveitando
espertamente o rebote do goleiro.
Ronaldinho já não é uma promessa. É um craque consumado.
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados
E-mail: jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: Atletas são atração fora do esporte Próximo Texto: Futebol: Luizão faz 4 gols, e Corinthians vence Índice
|