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VELA
Favorito acaba em 4º e se queixa de azar, enquanto equipe fala em excesso de pressão
Sem medalha, Bimba culpa TV e helicóptero e deseja 2008
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A probabilidade era remota. O
velejador britânico precisava vencer, e Ricardo Winicki Santos
completar a derradeira regata da
classe mistral fora do grupo dos 15
primeiros. Só esse cenário deixaria o brasileiro sem medalha.
Aconteceu. Bimba largou bem
ontem, mas, depois, foi ultrapassado pelos rivais. Terminou a prova na 17ª posição. Nick Dempsey,
o competidor que não poderia
chegar em primeiro, triunfou.
Classificação final do Brasil:
quarto lugar, o desfecho mais
inesperado da delegação em Atenas. "Claro que fico desapontado
pelas circunstâncias, mas minha
atuação na Olimpíada foi ótima.
Em Sydney, terminei em 15º. Agora estou em quarto. Faltou sorte."
O ouro acabou nas mãos do israelense Gal Fridman, primeiro
atleta do país a alcançar o título de
campeão em Jogos. Nikos Kaklamanakis, da Grécia, levou a prata.
Dempsey fechou o pódio.
Fora dele, Bimba questionou
critérios da organização. Disse
que a regata não poderia ser realizada sem vento. "Uma medalha
não pode ser decidida assim. A
organização informou que, quando a TV transmite a prova, eles fazem tudo para largar na hora.
Competimos quase sem vento."
Sobrou ainda para os helicópteros que captavam as imagens da
prova. "Eles produzem rajadas de
vento que fazem a diferença.
Quem aproveitou se deu bem."
Bimba não aproveitou. E deixou
escapar a chance de colocar sua
classe, que considera desprestigiada na vela brasileira, em posição de destaque . Até aqui, só o
paulista Robert Scheidt obteve
uma medalha -ouro na laser.
Natural do Rio, Bimba aprendeu a velejar na prancha com o
pai, André, e depois foi lapidado
pelo marinheiro José Fernando
Ermel. Apesar do revés, disse que
continua na categoria e quer chegar até os Jogos de Pequim-2008.
"Não vou desanimar. Já vi muita gente sair do zero e mostrar
uma grande recuperação em quatro anos", diz, citando a trajetória
do atacante Ronaldo entre a Copa
de 98 e o Mundial de 2002.
O final de sua caminhada na
Grécia foi tão complicado quanto
o começo. Antes do início do torneio, ele enfrentou um problema
nada corriqueiro. Os equipamentos que havia preparado no Brasil
para adaptar sua embarcação às
condições do mar local não chegaram a Atenas. "Precisei improvisar algo por aqui", explica.
A derrota de Bimba ecoou no
resto da delegação. "Botaram
muita pressão em um garoto de
23 anos. Não pode ser assim. Antes do fim, ninguém ganha nada",
diz Torben Grael, 44, líder da classe star com Marcelo Ferreira e
mais velho integrante da seleção.
Quem também ficou surpreso
foi Lars Grael, que está em Atenas
como diretor técnico da equipe.
"Nem fui acompanhar a regata
para não pressioná-lo. Precisamos rever tudo para descobrir
onde ocorreram erros."
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