São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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VELA

Favorito acaba em 4º e se queixa de azar, enquanto equipe fala em excesso de pressão

Sem medalha, Bimba culpa TV e helicóptero e deseja 2008

GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A probabilidade era remota. O velejador britânico precisava vencer, e Ricardo Winicki Santos completar a derradeira regata da classe mistral fora do grupo dos 15 primeiros. Só esse cenário deixaria o brasileiro sem medalha.
Aconteceu. Bimba largou bem ontem, mas, depois, foi ultrapassado pelos rivais. Terminou a prova na 17ª posição. Nick Dempsey, o competidor que não poderia chegar em primeiro, triunfou.
Classificação final do Brasil: quarto lugar, o desfecho mais inesperado da delegação em Atenas. "Claro que fico desapontado pelas circunstâncias, mas minha atuação na Olimpíada foi ótima. Em Sydney, terminei em 15º. Agora estou em quarto. Faltou sorte."
O ouro acabou nas mãos do israelense Gal Fridman, primeiro atleta do país a alcançar o título de campeão em Jogos. Nikos Kaklamanakis, da Grécia, levou a prata. Dempsey fechou o pódio.
Fora dele, Bimba questionou critérios da organização. Disse que a regata não poderia ser realizada sem vento. "Uma medalha não pode ser decidida assim. A organização informou que, quando a TV transmite a prova, eles fazem tudo para largar na hora. Competimos quase sem vento."
Sobrou ainda para os helicópteros que captavam as imagens da prova. "Eles produzem rajadas de vento que fazem a diferença. Quem aproveitou se deu bem."
Bimba não aproveitou. E deixou escapar a chance de colocar sua classe, que considera desprestigiada na vela brasileira, em posição de destaque . Até aqui, só o paulista Robert Scheidt obteve uma medalha -ouro na laser.
Natural do Rio, Bimba aprendeu a velejar na prancha com o pai, André, e depois foi lapidado pelo marinheiro José Fernando Ermel. Apesar do revés, disse que continua na categoria e quer chegar até os Jogos de Pequim-2008.
"Não vou desanimar. Já vi muita gente sair do zero e mostrar uma grande recuperação em quatro anos", diz, citando a trajetória do atacante Ronaldo entre a Copa de 98 e o Mundial de 2002.
O final de sua caminhada na Grécia foi tão complicado quanto o começo. Antes do início do torneio, ele enfrentou um problema nada corriqueiro. Os equipamentos que havia preparado no Brasil para adaptar sua embarcação às condições do mar local não chegaram a Atenas. "Precisei improvisar algo por aqui", explica.
A derrota de Bimba ecoou no resto da delegação. "Botaram muita pressão em um garoto de 23 anos. Não pode ser assim. Antes do fim, ninguém ganha nada", diz Torben Grael, 44, líder da classe star com Marcelo Ferreira e mais velho integrante da seleção.
Quem também ficou surpreso foi Lars Grael, que está em Atenas como diretor técnico da equipe. "Nem fui acompanhar a regata para não pressioná-lo. Precisamos rever tudo para descobrir onde ocorreram erros."


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