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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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Craque do tapetão marca contra e a favor no BR-03


Advogada que tirou e deu pontos para a Ponte Preta no STJD prevê que Brasileiro de asteriscos repetirá 1999 e terminará na Justiça comum


MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasileiro dos pontos corridos ganhou asteriscos, e quem os deu foi a advogada Vera Otero, 43.
Ela é carioca, vascaína e está invicta no Nacional. Com o seu trabalho, mudou duas vezes a tabela de classificação e se prepara para provocar uma mudança maior.
Otero é advogada do Juventude, que no início do campeonato ganhou no tapetão os pontos que havia perdido para a Ponte Preta. Nesta semana, contratada pelo time de Campinas, ela devolveu os pontos com a sua vitória sobre o Paysandu no mesmo STJD.
Agora Otero se prepara para recuperar os pontos perdidos pelo Juventude para o Goiás.
Presente nas três celeumas que podem afetar o mais longo Brasileiro da história, a advogada empurrou para os clubes a responsabilidade pelas consequências que o tapetão pode vir a causar. "Eu não sou responsável por nada. Trabalho para os clubes."
Mas foi a atuação de Otero que trouxe para o campeonato uma figura ausente desde 1999, quando o São Paulo foi condenado pela escalação de Sandro Hiroshi -o Botafogo recuperou os pontos da goleada sofrida para os são-paulinos, e a mudança na tabela provocou o rebaixamento do Gama.
A decisão detonou o "caso Gama". Por causa das determinações da Justiça comum, o Nacional-00 foi inchado e reuniu 25 times na Série A -incluindo Fluminense, Bahia e América-MG.
Desde então, o STJD não punia times da primeira divisão do Brasileiro com a perda de pontos.
"Isso é um "déjà vu" de 1999. O Brasileiro daquele ano foi uma confusão, e o deste, pelo andar da carruagem, vai ser igual. Acho que o campeonato não vai acabar bem. Ou não vai começar bem em 2004. A Justiça comum vai ser utilizada por alguns para rearranjar a tabela" , afirmou Otero.
Apesar de vislumbrar uma reviravolta no campeonato, a advogada não acredita que a Justiça esportiva seja um meio desabonador. "Todo mundo que tem seus direitos agredidos deve acionar a Justiça. Os clubes também."
Ex-funcionária da CBF, viúva, Otero se divide entre os processos de Ponte, Juventude, Atlético-MG e Criciúma e os de seus clientes da área cível. Mora com a mãe, trabalha em um escritório no centro do Rio e tem poucos amigos no esporte -só a turma que se reúne na arquibancada de São Januário.
Mas a advogada quer distância dos dirigentes de sua cidade. "Não trabalho com os times daqui. Eles não pagam. Pensam que advocacia é filantropia", explica.
Marco Antônio Eberlim, vice-presidente da Ponte, que conheceu Otero quando seu time perdeu pontos para o Juventude, disse estar satisfeito com a contratação da advogada. "Tínhamos outro advogado no início do ano. Ela nos foi recomendada por pessoas de lá. Resolvemos contratá-la porque ela é muito boa e mora no Rio, o que facilita as coisas."
Advogadas no meio esportivo não são um fenômeno novo. Já há alguns anos, a paulista Gislaine Nunes ganhou fama ao atuar na relação jogador-clube. Seu último feito foi obter a penhora provisório do Parque São Jorge em ação trabalhista movida por Luizão.


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