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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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BOXE

Seja você o jurado

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

É isso mesmo.
Você aí, sentado em frente à TV, com o controle remoto em uma mão, a latinha de cerveja na outra, e o pacote de salgadinhos do lado, pode ser o jurado.
Resultados polêmicos, como os que aconteceram nas últimas semanas (Shane Mosley x Oscar de la Hoya, exibido pela TV, e Chris Byrd x Fres Oquendo), e o fato de as lutas de Popó agora se estenderem por mais assaltos tornam interessante saber a forma de calcular as pontuações, como apntou minha colega Marília Ruiz.
É assim: você tem de definir o vencedor de cada assalto individualmente, de modo que eles devem ser considerados minilutas.
Seria errado analisar um combate como um todo (por isso uma luta apertada, mas cujos assaltos sempre têm o mesmo vencedor, pode ter pontuação de 120 a 108).
Ao término da luta, caso esta não acabe por nocaute, as pontuações dos assaltos de cada um dos pugilistas devem ser somadas. Quem tiver mais é o vencedor.
Mas... Quem está ganhando?
Os conceitos utilizados no julgamento das lutas são o ataque, a eficiência, a defesa e a técnica.
A agressividade deve ser privilegiada no julgamento de uma luta, mas apenas se os golpes são eficientes, ou seja, atingem com clareza o adversário (e não sua defesa) e são fortes, causam dano.
Assim, no boxe profissional, diferentemente do que acontece no amadorismo, vale mais um golpe forte, que abala o oponente, do que um monte de socos fracos, que só resvalam no adversário.
A defesa é o bloqueio de golpes, jogo de perna, movimento e esquivas, não clinches e agarrões.
O quarto, e o mais obscuro dos quatro conceitos, é a técnica.
É quando você percebe quem controla a ação, quem está pensando, frustrando o adversário e fazendo ele sair de seu jogo.
Mas... Como é a pontuação?
O vencedor de um assalto recebe 10 pontos. O perdedor, 9.
Caso o juiz reconheça uma queda, é automaticamente de 10 a 8.
Essa contagem também pode acontecer quando um boxeador obtém o domínio total do assalto.
Quando há duas quedas, a vantagem deve ser de 10 a 7. E, nas raríssimas oportunidades quando há três quedas, de 10 a 6.
O empate dos assaltos, em 10 a 10 (quando não é encontrado vencedor), não é recomendado.
Pontos apenas podem ser deduzidos por golpes baixos ou alguma outra falta quando o árbitro as reconhece. Os jurados não têm o poder de, independentemente, retirar pontos dos pugilistas.
Mas... Como faço nos assaltos?
Assim que o gongo soar anunciando o início do assalto, inicie mentalmente um placar. Assim que um boxeador acertar um golpe no adversário, por mais fraco que seja, dê a vantagem a ele.
Caso este siga como agressor eficiente no restante desse assalto, aumente ainda mais a margem de sua vantagem. No entanto, se o oponente responder e ultrapassá-lo, diminua a diferença ou, se for o caso, coloque-o à frente no placar. Ajuste-o permanentemente até o gongo encerrar o assalto.
Repita o procedimento nos assaltos seguintes e some o total ao fim do combate. Boa decisão!

Papeleta 1
Se você está fazendo a marcação, é importante manter a concentração. Isso significa não bater papo e, se possível, reduzir o som da TV.

Papeleta 2
As estatísticas fornecidas pelas TVs servem como um instrumento a mais no julgamento das lutas, não como um raio-X destas.

Papeleta 3
Assistindo pela TV é mais difícil julgar a potência de um golpe.

Papeleta 4
A agressividade deve ser das mãos, e não dos pés. Apenas caminhar na direção do adversário sem soltar as mãos não significa nada.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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