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Pivô de escândalo diz que há mais juízes suspeitos
Edilson Pereira de Carvalho afirma à PF que grupo que fraudava jogos ofertou suborno a outros árbitros
ADALBERTO LEISTER FILHO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Edilson Pereira de Carvalho, 43,
revelou, em depoimento prestado
à Polícia Federal, que houve tentativa de suborno de outros juízes
pelo grupo que fraudava resultados de jogos para se beneficiar de
apostas em sites ilegais.
Segundo o testemunho do árbitro, ao qual a Folha teve acesso,
Paulo José Danelon era amigo de
Wanderlei, um dos aliciadores do
esquema, e recebeu proposta para
favorecer determinadas equipes.
"Danelon (...) falou que não
aceitou proposta de alteração de
resultado (...), mas no entanto, na
sua visão de árbitro em alguns jogos que o interrogado assistiu
constata-se a possível conduta
suspeita da arbitragem presidida
por Danelon", contou Carvalho,
em seu depoimento anteontem.
Outro citado no depoimento é
Romildo Corrêa, também de São
Paulo, que apitou quatro jogos no
Brasileiro. O juiz teria recebido
oferta de Wanderlei, mas Carvalho desconhece se aceitou.
O árbitro detido concordou em
fazer delação premiada, pela qual
colabora com as investigações e
pode ter sua pena abrandada.
O Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado
do Ministério Público confirmou
à Folha que suspeita de outros árbitros. Mas não quis revelá-los.
"O Romildo é um dos mencionados. Mas temos que ter cuidado. Às vezes aparecem nomes que
não necessariamente entraram
no esquema. Acredito que alguns
disseram não", disse o promotor
Roberto Porto. Procurados ontem pela reportagem, Danelon e
Corrêa não foram localizados.
Segundo o Gaeco, o grupo promovia fraudes ao menos desde
outubro. Carvalho só entrou no
esquema neste ano. A Folha apurou, porém, que outros juízes podem ter atuado para o grupo desde o Brasileiro do ano passado.
"Era uma quadrilha especializada em cooptar árbitros. O Edilson
com certeza foi cooptado. O Danelon também. Outros nomes foram mencionados, mas não necessariamente pertencem ao esquema", afirma Porto.
Carvalho e Nagib Fayad, conhecido como Gibão, que coordenava as apostas em sites ilegais, foram presos anteontem na Operação Atenas, desenvolvida pela PF.
Gibão agiria em conluio com três
donos de casas de bingo, cujos
nomes são mantidos sob sigilo.
O empresário e o árbitro estão
detidos na sede da PF em São
Paulo, na Lapa (zona oeste). Fayad ainda não foi ouvido pela polícia. Seu depoimento deve ser
realizado hoje, às 14h.
O Gaeco ainda pesquisa evidências sobre a participação de outros árbitros em cerca de 20 mil
horas de gravações de conversas
colhidas durante cinco meses de
escuta telefônica. O próximo passo do inquérito policial será a quebra do sigilo fiscal e bancário pelo
menos de Carvalho e Fayad.
"Não descartamos a hipótese de
haver outros árbitros envolvidos.
Por enquanto temos certeza do
Edilson e do Danelon", diz Porto.
Como resultado da revelação do
escândalo de arbitragem, quatro
dos oito clubes ouvidos pela Folha acreditam que o Brasileiro sofrerá contestações no Superior
Tribunal de Justiça Desportiva
-a maioria das equipes se encontra na zona de rebaixamento.
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