São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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AUTOMOBILISMO

Italiano dá primeiro título à Renault, minimiza recorde de Alonso e diz que só temeu a chuva na prova

Briatore volta ao topo com frieza e xingos

DA REPORTAGEM LOCAL

Exatos dez anos após celebrar a conquista de Michael Schumacher na Benetton, o italiano Flavio Briatore voltou a comemorar, ontem, o título mundial de um piloto de sua equipe.
Renegando a fama de playboy e fanfarrão, Briatore, 55, teve picos de 14 horas diárias de trabalho durante os momentos críticos do campeonato, quando a Renault parecia ser superada pela McLaren. "Foi muito difícil", limitou-se a dizer, após a bandeirada que selou o título de Fernando Alonso.
Demonstrando mais alívio que felicidade, Briatore abusou dos palavrões após a chegada. Não foi efusivo ao cerrar os punhos ao ver o pupilo receber a bandeirada. Agiu com frieza, ao contrário de 1995, quando ergueu Michael Schumacher nos ombros ao sacramentar o campeonato no circuito de Aida, no Japão, durante o GP do Pacífico.
"A McLaren teve o melhor carro em alguns momentos, mas isso não nos deixou em pânico. Tivemos frieza para corrigir as deficiências e melhorar nossos pontos fortes", seguiu o italiano, que começou a trabalhar na F-1 em 1988, deixando o cargo de representante dos negócios da família Benetton nos EUA. "Não entendia nada de corridas. Precisei aprender tudo."
Apesar da inexperiência, os resultados vieram rápido: em 1989, a Benetton rompeu um jejum que durava três anos e voltou a vencer na categoria, com o piloto italiano Alessandro Nannini, no GP do Japão, em Suzuka.
Foi Briatore quem bancou a entrada de Fernando Alonso na F-1, em 2001, na Minardi.
Empresário do espanhol desde quando o piloto tinha 19 anos e corria na F-3000, Briatore foi além: colocou Alonso na Renault, em 2002, como piloto de testes. Em 2003, o espanhol já era titular do time francês.
"Ele sempre me impressionou pela maturidade. Mesmo muito jovem, tinha um comprometimento enorme", seguiu o italiano, que refuta comparações entre o novo campeão e Schumacher. "Acho que Alonso erra menos do que Michael errava."
O chefe da Renault minimizou o recorde de precocidade do espanhol, mais jovem campeão da história. "Bom para ele."
Cumprimentado por Ron Dennis, Bernie Ecclestone e Jean Todt enquanto Alonso se dirigia ao pódio, Briatore fez questão de elogiar seus principais técnicos. "Nossas duas unidades, na França e na Inglaterra, tiveram uma harmonia enorme."
Sobre a corrida de ontem, ele só demonstrou preocupação com a chance de chuva. "Ainda bem que ela veio depois." O italiano agora tem novo objetivo: dar mais atenção a seus outros negócios, como a boate que comanda em Saint-Tropez, chamada "Billionaire".
(FÁBIO SEIXAS, TALES TORRAGA E TATIANA CUNHA)

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