São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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Luto marca a última Copa da Fifa na Casa de Detenção de São Paulo

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Presos da Casa de Detenção rezam antes da final da Copa Laborterápica, que teve 3,1 gols por jogo


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior presídio de São Paulo assistiu ontem à última final de seu maior campeonato de futebol.
Realizada sob uma temperatura de quase 30C, em pleno sol do meio-dia, com promoção da Fifa (Federação Interna de Futebol Amador), a decisão da Copa Laborterápica entre os pavilhões 2 e 5 da Casa de Detenção teve tudo o que se espera de uma final: jogo acirrado, muitos gols e público. E ganhou outro ingrediente, o luto.
Após ser adiado por mais de três vezes em razão das chuvas e de medidas de segurança, o último confronto da 15ª edição do torneio reuniu no campo de terra batida do pavilhão 8 mais de 500 detentos, que silenciaram nas orações feitas antes e depois do jogo.
No uniforme, a tarja preta indicava o luto por Leandro Xavier, 21, o Perninha, detento morto há um mês (causa desconhecida) -ele tinha uma perna amputada e, mesmo de muletas, jogava e dirigia um dos times do torneio.
Apitada por membros da Federação Paulista de Futsal, que recebem a simbólica taxa de um maço de cigarro por jogo, a partida confrontou detentos de duas regiões da cidade, a zona leste (pavilhão 5) e a zona oeste (pavilhão 2).
O pavilhão 2 fez 4 a 2 no rival e sagrou-se campeão pela quarta vez -igualou os pavilhões 8 e 9.
O destaque do jogo foi Deivid de Santana, 21, autor de um gol e que já cumpriu três anos da pena de cinco anos e oito meses por assalto. "O título faz esquecer a lentidão da Justiça. Tem muita gente aqui presa só por isso. E rezamos para que o esporte não acabe."
Mas a taça, doada pela Federação Paulista de Futebol, pode ser a última da Copa Laborterápica, que homenageia a laborterapia -na qual presos trabalham três dias e reduzem em um a pena- e não ocorrerá em 2002 caso a desativação da cadeia se concretize.


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