São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Máscara e tenebrosas transações

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

São Paulo e São Caetano fazem amanhã um jogo importantíssimo. Os dois times paulistas estão totalmente na disputa pelo título, empatados a apenas quatro pontos do líder Atlético-PR, que hoje pega o Goiás fora de casa, num jogo difícil, que poderá embolar ainda mais a disputa.
Há um tempo isso poderia soar estranho, mas agora já podemos enquadrar São Paulo e São Caetano na categoria "clássico". No mínimo, um clássico em construção. Sinal dos tempos.
 
Sinal dos tempos também é a parceria negociada entre a direção do Corinthians e a Media Sports Investment (MSI), presidida pelo iraniano Kia Joorabchian, homem de muitas faces, cujo sócio, o magnata Boris Berezovski, é um russo refugiado em Londres que se pisar de novo em seu país vai em cana.
Seria mesmo de estranhar que o típico dirigente brasileiro fosse se preocupar com a origem do dinheiro ou com a qualidade dos investidores. Com o clube de pires na mão, o presidente com o nome empenhado em dívidas e um monte de gente querendo bicar, o poder de atração do din-din torna-se fatal.
A única preocupação dos ultra-pragmáticos (digamos assim) favoráveis à tenebrosa transação é garantir que a gaita realmente entre -o tipo do receio que uma boa antecipação já resolve.
O resto, amigos do esporte, é literatura.
 
José Geraldo Couto retomou o tema da máscara, presente de longa data em nosso futebol.
Acredito que há tipos diferentes de máscara. O mascarado não é necessariamente um encrenqueiro, na linha de Edmundo e Romário. Pode ser boa gente.
O mascarado clássico aparece dentro de campo: é o cara que visivelmente "tá se achando", tenta inventar a toda hora, faz firula à toa, não tem a menor dúvida de que é o tal, tem certeza de que não tem para ninguém e comporta-se em alguns momentos como se ele fosse dos profissionais e o resto da equipe de juniores.
A máscara tem uma expressão com significado análogo no futebol: o salto alto. Mas o salto alto é mais usado em sentido coletivo, quando um time, como um todo, veste a máscara e entra em campo todo cheio de bolinhas passadas de rosca, passinhos de calcanhar, achando que já ganhou.
Adoro a expressão "tropeçar nas fitinhas da máscara", que Nelson Rodrigues usava. Lembro sempre daquelas máscaras de "luxo" do Carnaval carioca dos tempos do Bornay e da "Manchete", enormes, reluzentes e com aquelas fitinhas penduradas...
Usei a expressão para comentar a atuação de Ronaldinho contra a Colômbia. Tava se achando muito -e não fez nada. O que salva o mascarado da crítica, ou o que faz com que ele não seja chamado dessa forma, é justamente o resultado da partida. Mascarado que dá show é cracaço. Quando erra e não mostra humildade... é mascarado! A galera não perdoa.

Flamengo x Vasco
O clássico dos desesperados no Rio levou mais gente ao Maraca do que São Paulo x Santos ao Morumbi. É a força dos times de massa, mesmo em má situação, e da histórica rivalidade do futebol carioca.

Palmeiras x Botafogo
Botafogo e Palmeiras voltam a se enfrentar e, como da outra vez, em situações bem distintas. O campeão da Série B está a 7 pontos do líder e o vice, a 29. Está feia a coisa para o Glorioso.

Leão Tricolor
Quando a fase é boa, acontece de tudo. Até gol sem querer do Grafite. Leão está dizendo ao que veio no Tricolor. Quem (como o locutor que vos fala) tinha impressão de que seria difícil aparecerem resultados tem que dar a mão à palmatória.

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