|
Texto Anterior | Índice
FUTEBOL
Máscara e tenebrosas transações
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
São Paulo e São Caetano fazem amanhã um jogo importantíssimo. Os dois times paulistas estão totalmente na disputa
pelo título, empatados a apenas
quatro pontos do líder Atlético-PR, que hoje pega o Goiás fora de
casa, num jogo difícil, que poderá
embolar ainda mais a disputa.
Há um tempo isso poderia soar
estranho, mas agora já podemos
enquadrar São Paulo e São Caetano na categoria "clássico". No
mínimo, um clássico em construção. Sinal dos tempos.
Sinal dos tempos também é a
parceria negociada entre a direção do Corinthians e a Media
Sports Investment (MSI), presidida pelo iraniano Kia Joorabchian, homem de muitas faces,
cujo sócio, o magnata Boris Berezovski, é um russo refugiado em
Londres que se pisar de novo em
seu país vai em cana.
Seria mesmo de estranhar que o
típico dirigente brasileiro fosse se
preocupar com a origem do dinheiro ou com a qualidade dos
investidores. Com o clube de pires
na mão, o presidente com o nome
empenhado em dívidas e um
monte de gente querendo bicar, o
poder de atração do din-din torna-se fatal.
A única preocupação dos ultra-pragmáticos (digamos assim) favoráveis à tenebrosa transação é
garantir que a gaita realmente
entre -o tipo do receio que uma
boa antecipação já resolve.
O resto, amigos do esporte, é literatura.
José Geraldo Couto retomou o
tema da máscara, presente de
longa data em nosso futebol.
Acredito que há tipos diferentes
de máscara. O mascarado não é
necessariamente um encrenqueiro, na linha de Edmundo e Romário. Pode ser boa gente.
O mascarado clássico aparece
dentro de campo: é o cara que visivelmente "tá se achando", tenta
inventar a toda hora, faz firula à
toa, não tem a menor dúvida de
que é o tal, tem certeza de que não
tem para ninguém e comporta-se
em alguns momentos como se ele
fosse dos profissionais e o resto da
equipe de juniores.
A máscara tem uma expressão
com significado análogo no futebol: o salto alto. Mas o salto alto é
mais usado em sentido coletivo,
quando um time, como um todo,
veste a máscara e entra em campo todo cheio de bolinhas passadas de rosca, passinhos de calcanhar, achando que já ganhou.
Adoro a expressão "tropeçar
nas fitinhas da máscara", que
Nelson Rodrigues usava. Lembro
sempre daquelas máscaras de
"luxo" do Carnaval carioca dos
tempos do Bornay e da "Manchete", enormes, reluzentes e com
aquelas fitinhas penduradas...
Usei a expressão para comentar
a atuação de Ronaldinho contra
a Colômbia. Tava se achando
muito -e não fez nada. O que
salva o mascarado da crítica, ou o
que faz com que ele não seja chamado dessa forma, é justamente o
resultado da partida. Mascarado
que dá show é cracaço. Quando
erra e não mostra humildade... é
mascarado! A galera não perdoa.
Flamengo x Vasco
O clássico dos desesperados no
Rio levou mais gente ao Maraca
do que São Paulo x Santos ao
Morumbi. É a força dos times
de massa, mesmo em má situação, e da histórica rivalidade do
futebol carioca.
Palmeiras x Botafogo
Botafogo e Palmeiras voltam a
se enfrentar e, como da outra
vez, em situações bem distintas.
O campeão da Série B está a 7
pontos do líder e o vice, a 29.
Está feia a coisa para o Glorioso.
Leão Tricolor
Quando a fase é boa, acontece
de tudo. Até gol sem querer do
Grafite. Leão está dizendo ao
que veio no Tricolor. Quem
(como o locutor que vos fala) tinha impressão de que seria difícil aparecerem resultados tem
que dar a mão à palmatória.
E-mail mag@folhasp.com.br
Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Prospecção Índice
|