São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Time de Caxias do Sul é o único não-paulista fora de capital na Série A

Juventude carrega interior excluído à elite dos clubes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um naco do Brasil com 103 milhões de habitantes, ou quase dois terços da população do país, conhece no atual Nacional uma situação rara no futebol.
Nas quartas-de-final do torneio e com boas chances de ir às semifinais -consegue a vaga empatando amanhã com o Grêmio-, o Juventude, de Caxias do Sul, coloca no topo da bola uma gigantesca parte brasileira que quase sempre foi excluída da elite do esporte mais popular da nação.
O time gaúcho é o único de uma cidade do interior fora de São Paulo que consegue furar o monopólio das capitais na primeira divisão do Nacional-2002.
Assim, é o único representante da parcela de 100 milhões de pessoas que vivem fora do Estado de São Paulo, do Distrito Federal e das demais capitais do país.
Não é de agora que o Juventude é exceção. O time está na primeira divisão desde 1995. Nesse período, o interior mineiro, por exemplo, nunca conseguiu emplacar uma equipe na elite, mesmo com mais de 850 cidades e quase 16 milhões de habitantes.
Além do Brasileiro, o time de Caxias do Sul, cidade de 360 mil habitantes localizada na serra gaúcha, conseguiu destaque em outros certames. Na temporada 1999, o time repetiu a façanha dos catarinenses do Criciúma, levando para uma cidade do interior o título da Copa do Brasil e conquistando uma vaga na Taça Libertadores da América.
O Juventude faz sucesso hoje mesmo sem o dinheiro da multinacional Parmalat e de grandes receitas de televisão e bilheteria.
Por não fazer parte do Clube dos 13, o time recebe uma das menores fatias do dinheiro pago pela transmissão do Nacional-2002.
O clube do técnico Ricardo Gomes também está longe de levar multidões aos estádios.
Segundo o último levantamento divulgado pela CBF, o time do Rio Grande do Sul tinha média de 6.400 pessoas por jogo em casa, a oitava pior do Brasileiro-2002.
Em termos estaduais, Caxias não desafia a capital Porto Alegre só com o Juventude. Na temporada 2000, o título do Campeonato Gaúcho foi ganho pelo Caxias.

Passado de poucas glórias
Mesmo concentrando a maior parte da população do país, foram poucos os times do interior que brilharam em Nacionais. Só uma vez, em 1978, com o Guarani, de Campinas (a 95 km de São Paulo), o título não ficou com um clube de capital de Estado.
As boas campanhas de interioranos também são contadas nos dedos. Em 1977, o Londrina, do norte do Paraná, terminou na quarta posição. Oito anos depois, em 1985, os gaúchos do Brasil de Pelotas conseguiram o terceiro lugar. Mais recentemente, em 1991, o Bragantino ficou com o vice-campeonato nacional.
Na segunda divisão, o interior consegue mais espaço. A edição 2002 teve metade de seus 26 integrantes com sedes fora de capitais. Um interiorano, o Criciúma, tem ótimas chances de ser promovido -irá subir até se perder hoje, em casa, para o Santa Cruz por um gol de diferença.
Mesmo se isso acontecer, a edição 2003 da Série A terá seis times que não são de capitais, sendo que quatro serão paulistas.


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