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FUTEBOL
Time de Caxias do Sul é o único não-paulista fora de capital na Série A
Juventude carrega interior excluído à elite dos clubes
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um naco do Brasil com 103 milhões de habitantes, ou quase dois
terços da população do país, conhece no atual Nacional uma situação rara no futebol.
Nas quartas-de-final do torneio
e com boas chances de ir às semifinais -consegue a vaga empatando amanhã com o Grêmio-,
o Juventude, de Caxias do Sul, coloca no topo da bola uma gigantesca parte brasileira que quase
sempre foi excluída da elite do esporte mais popular da nação.
O time gaúcho é o único de uma
cidade do interior fora de São
Paulo que consegue furar o monopólio das capitais na primeira
divisão do Nacional-2002.
Assim, é o único representante
da parcela de 100 milhões de pessoas que vivem fora do Estado de
São Paulo, do Distrito Federal e
das demais capitais do país.
Não é de agora que o Juventude
é exceção. O time está na primeira
divisão desde 1995. Nesse período, o interior mineiro, por exemplo, nunca conseguiu emplacar
uma equipe na elite, mesmo com
mais de 850 cidades e quase 16 milhões de habitantes.
Além do Brasileiro, o time de
Caxias do Sul, cidade de 360 mil
habitantes localizada na serra
gaúcha, conseguiu destaque em
outros certames. Na temporada
1999, o time repetiu a façanha dos
catarinenses do Criciúma, levando para uma cidade do interior o
título da Copa do Brasil e conquistando uma vaga na Taça Libertadores da América.
O Juventude faz sucesso hoje
mesmo sem o dinheiro da multinacional Parmalat e de grandes
receitas de televisão e bilheteria.
Por não fazer parte do Clube
dos 13, o time recebe uma das menores fatias do dinheiro pago pela
transmissão do Nacional-2002.
O clube do técnico Ricardo Gomes também está longe de levar
multidões aos estádios.
Segundo o último levantamento
divulgado pela CBF, o time do Rio
Grande do Sul tinha média de
6.400 pessoas por jogo em casa, a
oitava pior do Brasileiro-2002.
Em termos estaduais, Caxias
não desafia a capital Porto Alegre
só com o Juventude. Na temporada 2000, o título do Campeonato
Gaúcho foi ganho pelo Caxias.
Passado de poucas glórias
Mesmo concentrando a maior
parte da população do país, foram
poucos os times do interior que
brilharam em Nacionais. Só uma
vez, em 1978, com o Guarani, de
Campinas (a 95 km de São Paulo),
o título não ficou com um clube
de capital de Estado.
As boas campanhas de interioranos também são contadas nos
dedos. Em 1977, o Londrina, do
norte do Paraná, terminou na
quarta posição. Oito anos depois,
em 1985, os gaúchos do Brasil de
Pelotas conseguiram o terceiro lugar. Mais recentemente, em 1991,
o Bragantino ficou com o vice-campeonato nacional.
Na segunda divisão, o interior
consegue mais espaço. A edição
2002 teve metade de seus 26 integrantes com sedes fora de capitais. Um interiorano, o Criciúma,
tem ótimas chances de ser promovido -irá subir até se perder
hoje, em casa, para o Santa Cruz
por um gol de diferença.
Mesmo se isso acontecer, a edição 2003 da Série A terá seis times
que não são de capitais, sendo que
quatro serão paulistas.
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