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Escolta segue nadadora até no banheiro
DA ENVIADA A BELO HORIZONTE
O caso de Rebeca Gusmão transformou o doping (e seu controle) em
um assunto delicado e desconfortável em Minas.
O treinamento das escoltas, que acompanham
os atletas no antidoping,
ganhou uma recomendação a mais. Cuidado redobrado com o trabalho e
com as palavras, já que o
controle seria um dos focos principais do evento.
As mulheres da equipe
só deram entrevista após
autorização de Eduardo de
Rose, diretor de doping da
CBDA. Segundo ele, porém, não havia proibição.
Entre os nadadores,
principalmente os mais jovens, o desconforto era
evidente. "Foi tudo controladinho. Mas é melhor
eu não falar nada, é muito
delicado", afirmou Tatiane Sakemi, testada após o
ouro nos 100 m peito.
Nas finais de ontem, a
Folha teve acesso ao local
de coleta. Os testes ainda
não haviam começado, e
não havia ninguém na sala.
Um biombo dividia a sala, geralmente usada pelo
coral do clube. Atrás dele,
ficava a sala de espera,
com cerca de 20 cadeiras.
Na outra parte, duas
mesas para preenchimento dos formulários e escolha dos kits de coleta e armazenamento. No banheiro apertado, um espelho para ajudar o fiscal a
ver o corpo do atleta enquanto ele urina.
"Acho que não tem como burlar a coleta. A gente
perceberia", diz a escolta
Luana Lopes Messias.
Segundo as escoltas, no
treinamento elas receberam a ordem de acompanhar o atleta até o fim do
processo, fiscalizando a
coleta. De Rose havia dito
que, por falta de espaço,
vários escoltas deveriam
ser dispensados. Quem já
estivesse no local acompanharia o resto do processo.
A equipe de escoltas era
formada por profissionais
da área de saúde, que faziam esse tipo de trabalho
pela primeira vez. Eles tinham de informar o atleta
sobre o controle. E, a partir de então, seguir o competidor de perto -o nadador tem uma hora para se
apresentar ao controle.
"A natação tem essa peculiaridade porque, às vezes, o atleta fez uma prova
logo depois da outra", afirma Sandra Soldan, triatleta e diretora-adjunta de
doping da CBDA. Ela estreou na nova função na
Copa, que teve 20 testes.
O longo intervalo entre
o chamado e a coleta faz
com que os escoltas passem por situações curiosas. Maria Flávia recebeu
no sábado a missão de
acompanhar Josephin Lillhage. A sueca nadou, esperou mais nove provas,
competiu de novo e descansou. A escolta permaneceu em pé, vigiando, por
quase uma hora.
Gisele Rocha enfrentou
uma situação mais constrangedora. Teve de ir com
uma atleta até o banheiro.
Quando o atleta é homem, o escolta é masculino. "Eles estão acostumados. Para nós fica chato ficar seguindo o atleta, mas
para eles é normal." (ML)
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