São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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AÇÃO

Tudo de bom

ANTONIO "TOTÓ" BONFÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ano de 2002 foi atípico. Para não dizer incomum. Na maioria do tempo, difícil, mas muito bom, principalmente para o skate nacional. Sem dúvida, o mais significativo para a maturidade profissional do esporte.
Foi neste ano que veio o reconhecimento social. Apontado nas pesquisas da prefeitura como o segundo esporte em número de praticantes, vendo o antigo sonho se realizar com a construção das pistas públicas prometidas para a capital de SP ou em destaque nas colunas de importantes jornais, o skatista, desta vez, avançou de posto. Passou de vândalo e vagabundo a alguém de atitude, que dita moda, ganha grana e ainda levanta a nossa bandeira lá fora!
Numa geral do ano, a constatação do caminho certo é evidente. O terceiro Lendas do Skate, torneio de masters realizado em Guaratinguetá, confirma a maioridade do esporte, conserva a essência e prova que não é exclusivo para moleques, pois se mantém a alta performance após os 30.
Também alcançamos destaque internacional em um terreno até então inédito. Sérgio Yuppie, o rei das ladeiras no Brasil, foi de mala e cuia para a Califórnia e se firmou como o melhor do mundo na modalidade, tanto que já assina produtos e vive em turnês organizadas pelos patrocinadores.
Bob Burnquist, cansado de amealhar títulos, ficou "só" com dois. O mais importante foi o de esportista "alternativo" do ano pela Laureal Awards, que colocou o brasileiro ao lado de Michael Schumacher e Tiger Woods. O outro, ele obteve quando se sagrou vencedor do OP King of Skate, transpondo, com a base dos pés trocada, um buraco no alto de uma rampa em forma de looping. Nesse evento, Bob foi posto à prova ao lado de mais cinco atletas considerados ícones das suas respectivas modalidades -cada um mostrou uma manobra inédita em obstáculo inusitado. O resultado não deixou dúvidas, o nível técnico foi elevado ao extremo, e o Brasil ficou no topo.
Neste ano, Bob preferiu se dedicar à filha Lótus e deixou a tarefa árdua dos troféus para Rodil Ferrugem, que, além de se sagrar campeão do mundo no street, fez história nos X-Games ao ganhar três ouros (dos três possíveis). Wagner Ramos, no mesmo evento, levou as três pratas. De surpresa, na etapa alemã do circuito -a mais difícil-, surgiu Ricardo Porva, que levou a prova de melhor manobra. E seu amigo Danilo Cerezini, 14 anos, foi vice-campeão em Tampa, no principal campeonato amador do mundo.
Exemplos como esses surgem às pencas. Hoje, no Brasil, há pelo menos 50 atletas profissionais em condições de obter títulos, recordes e destaque internacional.
O diferencial, neste ano, veio com o ibope. Globo e Bandeirantes viram seus pontos subirem com os aéreos desferidos nos eventos que apostaram cobrir.
Nesses canais, o skate já ocupa a agenda. X-Games, Rio Skate Jam, Arena Radical, Bob Burnquist, entre outros, pautaram o editorial esportivo da maior emissora do país. A Band reage com a Arena Skate Show, que estreará no cabo a partir de janeiro, e programa ainda um semanal aos domingos na TV aberta. Cabe agora ao skatista da "antiga" manter a essência. Ao da "nova", elevar o nível. E, finalmente, conquistar a grana e o respeito merecido!
Feliz 2003 para todos.

Último campeão de 2002
Acabou no domingo o circuito Super Trials que definiu Tânio Barreto como campeão brasileiro de surfe da segunda divisão e fechou, com 28 atletas, a relação de 74 nomes para o Super Surf-2003.

Só deu eles
A equipe Billabong dominou a cena neste ano. Fez o campeão mundial de surfe, Andy Irons, os quatro primeiros do ranking, venceu nove das 12 etapas e ainda terá o reforço de Danilo Costa em 2003. Levou também o título feminino com Layne Beachley. No skate, Ferrugem foi o campeão mundial, levou três medalhas de ouro nos X-Games, e Digo Menezes venceu o Brasileiro.

Faltou uma
No recorde mundial de formação em queda livre (FQL) de 300 atletas, noticiado na semana passada, faltou incluir a pára-quedista Juliana Sé entre os brasileiros que participaram da façanha.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


Hoje, excepcionalmente, Carlos Sarli não escreve neste espaço


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