São Paulo, segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

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Atacante recusa oferta da Bolívia, e times brigam por ele

DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro estrangeiro na história a figurar nas categorias de base da seleção brasileira, o atacante Marcelo Martins Moreno já vive uma relação de amor e ódio com seu país natal, a Bolívia.
Após obter a dupla nacionalidade e despontar na equipe brasileira, o atleta foi sondado pela FBF (Federação Boliviana de Futebol), que o convidou para atuar pelo país natal. E mais: pela seleção principal, mesmo sendo júnior.
"Foi na última vez em que estive em Santa Cruz de la Sierra. Conversaram comigo, pediram que eu voltasse e optasse pela Bolívia. Até falaram que eu já seria convocado para a seleção principal", afirma Moreno, que acabou declinando do convite pelo sonho de defender o futebol brasileiro.
A federação boliviana alega que três fatores decidiram a questão.
"Perdemos, primeiro, porque não teremos muitas atividades da seleção em 2006, já que ficamos fora da Copa. Até estamos sem técnico no momento. Depois, a Bolívia não tem a estrutura para competir com o futebol brasileiro. E há o fato de ele ter atuado pelo Brasil e ter gostado", diz Javier Silva, gerente de comunicação da federação boliviana. "Ficamos tristes, porque ele é e tem tudo para ser um grande jogador."
Se a federação já abre mão do garoto prodígio, o clube que o revelou não. O Oriente Petrolero, que abriu espaço para Moreno iniciar seus passos no esporte aos 15 anos, recorreu à Fifa para ter direitos sobre o atleta.
"Apenas emprestamos Moreno por um ano ao Vitória. Nem fixamos preços pela sua transferência. Não foi uma coisa justa", afirma Pablo de Granado, diretor esportivo do Oriente Petrolero.
Já o Vitória alega que o clube boliviano desonrou o acordo firmado em 2004. "Quando o Marcelo veio para cá, assinamos um contrato de seis meses com o Oriente, ao final do qual pagaríamos R$ 50 mil por 80% dos direitos sobre o atleta. Ao final do prazo, fomos realizar o pagamento, e o Oriente disse que o contrato não valia mais. Eles quiseram ganhar em cima", diz o vice de futebol do clube baiano, Sinval Pereira.
O primeiro round foi vencido pelo Vitória, que conseguiu cancelar o vínculo do atleta com o Oriente e registrou na CBF um novo contrato com o atacante, agora de profissional e válido até 2008. Moreno, que é ídolo em sua cidade natal, diz que o imbróglio surgiu por conta do Oriente. "Eles não tinham contrato comigo. Nem me registraram na FBF. Até quando atuei no time adulto, jogava com registro de amador." O clube boliviano diz que irá aguardar o parecer da Fifa. (CCP)


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