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GINÁSTICA
Dificuldades da gaúcha e saltos inovadores fazem romena se identificar com ela e ver ponto negativo do esporte
Comaneci coloca Daiane em grupo seleto
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerada o Pelé da ginástica
artística e dona da primeira nota
10, a romena Nadia Comaneci, 44,
diz que hoje Daiane dos Santos é
uma de suas atletas preferidas.
Segundo ela, que atualmente vive nos EUA e, ao lado do marido,
o americano Bart Connor, comanda um império na ginástica,
sua atenção está voltada à seleção
brasileira desde 2001, ano em que
o país trouxe Oleg Ostanpenko
para treinar a equipe nacional.
"As meninas do Brasil mostram
muita paixão e melhoraram muito a parte técnica desde então."
Hoje é dona de um verdadeiro
império -ela dirige uma academia de ginástica nos EUA que
abriga 1.200 alunos e conta com
35 instrutores, ainda publica a revista "International Gymnastic",
vende produtos no
www.intlgymnast.com, ajuda o
marido numa produtora de TV,
comenta torneios, dá palestras,
integra ações de caridade e é presidente honorário do Comitê
Olímpico Romeno. E Comaneci
diz que Daiane mexe com ela.
"Ela é uma das minhas ginastas
favoritas no solo. E olha que não
são muitas. Adoro o seu entusiasmo e energia. Ela cria uma aura e
conquista o público, envolvendo-o com emoção", disse à Folha.
A trajetória da gaúcha, que começou "tarde", aos 12 anos, e hoje
necessita de cuidados especiais
nos joelhos, e a criação de movimentos, como o duplo twist esticado e carpado, fazem Comaneci
repassar sua carreira. "Eu era de
uma cidade pequena. Meu pai andava 20 km para ir ao serviço.
Aquilo me motivou. Soube treinar e criar coisas novas para a
época, por isso venci. Aprendi a
superar dificuldades."
Ela isenta Daiane no que diz ser
hoje um ponto negativo na ginástica: a prioridade por um aparelho. "Me entristece ver que o foco
dos torneios está mudando para
fazer especialistas em aparelhos,
em vez de ginastas completas, que
atuem em todos os aparelhos. Isso
prejudica atleta e esporte."
Indagada se o fato de ser especialista tirava Daiane do posto de
número um de sua lista, Comaneci esquivou-se. "Hoje é impossível
escolher só uma. Há muitas atletas excelentes. Só reforço que a seleção brasileira e, em especial
Daiane, me agradam bastante."
(CRISTIANO CIPRIANO POMBO)
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