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FUTEBOL
Futebol global
JORGE KAJURU
ESPECIAL PARA A FOLHA
O direito de pensar, falar e
escrever livremente, sem
censura, sem restrições e sem interferência governamental representa o mais precioso privilégio
dos cidadãos. Assim advertiu Hugo Lafaiette Black, integrante da
Suprema Corte dos EUA.
Neste país, não existe liberdade
de imprensa, e sim de empresa.
Porque é frustrante testemunhar
tantas barbaridades no futebol
brasileiro e não poder se indignar.
Ingenuidade tem limite. Não
tem cabimento se estarrecer com
notícias de corrupção no futebol,
na arbitragem e de repente até
em sorteio de Copa, por que não?
Mas como se faz mais negócio
que jornalismo, a sujeira fica debaixo do tapete verde. Veio da arbitragem o maior escândalo do
ano. E, por favor, não acreditem
que só Edilson Carvalho se corrompeu. Fora das quatro linhas,
entre as vírgulas o que mais tem é
assistente de ladrão e ponto final.
Conclusão: nada ou boa parte
disso não teria acontecido se... se
lá atrás os poderes maiores (governo e imprensa) tivessem agido
de forma honesta e banido chefões de arbitragem, presidentes de
clubes e entidades... aqueles que
gostam de bola, não da bola.
Recorro ao que escrevi nesta
mesma Folha em 17 de julho de
2002, após o penta: "Até tu Lula?
Me realizo ao amar sem medo de
quebrar a cara e abraçar causas
até o fim. Mas morro ao me decepcionar com quem admiro. E,
com Lula, não está sendo fácil. Jamais pela política em si, pois jogo
no time dos anarquistas. Mas por
constatar que ele mentiu! No último artigo, relatei telefonemas-elogios de políticos ao presidente
da CBF, Ricardo Teixeira, após o
penta. Citei rato bigodudo, tucano arrogante e excluí o sapo barbudo. Tirei Lula após desmentido: "Isso é uma calhordice, nunca
falei com o Ricardo". Falou sim. Se
o parabenizou pela volta por cima, não importa. Admito que só
Serra foi honesto ao confirmar a
ligação. Fui nocauteado e invejo
a relação fiel de grandes homens e
cães, como Carlos Heitor Cony e
Mila, Fernando Barbosa Lima e
Sony. Buscarei um quatro patas
para confiar. PT saudações".
Iniciado o governo vemos um
presidente que abraça, avaliza e
até posa para fotos oficiais ao lado de gente muito fina. Só faltava
o Kia Jorabchian. Faltava. Pois
agora o iraniano pode lavar, ops!,
levar a vida e tudo como quiser.
Santa impunidade!
Por parte da grande mídia o
que se viu? Meses antes da Copa-2002, um "Globo Repórter" inteiro mostrou com provas irrefutáveis, como se enriquecia no submundo do nosso futebol. A principal emissora dava, neste programa, crédito a tudo que se tinha
apurado nos trabalhos das CPIs
esportivas no congresso. Entidades e dirigentes como Ricardo
Teixeira e Eurico Miranda que
estavam desmascarados. Enfim,
bastou ganhar o Mundial para o
"Futebol Global" nos tratar como
Homer Simpson. Plim, Plim aos
eternos direitos exclusivos de
transmissão. PT saudações.
Em tempo
Para surpresa de muitos, menos do sistema global, vem agora a dona FIFA e anuncia que
não permitirá a insistência do
replay em lances duvidosos durante as transmissões. A próxima regra será a narração de locutores ventríloquos. Aliás, como já agem certos "Homers
Simpsons" nos telejornais. Ah
bola! Se não existissem os Ronaldinhos Gaúchos, eu iria assistir o dia todo à bola oval do
futebol americano. Quanto ao
resto, prefiro ler Mário Quintana: "Todos aqueles que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão. Eu passarinho!".
E agora, Parreira?
Se o seu problema com Rogério
Ceni é técnico, por favor, peça
demissão.
Jorge Kajuru, 44, é jornalista
E-mail - jorgekajuru@sbt.com.br
O colunista Juca Kfouri está em férias
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