São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

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VÔLEI

O domínio e a mordomia

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

No Carnaval, a bola pára de rolar na Superliga, então vale fazer um pequeno balanço dos números. O Rio de Janeiro, do técnico Bernardinho, impressiona nas estatísticas. O time, o único invicto do torneio, com 15 vitórias, é o líder em eficiência em todos os fundamentos, com exceção da defesa.
É isso mesmo. O time é o dono do melhor ataque, bloqueio, saque, recepção e levantamento da Superliga. Na defesa, aparece em segundo lugar, atrás só do Osasco, o grande rival. Poucas vezes, com exceção do período da Sadia e do Leites Nestlé, viu-se um domínio tão absoluto de um time.
Para se ter uma referência, basta dar uma olhadinha nas estatísticas do torneio masculino. Cada time lidera em um fundamento, e só o Florianópolis tem melhor aproveitamento em dois: bloqueio e levantamento. No ataque é o Minas; no saque, o São Leopoldo; na defesa, a Unisul; na recepção, o Santo André.
Está certo que na Superliga masculina há um maior número de times em condições de chegar ao título. Pelo menos Minas, Florianópolis, Unisul e Banespa. Sem contar Bento Gonçalves, São Leopoldo, Campinas e Ulbra, que são rivais complicados. Talvez sejam esses os motivos para o equilíbrio.
No feminino, a final deve ser entre Rio e Osasco. O Macaé, das atacantes Érika e Elisângela, e o Pinheiros, do técnico Claudinho, desempenham o papel de adversários perigosos, mas dificilmente vão chegar ao título. Foi a derrota para o Pinheiros que tirou o Osasco da briga pelo primeiro lugar na fase de classificação.
Nas estatísticas individuais, pode-se perceber outra qualidade do Rio: a distribuição de bola. A maior pontuadora tradicionalmente é a oposto. É o caso do Osasco, que tem Bia, com 454 ataques, dos quais 207 foram pontos. Bia é a segunda maior pontuadora do torneio, com 238 pontos em todos os fundamentos.
No Rio, a maior pontuadora é Fabiana, uma central de 21 anos e 1,94 m. Ela marcou 197 pontos, 135 de ataque. Na relação das dez melhores atacantes, o Rio tem Sassá e Renatinha. A primeira atacou 274 bolas, e a segunda 310. Ou seja, o Rio está jogando com velocidade e melhor distribuição.
Somado a tudo isso, também há o fator emocional. A levantadora Fernanda Venturini, do Rio, vai se despedir das quadras no final da Superliga e não vai querer perder o título. Ela lidera as estatísticas de melhor levantadora, seguida por Paula, do Suzano, uma das revelações do torneio.

 

Para encerrar, fica o registro da reportagem de Mariana Lajolo, publicada pela Folha na sexta. É surpreendente que o CT de Saquarema, sede de treinos das seleções, seja usado como colônia de férias por empresários, dirigentes, amigos e familiares do presidente da CBV, Ary Graça Filho.
A turma, convidada por Graça, passará o Carnaval no CT em frente à praia com quadras de vôlei, tênis, piscina, saunas, banheiras de hidromassagem etc. É triste que um esporte campeão como o vôlei brasileiro tenha ainda que conviver com notícias como essa.

Europeu
Foi mais fácil do que o previsto: o Perugia, da levantadora Fofão e da central Walewska, se classificou para a fase final da Liga dos Campeões, o torneio mais importante da Europa. O time garantiu a vaga ao bater o Uralochka, do técnico russo Nikolai Karpol, por 3 a 0 (25/21, 25/19 e 25/21). No jogo de ida, na Rússia, a vitória fora por 3 a 2.

Italiano
O Macerata, do central Rodrigão, derrotou com surpreendente facilidade o Modena, do levantador Ricardinho, na rodada do fim de semana do Campeonato Italiano. A vitória foi por 3 sets a 0 (25/21, 25/19 e 25/18). Com o resultado, o Macerata passa a dividir com o Treviso, do central Gustavo, o favoritismo para terminar a fase de classificação em primeiro lugar.

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