Presidente do Corinthians vê treinador sobrecarregado e usará cartola para desviar atenção de torcida e imprensa

Conselheiro Paulo Garcia, filho de proprietário de ex-patrocinador do time, vai assumir o futebol; técnico afirma que ele é bem-vindo

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Alberto Dualib disse ontem que nomeará Paulo Garcia como vice de futebol do Corinthians. A decisão faz parte de uma operação para diminuir o estresse de Emerson Leão.
Filho de Damião Garcia, conselheiro corintiano e presidente do Noroeste, ele assumirá funções que estão entre as exercidas por Leão. A família do novo cartola é dona da Kalunga, patrocinadora corintiana nos anos 80 e 90.
Pelo projeto da diretoria, ele dará até algumas entrevistas no lugar do treinador. A idéia dos cartolas é que, quando estiver de cabeça quente, inclusive após alguns jogos, o técnico não conceda entrevista coletiva.
É uma tentativa de acabar com os ataques de mau humor do treinador, que na semana passada bateu boca com uma repórter e com um fotógrafo.
"O Leão está sobrecarregado. Pode ser que isso esteja atrapalhando, mas ele fala que não", afirmou Alberto Dualib.
Com Garcia no cargo, que não era ocupado desde a saída de Andrés Sanchez, hoje na oposição, Leão deixará de centralizar o controle do futebol.
"O Paulo cuidará de toda a parte administrativa. Queremos que o Leão preocupe-se apenas em colocar o time para jogar", disse o presidente.
Dualib e Renato Duprat, braço direito do cartola, conversaram ontem com Leão para solicitar mais calma ao treinador.
Pediram que se comporte melhor com os jornalistas. E asseguraram que ele continuará no cargo, apesar de vices do clube exigirem a sua cabeça.
Na reunião, Leão foi avisado da nomeação do vice de futebol.
"Não o conheço, mas todas as pessoas que quiserem colaborar com o clube são bem-vindas", disse o técnico. "O encontro foi bem proveitoso, e esperamos que seja o início de uma nova fase no clube."
O plano de Dualib é que Garcia tenha uma função parecida com a que desempenhava Antônio Roque Citadini.
Com declarações polêmicas em momentos críticos, Citadini desviava a atenção da imprensa e da torcida, diminuindo a pressão sobre o elenco.
Dualib havia deixado o cargo vago para evitar brigas entre os dirigentes. O posto é o mais cobiçado depois da presidência.
"Sempre gostei de ter um vice de futebol. Precisamos de alguém para se relacionar com a imprensa. E, se eu for ligar para ciúmes, não faço nada no clube", falou Dualib, que não marcou a data para nomear Garcia.