São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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COB radicaliza a lei antidoping

Enquanto norma mundial prevê comunicação de paradeiro a cada 3 meses, Brasil fixa prazo de 15 dias

Confederação Brasileira de Atletismo questiona o rigor adotado pelas autoridades, que criaram uma agência para administrar os testes

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A reclamação dos atletas de que o antidoping estaria invadindo sua privacidade não ficará restrita aos estrangeiros.
O Comitê Olímpico Brasileiro está montando um cadastro de atletas de nível internacional para testes fora de competição pela regra do "whereabout" (paradeiro, em inglês).
O regulamento prevê que os competidores de cada esporte têm que comunicar ao antidoping com antecedência onde podem ser encontrados.
Os controles ficarão a cargo da ABA (Associação Brasileira Antidoping), criação do COB, que funcionaria como a agência nacional para combater a utilização de drogas no esporte.
"O [André] Richer [presidente da ABA] mandou uma circular às confederações olímpicas com os nomes dos atletas que entrarão no pool de controle", declara Eduardo de Rose, secretário da ABA.
Mas, se na Europa e nos EUA é polêmica a regra que obriga todos a comunicar onde estarão nos próximos três meses, a imposição é mais radical no Brasil. Todos precisariam atualizar os dados a cada 15 dias.
A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) questionou o maior rigor do procedimento adotado. "Essa regra não é adotada nem pela Wada [Agência Mundial Antidoping], nem pela Iaaf [entidade que comanda o atletismo], nem por nós", diz Martinho Nobre dos Santos, secretário-geral da CBAt.
Pelo sistema que será implementado, cada atleta ganhará uma senha para entrar no sistema, através da internet, e preencher seu cadastro. Caso haja alguma alteração de última hora sobre onde estará, poderá atualizar seus dados.
No atletismo, a regra do "whereabout" é seguida desde 2004. "Acredito que não teremos reclamações entre nossos atletas. Eles já estão acostumados ao sistema", diz Martinho, referindo-se ao regulamento internacional de três meses.
A própria CBAt anunciou a cerca de 130 atletas selecionados que irá implementar seu próprio controle a partir de informações fornecidas por eles. A iniciativa foi adiada para abril, devido a problemas de implantação do sistema.
Por conta do cadastro de vários atletas para testes de federação internacional ou confederação brasileira, uma das preocupações da ABA foi não haver duplicidade de nomes.
"O objetivo é preservar o atleta. Os que estão em outros controles ficarão de fora da nossa lista", declara De Rose, que não soube precisar o total de nomes que irão participar.
Porém, se esse cuidado foi seguido, há outros problemas na iniciativa. O mais evidente é que a circular do COB não foi padronizada. Presidentes de cinco entidades olímpicas consultados pela reportagem disseram desconhecer a regra. "Não recebemos nada a respeito disso", diz Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.


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