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COB radicaliza a lei antidoping
Enquanto norma mundial prevê comunicação de paradeiro a cada 3 meses, Brasil fixa prazo de 15 dias
Confederação Brasileira de Atletismo questiona o rigor adotado pelas autoridades, que criaram uma agência para administrar os testes
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A reclamação dos atletas de
que o antidoping estaria invadindo sua privacidade não ficará restrita aos estrangeiros.
O Comitê Olímpico Brasileiro está montando um cadastro
de atletas de nível internacional para testes fora de competição pela regra do "whereabout"
(paradeiro, em inglês).
O regulamento prevê que os
competidores de cada esporte
têm que comunicar ao antidoping com antecedência onde
podem ser encontrados.
Os controles ficarão a cargo
da ABA (Associação Brasileira
Antidoping), criação do COB,
que funcionaria como a agência
nacional para combater a utilização de drogas no esporte.
"O [André] Richer [presidente da ABA] mandou uma circular às confederações olímpicas
com os nomes dos atletas que
entrarão no pool de controle",
declara Eduardo de Rose, secretário da ABA.
Mas, se na Europa e nos EUA
é polêmica a regra que obriga
todos a comunicar onde estarão nos próximos três meses, a
imposição é mais radical no
Brasil. Todos precisariam atualizar os dados a cada 15 dias.
A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) questionou
o maior rigor do procedimento
adotado. "Essa regra não é adotada nem pela Wada [Agência
Mundial Antidoping], nem pela
Iaaf [entidade que comanda o
atletismo], nem por nós", diz
Martinho Nobre dos Santos,
secretário-geral da CBAt.
Pelo sistema que será implementado, cada atleta ganhará
uma senha para entrar no sistema, através da internet, e
preencher seu cadastro. Caso
haja alguma alteração de última hora sobre onde estará, poderá atualizar seus dados.
No atletismo, a regra do
"whereabout" é seguida desde
2004. "Acredito que não teremos reclamações entre nossos
atletas. Eles já estão acostumados ao sistema", diz Martinho,
referindo-se ao regulamento
internacional de três meses.
A própria CBAt anunciou a
cerca de 130 atletas selecionados que irá implementar seu
próprio controle a partir de informações fornecidas por eles.
A iniciativa foi adiada para
abril, devido a problemas de
implantação do sistema.
Por conta do cadastro de vários atletas para testes de federação internacional ou confederação brasileira, uma das
preocupações da ABA foi não
haver duplicidade de nomes.
"O objetivo é preservar o
atleta. Os que estão em outros
controles ficarão de fora da
nossa lista", declara De Rose,
que não soube precisar o total
de nomes que irão participar.
Porém, se esse cuidado foi seguido, há outros problemas na
iniciativa. O mais evidente é
que a circular do COB não foi
padronizada. Presidentes de
cinco entidades olímpicas consultados pela reportagem disseram desconhecer a regra.
"Não recebemos nada a respeito disso", diz Alaor Azevedo,
presidente da Confederação
Brasileira de Tênis de Mesa.
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