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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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FUTEBOL

Defesa indefensável?

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Mesmo sem cinco jogadores que seriam titulares, o São Paulo foi um adversário duro para o Corinthians na final do Paulista. O alvinegro, que teve um desfalque importante no segundo jogo, foi mais eficaz nos 180 minutos e mereceu o título.
Mas um corintiano ao meu lado no sábado dizia: "Se não for sofrido, não é Corinthians!". Foram duas boas vitórias, mas não um passeio... No entanto os são-paulinos reagem como se o time tivesse sido massacrado, açoitado em praça pública. Cabeças são pedidas; vozes iradas se levantam contra o time que "amarela".
O maior alvo da indignação tricolor é a defesa. Jean, Júlio Santos, Régis (que nem jogou!), Gabriel e Fabiano são os Judas da vez. Condicionados pela frase "com essa defesa, o São Paulo não vai a lugar nenhum", repetida há anos, só temos olhos para os erros deles.
Sim, é óbvio que houve erros individuais -erros decisivos, como costumam ser os dos zagueiros e goleiros. Mas, se a zaga levasse a pior em todas as disputas, Rogério teria trabalhado muito mais nos contra-ataques rápidos e venenosos do Corinthians. Gabriel, Fabiano, Jean e Júlio Santos fizeram vários desarmes bem-sucedidos, mas, mesmo quando o Corinthians perdia o ataque, o diagnóstico era o mesmo: "A defesa está levando um baile". Gil passava por dois e perdia a bola para o terceiro, mas os três eram criticados: "Essa zaga é uma piada". Ela é malhada até quando funciona!
Do outro lado do campo, o São Paulo martelava. Doni não fez cinco, seis grandes defesas? Não era à toa que o corintiano ao meu lado sofria. Às vezes um jogador falhava -Fabinho fazia falta perigosa para matar a jogada de Júlio Baptista, que havia levado a melhor contra Anderson; Fábio Luciano passava uma bola meio capenga e quase cedia um contra-ataque com a defesa toda aberta. Mas, como no fim não era gol do São Paulo, sobravam só elogios para os bravos corintianos.
Mas a defesa corintiana não merece elogios? Sim, muitos! Os zagueiros são seguros, firmes, jogam muito bem pelo alto e, quando algum deles erra, há um bom sistema de cobertura para consertar. Mesmo assim, o Corinthians sofreu quatro gols em dois jogos... Ah, mas aí os méritos são dos bons atacantes do São Paulo.
E a defesa do São Paulo não merece críticas? Sim, porque várias vezes foi pega desarrumada, e houve os tais erros individuais "fatais" (Palavra pesada... Erro fatal é bombardear mercado em Bagdá, enfim...). Mas o sistema defensivo tem problemas muito antes de os atacantes chegarem ao mano a mano com a zaga. Cadê o meio-campo, que deixa passar todo mundo? Mesmo com Maldonado, de alta reputação, a zaga é muito exposta.
Talvez seja melhor mesmo os zagueiros jovens saírem do São Paulo por um tempo; talvez um mais experiente possa orientar melhor seus companheiros. Mas a defesa do São Paulo -que eu nem considero um desastre, sinceramente- precisa corrigir seus erros coletivamente, como faz muito bem a do Corinthians.

Justiça 1
Foi o 25º título paulista do Corinthians, não o 24º -como escrevi duas semanas atrás. Acredite, foi um erro de digitação!

Justiça 2
Muitas palmas para Liedson e Jorge Wagner, inteligentes, habilidosos e decisivos, que foram menos elogiados do que seus marcadores foram criticados.

Birra
Os homens têm mais prazer em esculhambar o Kaká do que as meninas em gritar por ele.

Licença?
Uma colega queria entrevistar uma pessoa ligada à federação e precisava de uma autorização da entidade. Orientação recebida: "Mande um fax ou e-mail em nome do presidente Farah".

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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