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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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FUTEBOL

Pentacampeões que buscam recordes pela seleção brasileira não estão garantidos até a Copa de 2006, diz treinador

Parreira coloca em risco marcas de ídolos

Nilton Santos/Divulgação
Ronaldo, que diz ter como meta marcar mais gols que Pelé pela seleção brasileira, treina no Porto


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO PORTO

A "lua-de-mel" acabou, e uma enxurrada de recordes que podem ser quebrados por um dos mais vitoriosos grupos da história da seleção brasileira corre risco.
Em Portugal, onde prepara o time para o amistoso de sábado contra a seleção local, o técnico Carlos Alberto Parreira deixou claro que a geração do penta não tem vaga garantida para a tentativa da conquista do hexa em 2006.
"Quando começamos, deixei bem claro que a base seria a do penta. Mas eu não sou dono dos acontecimentos. Vai depender do interesse de cada um", diz o técnico sobre a chance de o time atual ir até o Mundial da Alemanha.
Assim, para Cafu, 32, bater o recorde de jogos por uma seleção em todo o planeta (tem 120; o recordista, o mexicano Claudio Suarez, 170), para Ronaldo ganhar sua terceira Copa e se igualar na artilharia da seleção a Pelé e para um punhado de jogadores entrar para o seleto grupo de atletas com cem jogos pelo time, o passado não será decisivo.
Parreira ainda indicou que a euforia do penta precisa ser esquecida. "Estava lendo o "Financial Times" [jornal inglês] e vi um artigo sobre o governo Lula com o título "the honey moon is over". É o que precisa ocorrer com a seleção. O penta acabou. A festa acabou. Daqui pra frente é pensar no hexa."
Ainda jovem -a equipe titular que deve começar o jogo com Portugal tem média de idade de 27 anos-, o atual grupo do time nacional tem marcas raras.
Em média, cada um, contando apenas compromissos do time principal, tem 52 partidas com a camisa da seleção. Em toda a sua carreira vestindo a camisa amarela, Garrincha jogou 60 vezes.
Depois de Cafu, será a vez de Roberto Carlos, 29, entrar para o "grupo dos cem". Com mais dois jogos, segundo a CBF, ele irá atingir sua centésima partida pela seleção. Rivaldo, 30, e Ronaldo, 26, poderão alcançar o feito em 2004.
Ronaldo ainda corre atrás da artilharia de todos os tempos da seleção -tem 48 gols, mais da metade do que Pelé marcou (95).
"Não vou dizer que não penso, é um objetivo a ser batido. Vou jogando, mas sem criar muita ambição", diz Ronaldo, que aposta na presença da maior parte de seus colegas na Copa-2006.
O veterano que corre mais riscos de acabar com sua trajetória vitoriosa na seleção é Rivaldo, que não se apresentou com os demais atletas por problemas particulares (está se separando de sua mulher), não mostra o mesmo entusiasmo que outros colegas e ainda passa por má fase no Milan.
Além de bom desempenho em campo, os candidatos a recordistas terão que enfrentar a resistência de seus clubes para jogar pela seleção e acumular novos números. Em Portugal, fica evidente a revolta da comissão técnica com a idéia de proibir os atletas que atuam na Europa de jogar amistosos fora desse continente.
O coordenador técnico Zagallo nega que isso vai realmente acontecer. "Não é verdade." Já Parreira lança um desafio. "Se os europeus nos obrigarem a isso, nós teremos chance de descobrir novos talentos, pois só o Brasil pode formar duas grandes seleções."
Entre os atletas, o assunto gera polêmica. Roberto Carlos garante que está à disposição da CBF, mas reclama do desgaste de jogos como o da China. "Somos seres humanos e ficamos cansados." Para evitar retaliação dos europeus, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, reuniu-se nesta semana com a direção do Real Madrid.


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