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Rachado, Palmeiras não acha solução para o seu futebol
Correntes políticas do clube, de situação e oposição, têm várias opiniões sobre gestão do time, o que trava decisões
Divisão de base, parceria com a Traffic, disciplina do elenco, contratações e excesso de gastos provocam divisão entre palmeirenses
MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aproveitar mais a base. Formar grupo mais velho e selecionar com critério os jovens da
Traffic. Impor linha-dura ao
elenco. Reduzir a pressão da
torcida sobre atletas. Trocar
volantes. Contratar atacante.
São todas opiniões de dirigentes e conselheiros de múltiplas correntes do Palmeiras ouvidos pela Folha sobre a crise.
O Palmeiras divide-se em
seis partidos de situação e oposição que disputam espaço no
clube, incluindo o futebol, enquanto se articulam para a eleição do sucessor de Luiz Gonzaga Belluzzo. Há ainda divisões
menores nos grupos.
"É uma herança da Itália,
que sempre teve muitas Províncias e demorou a formar seu
Estado", analisou o 2º vice do
clube, Clemente Pereira.
As opiniões muitas vezes se
chocam e imobilizam o clube.
O caso da divisão de base palmeirense é exemplar. Há quase
um consenso de que seus jogadores têm de ser utilizados.
Mas, após a boa campanha
na Copa São Paulo, a diretoria
deu férias a parte dos atletas.
Na volta, mandou os jogadores
ao Palmeiras B. Assim, eles não
podem atuar pelo time principal no Paulista-2010, como
quer o técnico Antônio Carlos.
"Não houve erro de planejamento. É que não se esperava
que o time não iria bem no
Paulista", contou o coordenador da base, Ademir Prevelato.
A Traffic é outro foco de indecisão. Não há quem defenda
o final da parceria. Mas todos
criticam parte de seus atletas.
"Não forma e não tem quem
vender depois. A opção é ficar
com o enlatado da Traffic",
acusou o conselheiro Piraci de
Oliveira, opositor ligado ao ex-presidente Mustafá Contursi.
Até na diretoria há quem defenda critério com atletas da
empresa e mais parcerias.
As posições carentes para
contratações também não são
consenso. O diretor de futebol
Seraphim Del Grande defendeu a troca de atletas do meio
porque a saída de bola é ruim.
"O time joga da mesma maneira com o Vanderlei [Luxemburgo], o Muricy [Ramalho] e o
Antônio Carlos. É deficiência
dos volantes. Sem dúvida é problema de jogador", analisou.
Mas o técnico Antônio Carlos quer um centroavante. E o
conselheiro da situação Paulo
Nobre acha que é "um time
grande", embora "instável".
Todos falam em contratar.
Mas há forte corrente que defende redução de gastos pela
dívida de R$ 85 milhões.
A controvérsia ressurge sobre disciplina. Há quem pregue
cobrança e controle aos atletas,
como Clemente Pereira. E há
quem defenda protegê-los de
"campanha política da torcida
organizada", como Del Grande.
A torcida nega fazer política,
mas quer influenciar o time no
futuro como conselheiros.
A vontade de influir no time
é que cria a maior fonte de oposição ao vice Gilberto Cipullo,
acusado de centralizar o futebol -ele não falou à Folha.
Essa crítica já atingiu outros
diretores. Pedindo anonimato,
conselheiro usou velho ditado
para resumir: "As moscam mudam, mas a merda [crise palmeirense] continua a mesma."
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