São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rachado, Palmeiras não acha solução para o seu futebol

Correntes políticas do clube, de situação e oposição, têm várias opiniões sobre gestão do time, o que trava decisões

Divisão de base, parceria com a Traffic, disciplina do elenco, contratações e excesso de gastos provocam divisão entre palmeirenses

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aproveitar mais a base. Formar grupo mais velho e selecionar com critério os jovens da Traffic. Impor linha-dura ao elenco. Reduzir a pressão da torcida sobre atletas. Trocar volantes. Contratar atacante.
São todas opiniões de dirigentes e conselheiros de múltiplas correntes do Palmeiras ouvidos pela Folha sobre a crise.
O Palmeiras divide-se em seis partidos de situação e oposição que disputam espaço no clube, incluindo o futebol, enquanto se articulam para a eleição do sucessor de Luiz Gonzaga Belluzzo. Há ainda divisões menores nos grupos.
"É uma herança da Itália, que sempre teve muitas Províncias e demorou a formar seu Estado", analisou o 2º vice do clube, Clemente Pereira.
As opiniões muitas vezes se chocam e imobilizam o clube.
O caso da divisão de base palmeirense é exemplar. Há quase um consenso de que seus jogadores têm de ser utilizados.
Mas, após a boa campanha na Copa São Paulo, a diretoria deu férias a parte dos atletas. Na volta, mandou os jogadores ao Palmeiras B. Assim, eles não podem atuar pelo time principal no Paulista-2010, como quer o técnico Antônio Carlos.
"Não houve erro de planejamento. É que não se esperava que o time não iria bem no Paulista", contou o coordenador da base, Ademir Prevelato.
A Traffic é outro foco de indecisão. Não há quem defenda o final da parceria. Mas todos criticam parte de seus atletas.
"Não forma e não tem quem vender depois. A opção é ficar com o enlatado da Traffic", acusou o conselheiro Piraci de Oliveira, opositor ligado ao ex-presidente Mustafá Contursi.
Até na diretoria há quem defenda critério com atletas da empresa e mais parcerias.
As posições carentes para contratações também não são consenso. O diretor de futebol Seraphim Del Grande defendeu a troca de atletas do meio porque a saída de bola é ruim.
"O time joga da mesma maneira com o Vanderlei [Luxemburgo], o Muricy [Ramalho] e o Antônio Carlos. É deficiência dos volantes. Sem dúvida é problema de jogador", analisou.
Mas o técnico Antônio Carlos quer um centroavante. E o conselheiro da situação Paulo Nobre acha que é "um time grande", embora "instável".
Todos falam em contratar. Mas há forte corrente que defende redução de gastos pela dívida de R$ 85 milhões.
A controvérsia ressurge sobre disciplina. Há quem pregue cobrança e controle aos atletas, como Clemente Pereira. E há quem defenda protegê-los de "campanha política da torcida organizada", como Del Grande.
A torcida nega fazer política, mas quer influenciar o time no futuro como conselheiros.
A vontade de influir no time é que cria a maior fonte de oposição ao vice Gilberto Cipullo, acusado de centralizar o futebol -ele não falou à Folha.
Essa crítica já atingiu outros diretores. Pedindo anonimato, conselheiro usou velho ditado para resumir: "As moscam mudam, mas a merda [crise palmeirense] continua a mesma."


Texto Anterior: Britadeiras ofuscam festa no Soccer City
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.