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Qual o Corinthians que estará diante da Lusa?
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
O Corinthians, na cabeça do
torcedor, por certo, nestas alturas do campeonato, é um
imenso ponto de interrogação.
Afinal, que Corinthians estará diante da Lusa hoje?
Aquele irresistível alvinegro
que destroçou seu arqui-rival
verde, aquele diáfano time,
vestido de luz da cabeça aos
pés, que enfeitiçou o Atlético-PR, ou a fácil presa de Cilinho que caiu diante do modestíssimo São José na quinta?
Diria que um pouco de cada
um, posto que esse Corinthians
é um time ainda em transição.
Como tal, sujeito a tropeços
como a derrota de 2 a 0 para o
São José.
A porção que assumirá o corpo em transformação, porém,
vai depender de dois fatores: 1)
a escalação ou não de alguns
jogadores-chave, não necessariamente os mais famosos; 2) a
disposição anímica da equipe
para se estabilizar entre a euforia das goleadas sobre adversários categorizados e a depressão da derrota diante de
rival humilde.
Quanto à escalação, está na
cara que aquele Corinthians
avassalador depende muito da
qualidade da saída de bola da
defesa para o ataque, sobretudo porque, doravante, a marcação será cada vez mais rígida sobre Marcelinho e Souza,
articuladores oficiais do time.
E é aqui que entram Silvinho
e André. Silvinho, ao lado de
Fábio Augusto, manteve a segurança do setor, imprimindo-lhe, porém, leveza e fluência no passe. E André, voltando aos poucos à sua melhor
forma física, vinha sendo não
só o escape pela esquerda como, lá na frente, dava suporte
às manobras de Souza.
Sem os dois, diante do São
José, a coisa toda emperrou, e
o Corinthians passou a viver
da esperança de uma jogada
fatal de um dos seus craques
mais luminosos.
Resultado: apagou-se.
Há duas hipóteses para a saída de Brunoro do esquema
Palmeiras-Parmalat: 1) o desgaste natural do relacionamento, agravado pela falta de
perspectiva de futuros bons entendimentos, a partir da saída
de Seraphim Del Grande, um
dirigente de temperamento
amável, afinado com a típica
discrição de Brunoro; 2) a
chance de dar um salto maior
num mercado órfão de executivos específicos dessa área.
Esse negócio parece os engarrafamentos desse trânsito miserável de São Paulo: apesar
da previsibilidade óbvia, nada
se fez para evitar o problema.
Assim é com o futebol.
Há mais de 20 anos sabe-se
que esse seria o caminho inevitável: a transformação do que
era um esporte de massa numa
macroindústria de entretenimento, que atrairia vultosas
verbas publicitárias, supervalorização dos craques, transações milionárias etc. Enfim, o
futebol-empresa.
Os cartolas, assim como as
autoridades, ficaram sentados
nas suas cadeiras de palhinha,
abanando-se com o leque da
sinhá e olhando para o passado, na esperança de que o futuro jamais nos tocaria.
Tocou. Tarde, embora, tocou. E eis-nos desarmados para enfrentar um presente que é
apenas a ponta do iceberg que
se aproxima a 60 nós por minuto. Sorte do Brunoro, que está sozinho na parada, com sua
afiada visão de dois olhos numa terra de cegos.
E estultos.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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