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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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MEMÓRIA

"Os carros eram fáceis de guiar e difíceis de frear"

DA REPORTAGEM LOCAL

Assim como os outros 20 pilotos do grid, Eugène Martin chegou à pista de pouso de Silverstone, em maio de 1950, desconfiado. Ninguém sabia, ao certo, se aquela criação, aquela tal de F-1, iria emplacar.
Até a FIA (entidade máxima do automobilismo), que centralizou o comando sobre os organizadores de GPs e inventou um Campeonato Mundial naquele ano, estava receosa.
Tanto que marcou a primeira corrida da categoria para um sábado, fugindo da concorrência com a missa dominical.
Resultado ou não dessa estratégia, a estréia da F-1 foi um sucesso. Cerca de 100 mil pessoas estiveram em Silverstone para ver de perto pilotos e carros.
E "ver de perto" não é figura de linguagem. Não existiam alambrados ou barreiras de proteção separando a pista do público. Nas curvas, muitas vezes os pilotos faziam a tangência nas pernas de torcedores.
"Era perigoso para todo mundo. Para nós, para o público. Mas era um perigo delicioso", afirma Martin, que, engenheiro, adora falar sobre detalhes técnicos dos monopostos.
"Os carros daquela época eram muito nervosos. Pesavam 1.300 kg [atualmente, pesam menos de 600 kg], tinham pneus estreitos e chegavam aos 280 km/h. Eram fáceis de guiar, mas difíceis de frear", descreve.
Largando em sétimo, na segunda fila do grid, Martin abandonou na oitava das 70 voltas. O melhor Talbot no GP chegou em quarto, pilotado por Yves Giraud-Cabantous, duas voltas atrás das Alfa Romeo, que dominaram o pódio.
A vitória ficou com Giuseppe Farina, seguido por Luigi Fagioli e Reg Parnell, todos eles pilotos da escuderia italiana.
A grande ausência do primeiro GP foi a Ferrari. O time não conseguiu preparar seus carros em tempo e só estreou na F-1 oito dias depois, em Mônaco.
Além de Martin, só outro piloto do grid de Silverstone está vivo: o suíço Toulo de Graffenried, também com 88 anos, mas não com a mesma lucidez.
Muitos, como o francês, viveram o auge nos anos 40. "Minha maior vitória foi em Lyon, em 1947. Pena que muita gente não considere isso", diz. (FSX)


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