São Paulo, sábado, 27 de maio de 2000


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FUTEBOL
Futebol demais congestiona

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

É muito jogo e muito campeonato, tudo embaralhado. Libertadores da América, Paulista, Copa do Brasil, amistoso da seleção, desse jeito o torcedor fica atordoado, e o colunista não sabe sobre o que falar. Excesso de assunto tem o mesmo efeito paralisador que falta de assunto.
Façamos um sumário balanço da semana. O Corinthians e o Palmeiras passaram bravamente à semifinal do torneio que mais priorizavam, a Libertadores. Para conseguir essa classificação, inédita na sua história, o alvinegro, para variar, teve de sofrer até o último minuto, contra um Galo que se recusava a morrer.
Já o Palmeiras, tranquilo com a vantagem conquistada sobre o Atlas no jogo de ida, confirmou sua superioridade numa partida movimentada e cheia de gols.
Hoje e amanhã, palmeirenses e corintianos entram em campo, respectivamente, contra o Santos e o São Paulo, pelas semifinais do Paulista, mas seus corações e mentes já estão voltados para a batalha que os colocará frente a frente na outra semifinal, a da Libertadores. Quem vencer pegará, provavelmente, o tinhoso Boca Juniors na final. Haja nervos.
No jogo de anteontem do Palmeiras, os destaques foram Marcos, que fechou o gol, apesar de uma rebatida perigosa para o meio da área, e Euller, que dessa vez não fez gol, mas serviu muito bem os companheiros e infernizou a defesa mexicana com sua movimentação e velocidade.
Confesso que até recentemente não gostava de Euller. Apesar de veloz, ele sempre me pareceu um jogador muito limitado na técnica e na criatividade. Mas sua evolução nos últimos tempos, principalmente nessa volta ao Palmeiras, foi extraordinária.
Marcando presença em todos os pontos do ataque, arrancando em direção ao gol, abrindo espaços para os parceiros, aparecendo para concluir, Euller é hoje um poliatleta, ubíquo e mercurial. Feliz o time que pode contar com um atacante como ele. A vitória brasileira sobre o medíocre País de Gales foi dura de assistir. Mesmo a tão falada última meia hora do futebol da seleção não teve nada de extraordinário. Se chegou a empolgar a imprensa européia, isso revela mais sobre a atual penúria do futebol europeu do que sobre o que aconteceu em campo. A destacar a volta fulminante de Denílson, que, na primeira bola que pegou, construiu o segundo gol brasileiro, e a boa estréia de França com a pesada camisa canarinho.
É curioso pensar que há dois anos o trio França, Dodô e Denílson brilhava no São Paulo, levando o tricolor à conquista do Campeonato Paulista. De lá para cá, Denílson já foi o jogador mais caro do planeta, jogou uma Copa do Mundo, viveu o ostracismo num time de segunda e agora ensaia uma volta por cima.
França, por sua vez, teve um avanço contínuo e seguro rumo ao topo, e hoje é seguramente um dos três ou quatro melhores atacantes do país.
Só Dodô, por conta de uma insondável instabilidade técnica e emocional, ficou marcando passo, se é que não voltou para trás. Estará condenado a esquentar o banco de diferentes times ou, pelo contrário, vai voltar a alcançar os antigos companheiros? Nunca pensei que esta coluna tivesse tantos leitores em Jaú. Muitos deles me escreveram para dizer que o Edu, que o radialista Ademir Leonel citava como tendo sido revelado pelo XV de Jaú, é mesmo o jovem Edu, do São Paulo, transferido ao tricolor a preço de banana com 15 anos de idade.
O outro Edu, o antigo, do Santos e da seleção, é jauense, mas nunca atuou no XV local, como lembra o leitor Luiz Paulo Garro de Oliveira.
Por outro lado, além dos jauenses ilustres citados na coluna passada, o leitor Roberto Ribeiro, de São Paulo, lembra que Basílio, do Palmeiras, também começou no "Galo da Comarca", apesar de ter nascido em Andradina.
Quase todos os que escreveram, jauenses ou não, criticaram os dirigentes do XV, que abriram mão desses bons jogadores sem trazer vantagens para o clube, que hoje dá caneladas na terceira divisão.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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