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FUTEBOL
Futebol demais congestiona
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
É muito jogo e muito campeonato, tudo embaralhado.
Libertadores da América, Paulista, Copa do Brasil, amistoso da
seleção, desse jeito o torcedor fica
atordoado, e o colunista não sabe
sobre o que falar. Excesso de assunto tem o mesmo efeito paralisador que falta de assunto.
Façamos um sumário balanço
da semana. O Corinthians e o
Palmeiras passaram bravamente
à semifinal do torneio que mais
priorizavam, a Libertadores. Para conseguir essa classificação,
inédita na sua história, o alvinegro, para variar, teve de sofrer até
o último minuto, contra um Galo
que se recusava a morrer.
Já o Palmeiras, tranquilo com a
vantagem conquistada sobre o
Atlas no jogo de ida, confirmou
sua superioridade numa partida
movimentada e cheia de gols.
Hoje e amanhã, palmeirenses e
corintianos entram em campo,
respectivamente, contra o Santos
e o São Paulo, pelas semifinais do
Paulista, mas seus corações e
mentes já estão voltados para a
batalha que os colocará frente a
frente na outra semifinal, a da Libertadores. Quem vencer pegará,
provavelmente, o tinhoso Boca
Juniors na final. Haja nervos.
No jogo de anteontem do Palmeiras, os destaques foram Marcos, que fechou o gol, apesar de
uma rebatida perigosa para o
meio da área, e Euller, que dessa
vez não fez gol, mas serviu muito
bem os companheiros e infernizou a defesa mexicana com sua
movimentação e velocidade.
Confesso que até recentemente
não gostava de Euller. Apesar de
veloz, ele sempre me pareceu um
jogador muito limitado na técnica e na criatividade. Mas sua evolução nos últimos tempos, principalmente nessa volta ao Palmeiras, foi extraordinária.
Marcando presença em todos os
pontos do ataque, arrancando em
direção ao gol, abrindo espaços
para os parceiros, aparecendo para concluir, Euller é hoje um poliatleta, ubíquo e mercurial. Feliz
o time que pode contar com um
atacante como ele.
A vitória brasileira sobre o medíocre País de Gales foi dura de
assistir. Mesmo a tão falada última meia hora do futebol da seleção não teve nada de extraordinário. Se chegou a empolgar a imprensa européia, isso revela mais
sobre a atual penúria do futebol
europeu do que sobre o que aconteceu em campo. A destacar a volta fulminante de Denílson, que,
na primeira bola que pegou, construiu o segundo gol brasileiro, e a
boa estréia de França com a pesada camisa canarinho.
É curioso pensar que há dois
anos o trio França, Dodô e Denílson brilhava no São Paulo, levando o tricolor à conquista do Campeonato Paulista. De lá para cá,
Denílson já foi o jogador mais caro do planeta, jogou uma Copa do
Mundo, viveu o ostracismo num
time de segunda e agora ensaia
uma volta por cima.
França, por sua vez, teve um
avanço contínuo e seguro rumo
ao topo, e hoje é seguramente um
dos três ou quatro melhores atacantes do país.
Só Dodô, por conta de uma insondável instabilidade técnica e
emocional, ficou marcando passo, se é que não voltou para trás.
Estará condenado a esquentar o
banco de diferentes times ou, pelo
contrário, vai voltar a alcançar os
antigos companheiros?
Nunca pensei que esta coluna tivesse tantos leitores em Jaú. Muitos deles me escreveram para dizer que o Edu, que o radialista
Ademir Leonel citava como tendo
sido revelado pelo XV de Jaú, é
mesmo o jovem Edu, do São Paulo, transferido ao tricolor a preço
de banana com 15 anos de idade.
O outro Edu, o antigo, do Santos e da seleção, é jauense, mas
nunca atuou no XV local, como
lembra o leitor Luiz Paulo Garro
de Oliveira.
Por outro lado, além dos jauenses ilustres citados na coluna passada, o leitor Roberto Ribeiro, de
São Paulo, lembra que Basílio, do
Palmeiras, também começou no
"Galo da Comarca", apesar de ter
nascido em Andradina.
Quase todos os que escreveram,
jauenses ou não, criticaram os dirigentes do XV, que abriram mão
desses bons jogadores sem trazer
vantagens para o clube, que hoje
dá caneladas na terceira divisão.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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