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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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Recordista de participações e pontos em Olimpíadas, cestinha afirma que gostaria de jogar "até o fim da vida", mas que prefere deixar quadras enquanto ainda está "de pé"

Maior símbolo do basquete nacional, Oscar pára aos 45

Fernando Maia/Agência O Globo
Oscar chora ao anunciar seu adeus do basquete
 
11.jun.75/Arquivo Folha - 23.ago.87/AP - 1º.ago.96/Reuters
Oscar em três momentos na seleção: calouro, final do Pan-87 e Olimpíada-96


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem festa, sem homenagens, sem chegar a outra marca -das tantas que perseguiu na vida.
Oscar Schmidt, 45, anunciou ontem, no Rio, que a partida contra o Minas, no dia 14, pelo Nacional, foi a última de sua carreira.
"Agora podem me chamar de ex-jogador. É triste e difícil dizer adeus. Gostaria de jogar para sempre, até o fim da minha vida, mas não é possível", disse Oscar.
Seus companheiros já sabiam da decisão do ala. Após a derrota para o Minas (101 a 89), que eliminou o Flamengo da 14ª edição do Nacional, Oscar reuniu o elenco e a comissão técnica no vestiário.
"Essa foi, provavelmente, minha última partida. Quero agradecer a todos os que jogaram comigo neste campeonato", afirmou, emocionado, o cestinha.
Todo o grupo acompanhou o choro de seu principal jogador, que atuou pelo Flamengo por quatro temporadas. Ao final, o técnico Miguel Angelo da Luz e o ala Alexey, os mais religiosos do grupo, puxaram um pai-nosso.
Como primeira homenagem planejada pelo clube carioca está a aposentadoria da camisa 14, que Oscar vestiu desde o início da carreira. A Confederação Brasileira de Basquete divulgou que fará uma homenagem ao ala em um jogo da seleção masculina.
"Vocês certamente verão muitos jogadores melhores do que eu. Mas não verão ninguém que tenha treinado tanto, nem que tivesse tanta obstinação para fazer uma boa partida como eu", disse Oscar, que seguidamente declarou que, no começo da carreira, arremessava mil bolas a cada treino para melhorar a pontaria.
"Sinto que há dez anos eu tinha mais salto, mais velocidade. O que compensava era a mira, que sempre foi melhorando. Paro enquanto ainda estou de pé. É triste ver alguém parando quando não está mais de pé", comentou.
Faltavam somente 257 pontos para Oscar atingir os 50 mil na carreira (marca que não é reconhecida pela Fiba), feito facilmente alcançável para quem deixou o Nacional-03 com média de 33,1 pontos por jogo. No total, o maior cestinha da história da competição marcou 9.096 pontos nas oito edições em que esteve na quadra.
"Seria muito egoísmo da minha parte continuar jogando só para marcar os 50 mil. Muita gente achava que eu me aposentaria depois de ter ganhado o último Estadual do Rio. Mas jamais faria isso. Estava decidido a defender o Flamengo até o fim", disse Oscar.
Apesar de deixar as quadras sem essa marca, os recordes sempre fizeram parte da carreira do cestinha. Em 19 anos de seleção brasileira adulta, disputou cinco Olimpíadas -um recorde no torneio de basquete, só igualado pelo porto-riquenho Teofilo Cruz e pelo australiano Andrew Gaze.
Nessa competição, Oscar é o atleta que mais fez pontos em uma partida (55 contra a Espanha, em Seul-88), em um campeonato (338, em 88, com uma média de 42,3 por partida) e na história dos Jogos (1.093). Apesar da boa performance individual, nunca obteve uma medalha olímpica -uma de suas frustrações.
Oscar também é o maior cestinha da história dos Mundiais - fez 916 pontos em quatro edições. Sua maior conquista no torneio foi um bronze nas Filipinas-78.
Seu momento mais marcante, porém, foi o ouro no Pan de Indianápolis-87 -o Brasil bateu os EUA, e Oscar fez 46 pontos.

Colaboraram Marcelo Sakate, da Reportagem Local, e Ricardo Westin, da Sucursal do Rio


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