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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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FUTEBOL

Com tática de três zagueiros, Cruzeiro sobe ao topo da tabela na primeira divisão, e Marília surpreende na segunda

Fora de moda, 3-5-2 brilha nas Séries A e B

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Seja na primeira ou na segunda divisão do Brasileiro, o 3-5-2, vitorioso com a seleção na última Copa do Mundo, mas fora de moda no país, dá as cartas.
Enquanto usou o controverso esquema de três zagueiros, o Cruzeiro disparou na Série A. Quando perdeu o zagueiro Luisão, um dos pilares dessa tática, o time de Wanderley Luxemburgo mudou para o tradicional 4-4-2, caiu de produção e já vê os adversários bem próximos na tabela.
Na segunda divisão quem brilha usando o 3-5-2 é o Marília. O time, que hoje enfrenta o Mogi Mirim fora de casa, ocupa o topo da classificação. Faz isso em sua estréia e numa edição recheada de grandes, como Botafogo, Palmeiras e Sport.
A diferença de aproveitamento do Cruzeiro no Nacional com cada esquema deixa evidente a vantagem dos três zagueiros.
Nas quatro partidas que fez atuando dessa forma, o Cruzeiro ganhou 83% dos pontos em disputa (três vitórias e um empate).
Já nas seis ocasiões em que optou pelo 4-4-2, Luxemburgo viu o aproveitamento despencar para 61%. Seu time é também levemente mais goleador quando joga com a tática que consagrou Luiz Felipe Scolari no último Mundial -média de 2,75 gols por partida contra 2,66 do 4-4-2.
Luxemburgo nunca foi um entusiasta dos três zagueiros. No Cruzeiro, adotou a formação durante muito tempo, mas sempre ensaiou a volta ao estilo que lhe deu três títulos do Brasileiro.
Sem abrir mão dos três zagueiros, com exceção dos momentos em que teve problemas de suspensão ou contusão, o técnico Paulo Comelli colhe resultados expressivos no Marília.
Em cinco jogos na Série B, o clube acumula quatro vitórias e um empate. Ao contrário do Cruzeiro, o 3-5-2 da equipe do interior tem como ponto forte a defesa.
Até agora, a equipe sofreu apenas dois gols, o que significa uma média de 0,4 por partida, a melhor da segunda divisão.
"A equipe está se dando bem com esse posicionamento. Mas funciona pela marcação forte e por termos um ataque muito rápido", explica o técnico do Marília. Segundo ele, o esquema só funciona com os jogadores apropriados. "Sem os atletas ideais, o 3-5-2 fica muito defensivo", afirma o treinador.

Para poucos
O bom retrospecto do 3-5-2 nos líderes das duas principais divisões do futebol do país não anima outras equipes.
Na Série A, só Fluminense e Criciúma adotaram linhas de três zagueiros na última rodada. Treinadores adeptos do 3-5-2, como Tite, do Grêmio, e Oswaldo Alvarez, do Atlético-PR, escolheram novas fórmulas para suas equipes.
Na segunda divisão, apenas quatro equipes, além do Marília, começaram o certame, que já tem cinco rodadas, dessa forma.
A seleção brasileira também abandonou de vez o esquema de Scolari, mas ainda não colheu resultados com a nova tática -o 4-4-2 de Carlos Alberto Parreira gerou até agora, em três jogos, dois empates e uma derrota, com apenas um mísero gol marcado, ainda assim feito em um pênalti.
Para Comelli, apesar de afirmarem que não jogam no 3-5-2, muitas treinadores do país jogam dessa forma.
"Acho que 70% dos clubes acabam atuando com três zagueiros, já que quase sempre um volante é recuado para a zaga", afirma o técnico do Marília.


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