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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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Marília chega privatizado ao topo da 2ª divisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só no esquema tático que o Marília parece com o Cruzeiro.
Assim como o clube mineiro, um oásis em meio a clubes quebrados e sem dinheiro para investimento, o time do interior de São Paulo vive numa realidade distinta da empobrecida Série B.
O Marília é um dos raros clubes do país que ainda vivem o sonho do "futebol empresa".
Desde abril de 2001 o clube é administrado pela American Sport, empresa local que assumiu um time decadente e já colhe resultados expressivos em campo.
No ano passado, com um elenco bem superior ao dos concorrentes, foi campeão da segunda divisão do Paulista e vice-campeão da Série C, conseguindo assim o acesso à segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
"Vivemos em função dos patrocínios obtidos pela American Sport", admite José Roberto Duarte de Mayo, presidente do Marília, que é primo do dono da empresa que toca o clube.
Com um leque de pequenos patrocínios e convênios, como com uma empresa médica, que garante infra-estrutura para o departamento profissional e as categorias de base, o Marília banca 75% das suas despesas, que não são reveladas pela diretoria, mas que, na maioria dos casos, são 100% maiores do que outras equipes do interior paulista na Série B.
Da prefeitura, a equipe só recebe ajuda na manutenção do estádio. Para reforçar o caixa, o clube lançou carnês para toda a primeira fase do certame. Foram comercializados, até agora, pouco mais de 200, cada um valendo R$ 700.
Mayo calcula que a verba obtida com o contrato de televisão recentemente assinado para a transmissão da segunda divisão, além dos recursos próprios, irá possibilitar, no mínimo, que o Marília feche o ano sem prejuízo.
"Um dos nossos segredos é nunca atrasar os pagamentos. Essa fama corre no interior, e por isso todos querem jogar aqui", afirma o presidente. Segundo ele, o clube recebe por dia, em média, dez currículos de jogadores interessados em defender o Marília.
Mas, na verdade, é a diretoria que foi atrás de jogadores para formar o elenco. Para a disputa da Série B foram contratados jogadores veteranos, como o zagueiro Andrei, famoso por suas cobranças de faltas, o meia Bechara, que destacou-se no São Caetano, e o atacante Camanducaia, revelado no Santos e que passou um bom tempo no futebol mexicano.
Todos eles foram atraídos por uma política de risco, mas lucrativa. O Marília prefere pagar salários baixos, mas bons bichos.
A diretoria e a American Sport não escondem que o caminho seguido pelo clube é o mesmo do São Caetano, que deu um pulo da terceira à primeira divisão em curto período de tempo.
"Nosso parâmetro é o São Caetano. Fazemos tudo de forma bem parecida", diz Mayo, que não descarta seu time na elite do país na próxima temporada. "Nosso clube é modesto, mas sempre pensamos em chegar." (PC)


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