São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AÇÃO

Surfando com a cabeça

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Faz algum tempo que a comunidade do surfe busca encontrar maneiras de criar novos formatos de disputas, de se reinventar. A intenção, na verdade, é resgatar o velho espírito do esporte: o de companheirismo, de divertimento acima de tudo. Tirar, se é que isso é possível, um pouco do ranço competitivo que se instalou com a profissionalização sem abrir mão dos benefícios que ele traz. Um desafio que tem sido proposto de dentro para fora e por isso extremamente válido.
Depois de Brad Gerlach apresentar ao mundo seu "The Game" (formato entre equipes que visa criar uma liga americana de surfe como as de beisebol e basquete), foi a vez de Kelly Slater contribuir com a revolução. Foi dele a iniciativa de levar para as ilhas Tavarua e Namotu, em Fiji, um grupo de surfistas e celebridades para, durante festa de três dias, testar novos formatos de provas e celebrar o esporte com muita música e discussões filosóficas sobre surfe.
Ao evento deu-se o nome de "Kelly Slater Invitational: Let's See It". Como Slater é um profissional que entende as regras do jogo, tratou de convidar para essa extravagância membros da ASP. A idéia era usar esses dias para fazer, sob o olhar atento dos membros da associação, um grande laboratório. As sessões eram filmadas, discutidas e avaliadas por todos que ali estavam.
O local escolhido não poderia ser mais paradisíaco, e as estrelas convidadas (o ator Cris Klein, de "American Pie", Lance Bass, do N'Sync, o skatista Tony Hawk, a modelo e surfista Marissa Miller, além dos surfistas Tom Carrol, Andy Irons, Mark Occhilupo, Taylor Knox, Bruce Irons, Tom Curren e Shane Dorian, entre outros) eram pessoas ligadas, por prazer ou por profissão, ao surfe. De 21 a 24 de maio, portanto, essa gente se "trancou" em Fiji para estudar a evolução do esporte.
O resultado foram algumas boas, e outras nem tanto, novas maneiras de competir ou apimentar formatos. Segundo Slater, pensou-se em estratégias para impactar velhos critérios, discutiram-se diferentes formas de pontuação e algumas sessões foram, no mínimo, acrobáticas. Como, por exemplo, a que se deu o nome de "Syncrhronize surfing", na qual duplas de competidores tinham que apresentar rotinas que se completassem harmonicamente. Num swell de seis pés o desafio foi enorme, e apenas um time não se trombou: o formado por Slater e Taj Burrow. Os demais protagonizaram acidentes espetaculares para as celebridades que estavam assistindo. "Foi de dar medo", disse Burrow depois. "Não há muito espaço para manobras quando tem alguém na mesma onda tentando seguir seus passos e também tentando ver os sinais que você faz com as mãos indicando o próximo movimento."
Em outra experiência, duplas de surfistas e celebridades competiram entre si e, em outra, surfistas dividiram-se em dois times.
Para todas houve uma contagem simbólica de pontos, até porque só assim membros da ASP poderiam avaliar a viabilidade das experimentações. Na soma geral, apenas para registro, Slater (quem mais?) foi o vencedor.

Proibido para maiores de 21
Também num formato diferente, o Oakley Junior Challenge começa hoje, no Rio, com previsão de ondas de 3 m. Mais jovem campeão mundial júnior, Mineirinho, agora com 17, volta a surfar no Brasil.

Festa em Hollywood
Campeão mundial na vertical em 2003 e primeiro a completar um 900 de backside, o skatista brasileiro Sandro Dias foi homenageado ontem nos EUA.

Arte e cultura surfe
Nesta semana os 70 convidados iniciais da Mostra Internacional que acontecerá em julho, em São Paulo, elegem os finalistas em 19 categorias e os novos membros do colégio eleitoral.

E-mail sarli@trip.com.br


Texto Anterior: Tênis: Guga encara belga na 2ª rodada de Roland Garros de olho no relógio
Próximo Texto: Futebol - Soninha: Aplicação, talento e sorte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.