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Terceirizado, Noroeste pode acabar
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
das Regionais
Uma das primeiras tentativas de
"terceirização" de um clube de futebol do interior paulista está com
os dias contados.
Os empresários de São Paulo que
haviam assumido a direção do Noroeste, de Bauru, clube da segunda
divisão estadual, renunciaram aos
cargos na última semana.
Sem presidente, devendo duas
folhas de pagamento a jogadores e
comissão técnica, com as rendas
penhoradas pela Justiça e elenco
reduzido, o clube, fundado em
1910, corre o risco de fechar as portas antes do final desta temporada.
O Noroeste vinha sendo dirigido,
desde 97, pelos empresários Archivaldo Reche, presidente, e Damião
Garcia, presidente de honra, que já
foi candidato a vice-presidente do
Corinthians em uma chapa da
oposição.
Mesmo sem ter ligação com o
clube e distante cerca de 350 km de
Bauru, Reche assumiu o cargo com
o objetivo de "profissionalizar" a
administração do Noroeste e reconduzi-lo à primeira divisão.
Ele e Garcia injetaram dinheiro
no departamento profissional, e o
clube chegou a ter uma folha de pagamento de R$ 150 mil mensais.
Em campo, o time disputou as finais da Série A-2 no ano passado,
mas não obteve a classificação.
Neste ano, no entanto, o Noroeste
tem apenas duas vitórias -é um
dos "lanternas" da competição e
forte candidato ao rebaixamento.
A média de público de seus jogos
é uma das mais baixas, e suas rendas vêm sendo penhoradas pela
Justiça para saldar dívidas.
"Diante disso, decidimos renunciar. Esperávamos contar com
mais apoio dos empresários e até
da prefeitura", diz Reche. A Folha
apurou que o clube deve cerca de
R$ 1 milhão para os empresários.
Com a renúncia de Reche, o cargo de presidente do Noroeste pode
ficar vago até o final do campeonato, pois o presidente do Conselho
do clube, o empresário Cláudio
Amantini, que deveria assumir a
vaga, diz que irá seguir os colegas
demissionários.
"Se eles não voltarem atrás, também apresento minha carta de renúncia." Na próxima segunda,
uma reunião do Conselho vai tentar contornar a situação.
Descontente, um grupo de torcedores e ex-dirigentes do Noroeste
decidiram formar uma "comissão
de apoio" para tentar manter o clube na segunda divisão.
"Houve um exagero de gastos
por parte da diretoria, que cometeu também outros erros. Eles injetaram dinheiro, mas administraram mal", diz o radialista Celso
Zinsly, da comissão.
Mas a pior condição parece ser a
do ex-jogador Baroninho, atual
técnico do Noroeste. Em um jogo
contra o São Caetano, ele contou
apenas com 14 jogadores.
"Quase não consegui pôr o time
em campo. Quando os atletas não
recebem, fica complicado", diz.
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