São Paulo, quinta, 27 de maio de 1999

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Terceirizado, Noroeste pode acabar

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
das Regionais

Uma das primeiras tentativas de "terceirização" de um clube de futebol do interior paulista está com os dias contados.
Os empresários de São Paulo que haviam assumido a direção do Noroeste, de Bauru, clube da segunda divisão estadual, renunciaram aos cargos na última semana.
Sem presidente, devendo duas folhas de pagamento a jogadores e comissão técnica, com as rendas penhoradas pela Justiça e elenco reduzido, o clube, fundado em 1910, corre o risco de fechar as portas antes do final desta temporada.
O Noroeste vinha sendo dirigido, desde 97, pelos empresários Archivaldo Reche, presidente, e Damião Garcia, presidente de honra, que já foi candidato a vice-presidente do Corinthians em uma chapa da oposição.
Mesmo sem ter ligação com o clube e distante cerca de 350 km de Bauru, Reche assumiu o cargo com o objetivo de "profissionalizar" a administração do Noroeste e reconduzi-lo à primeira divisão.
Ele e Garcia injetaram dinheiro no departamento profissional, e o clube chegou a ter uma folha de pagamento de R$ 150 mil mensais.
Em campo, o time disputou as finais da Série A-2 no ano passado, mas não obteve a classificação. Neste ano, no entanto, o Noroeste tem apenas duas vitórias -é um dos "lanternas" da competição e forte candidato ao rebaixamento.
A média de público de seus jogos é uma das mais baixas, e suas rendas vêm sendo penhoradas pela Justiça para saldar dívidas.
"Diante disso, decidimos renunciar. Esperávamos contar com mais apoio dos empresários e até da prefeitura", diz Reche. A Folha apurou que o clube deve cerca de R$ 1 milhão para os empresários.
Com a renúncia de Reche, o cargo de presidente do Noroeste pode ficar vago até o final do campeonato, pois o presidente do Conselho do clube, o empresário Cláudio Amantini, que deveria assumir a vaga, diz que irá seguir os colegas demissionários.
"Se eles não voltarem atrás, também apresento minha carta de renúncia." Na próxima segunda, uma reunião do Conselho vai tentar contornar a situação.
Descontente, um grupo de torcedores e ex-dirigentes do Noroeste decidiram formar uma "comissão de apoio" para tentar manter o clube na segunda divisão.
"Houve um exagero de gastos por parte da diretoria, que cometeu também outros erros. Eles injetaram dinheiro, mas administraram mal", diz o radialista Celso Zinsly, da comissão.
Mas a pior condição parece ser a do ex-jogador Baroninho, atual técnico do Noroeste. Em um jogo contra o São Caetano, ele contou apenas com 14 jogadores.
"Quase não consegui pôr o time em campo. Quando os atletas não recebem, fica complicado", diz.



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