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O time da temporada européia
MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas
Ao conseguir virar o jogo nos
descontos e bater o Bayern de
Munique por 2 a 1, em uma das
mais emocionantes finais da
Copa dos Campeões da Europa,
o Manchester United consolidou a sua posição como o time
europeu da temporada.
Obteve o que poucos conseguiram até agora. Ganhar a
tríplice coroa: o Nacional, a
Copa da Inglaterra e o principal torneio europeu de clubes.
A vitória do caríssimo time
do United, como os ingleses dizem, tem suas lições. Primeiro,
ela reflete a tentativa de melhorar a qualidade do futebol
daquele país, sem perder, o que
é importante, as principais virtudes de sua escola: a velocidade, o passe longo e o jogo aéreo.
Segundo, ela reflete também o
espírito do técnico Alex Ferguson, que montou um time disposto a correr altos riscos táticos
ao procurar sempre o ataque e a
vitória. Quem viu o jogo pôde
perceber o quão vulnerável fica
a sua defesa de quatro jogadores, com um meio-campo que
sai muito para atacar.
Mas pôde constatar também
que o 4-4-2 do United é de fachada. Na prática, com a posse
de bola, ele joga em um 4-3-3
agressivo, com Giggs exercendo
o papel de ponteiro avançado
(no Camp Nou, ontem, ele atacou mais pela direita, com Beckham, que normalmente faz os
cruzamentos por esse setor,
atuando mais no meio).
A vitória do Manchester foi o
prêmio para um time de explosão e que procurou a vitória até
quando parecia que não havia
mais tempo para tal. Além disso, Alex Ferguson estava iluminado: os gols (do veterano
Teddy Sheringhan e do norueguês Ole Gunnar Solksjaer) foram marcados por atletas que
ele colocou no segundo tempo.
Mas o Bayern de Munique,
um time mais experiente e com
mais coesão tática, jogou muito
bem, e a derrota é uma punição
muito dura para dois jogadores:
Lottar Matthaeus (38 anos, ainda um leão em campo) e para o
jovem zagueiro vindo de Gana
Samuel Kouffour (fez uma
grande partida e chorava desesperadamente ao final do jogo).
Fico sempre dividido quando
se trata de recomendar a leitura de algum livro ou texto. Por
um lado, uma indicação sempre carrega um ar de pedantismo, de superioridade de quem
a está fazendo.
Por outro lado, não indicar o
que estamos lendo ou o que lemos de bom pode parecer egoísmo, incapacidade de dividir
com os outros as coisas boas, às
quais temos acesso.
Não querendo cair em nenhum dos dois erros, mas correndo o risco de cair nos dois,
registro que o escritor Salman
Rushdie tem um ótimo artigo
sobre futebol na edição desta
semana da revista "The New
Yorker". Ele tenta convencer o
público de elite dos EUA -o
leitor da "New Yorker"- que
futebol é legal.
É incrível que um escritor
com muitas dificuldades de locomoção, como ele, desde que
vem sendo perseguido por fanáticos religiosos, ainda encontre disposição e coragem
para ir a Wembley torcer pelo
londrino Tottenham Hotspur.
"Isso é o que significa ser torcedor: esperar, suportar décadas de desilusão e ainda assim
não ter alternativa em termos
de fidelidade", escreve Rushdie, que ficou longos anos na fila com o seu Spurs. Falou e disse, bicho, como se dizia antigamente.
²
Matinas Suzuki Jr. escreve às quintas e é diretor editorial-adjunto da Abril S.A.
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