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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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Sul-americanos perdem, e Copa-06 terá 32 seleções


Autora da proposta de inchar o Mundial para 36 times, Conmebol crê que será indenizada pela Fifa com volta da "meia vaga" perdida para Oceania


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A reunião do Comitê Executivo da Fifa nem começou, mas o tema mais polêmico de sua pauta já está definido: a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, não será inchada. A competição terá 32 seleções, o mesmo número do último Mundial. O encontro começa hoje em Paris, mas a decisão só será anunciada amanhã.
Para aceitar a proposição do presidente da Fifa, Joseph Blatter, o grande vencedor da queda-de-braço, os sul-americanos, autores da proposta do inchaço, conseguiram incluir na reunião a possibilidade de o continente voltar a ter repescagem contra a Oceania.
A Confederação Sul-Americana (Conmebol) detonou o lobby pela Copa com 36 times especialmente para compensar a "meia vaga" perdida para aquele continente, que, por decisão da Fifa, deveria ter um representante certo na Alemanha. Se isso for mantido, a América do Sul terá quatro times.
Mas, segundo a Folha apurou, são boas as chances de a divisão voltar a ser como antes.
A proposta de inchaço foi derrubada principalmente pela influência das áreas de comercialização de direitos e marketing da Fifa. Tiveram peso também os votos de Michel Platini, presidente do Comitê Técnico da Fifa, e de Franz Beckenbauer, presidente do Comitê Organizador da Copa.
Apesar de ter prometido empenho para aprovar o inchaço, Lennart Jonhanson, presidente da Uefa (que reúne as federações européias), não conseguiu unir seus filiados em torno da mudança.
As federações alemã e escocesa, que estavam contra a proposta, não mudaram de posição.
Para evitar uma derrota completa na negociação, os sul-americanos propuseram então a recuperação da "meia vaga" -consideram que, devido à fragilidade dos times da Oceania, terão quase um posto a mais garantido.
Anunciada em dezembro, a conquista de uma vaga só para a Oceania foi fruto de lobby persistente nos últimos anos dos dirigentes da região, que ganharam força durante a gestão de Blatter.
Outro argumento da América do Sul para voltar a disputar uma quinta vaga é o continente ter sido prejudicado com a novidade de o campeão mundial, o Brasil, não estar garantido na Alemanha.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, integrante do Comitê Executivo da Fifa, foi um dos idealizadores da contraproposta. Aliado de Blatter (sonha em ser o sucessor do suíço) e um dos mais influentes cartolas da América do Sul, ele viu o recuo como estratégico para manter acessa a possibilidade de alçar vôos mais altos na entidade máxima do futebol.
Desde a última reunião da Conmebol, mês passado, na Bolívia, quando surgiu a fórmula que possibilitaria a Copa com 36 equipes -a inédita disputa de uma repescagem-, boa parte dos sul-americanos já avaliava como improvável que a proposta passasse.
Ao sentir que Blatter estava irredutível (disse que nem Einstein encontraria uma fórmula para fazer a Copa com 36 times), a Conmebol traçou seu "plano B".
Vendo que a derrota era quase iminente, os dirigentes sul-americanos chegaram a apelar para a emoção. Numa carta a Platini e Beckenbauer, o argentino Julio Grondona, vice da Fifa, pediu que não matassem a Copa, a "galinha dos ovos de ouro" do futebol.


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