|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOXE
Uma outra perspectiva
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Todos assistiram ao mesmo
combate no final de semana?
Me refiro à defesa do campeão
dos pesos-pesados do CMB (e
campeão linear), Lennox Lewis,
contra o gigante Vitali Klitschko.
Três coisas me intrigaram: o
modo como a imprensa reagiu,
classificando o combate como
"um dos mais brutais dos últimos
tempos", o fato de Klitschko estar
em vantagem nas papeletas dos
jurados na hora da paralisação
da luta e essa nova percepção de
que Klitschko é um guerreiro.
Primeiro, a maior parte da luta,
com exceção do segundo assalto,
foi marcada por uma postura
cautelosa do campeão e do desafiante e pelo excesso de agarrões.
Alguns poucos golpes potentes
foram acertados, no entanto não
houve nenhuma queda legítima.
Acho que ninguém está comparando Lewis-Klitschko com, para
não ir muito longe, qualquer uma
das lutas da trilogia envolvendo
Evander Holyfield-Riddick Bowe.
Só para completar minha linha
de raciocínio: se o combate foi tão
brutal, como é que ninguém chegou nem perto de um nocaute?
Segundo, creio que não estava
assistindo ao mesmo combate
que os jurados. Sim, o ucraniano,
de 1,98 m, dominou os dois assaltos iniciais sobre Lewis, que, aliás,
estava fora de sua forma ideal.
Ele acertou algumas bombas
que o britânico aparentou sentir.
Mas, após sofrer no terceiro assalto o corte no supercílio que depois causou o fim da luta, Klitschko pouco fez. Só tentou demonstrar agressividade com alguns
golpes fracos (ou imprecisos).
Um empate estaria de muito
bom tamanho. Esta opinião é
compartilhada pelo jurado internacional que trabalhou na transmissão para o Brasil, Daniel Fucs,
que tinha Lewis vencendo a luta.
Em terceiro lugar, Klitschko pode ter dado seu showzinho após a
luta, levantando as mãos em protesto à decisão do médico e afirmando que poderia prosseguir.
Mas o fato é que suas ações,
principalmente no fim do sexto
assalto, quando só queria saber
de dar agarrões para evitar o castigo, demostravam que o fim estava próximo. Àquela altura, sua
combinação preferida era o jab
seguido pelos agarrões. De certa
forma, ele praticamente desistiu.
Quer ver outro caso de um lutador que aparentou agressividade
mas praticamente nada fazia?
O legendário Roberto "Manos
de Piedra" Durán se desmoralizou depois de ter proferido o infame "no más, no más" como maneira de desistir na revanche com
"Sugar" Ray Leonard, em 1980.
O que poucos se deram conta é
que no terceiro encontro com
Leonard, em 1989, o panamenho
repetiu o "no más". Não foi verbalmente: nessa oportunidade foi
em forma de linguagem gestual.
Naquele derradeiro combate
com Leonard, Durán pouco fez.
Limitou-se a seguir Leonard no
ringue, mostrando agressividade
"com os pés", mas relutava em
disparar os punhos (evitando assim os contra-ataques). E perdeu.
Quem não pôde acompanhar
Lewis-Klitschko e quiser conferir
com os próprios olhos terá nova
chance de conferir o combate
amanhã. O canal a cabo BandSports anuncia exibição de VT do
combate amanhã, às 20h.
Após Popó
O mexicano Javier "Chatito" Jauregui, derrotado por Acelino Freitas,
provou que há vida após Popó. Na última semana, venceu eliminatória para desafiar o campeão dos leves da FIB ao impor um nocaute
brutal sobre Juan Golo-Gomez Trinidad. Além disso, foi classificado
como "subestimado" pela tradicional "The Ring" e é o mais bem sucedido ex-rival de Popó. Fiquei satisfeito com sua vitória por um motivo pessoal. Quando desafiou o baiano em 2000, afirmei que seria a
defesa de título mais difícil de Popó até aquele momento. Não caiu
muito bem quando foi nocauteado a só 1min23s do primeiro assalto.
Sem Popó
A ESPN International exibe hoje, às 22h, VT da mais recente luta do
ex-campeão Diego Corrales, que já foi cogitado para pegar Popó.
E-mail eohata@folhasp.com.br
Texto Anterior: Vôlei: Seleção usa Portugal como sparring em MG Próximo Texto: Futebol - José Roberto Torero: Pequeno dicionário santista Índice
|