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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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FUTEBOL

Coração de Foe, 28, pára em semifinal da Copa das Confederações; Blatter afirma que "o futebol tem que continuar"

Morte de camaronês abala torneio da Fifa

France Presse
Em Lyon, Foe é socorrido por Patino


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Aos 27min do segundo tempo, sem ter sido atingido por nenhum outro atleta, o camaronês Marc-Vivien Foe, 28, tombou, inconsciente, no círculo central do gramado do estádio Gerland, em Lyon. A seleção de seu país batia a Colômbia por 1 a 0 pela semifinal da Copa das Confederações. Cerca de uma hora depois, o jogador foi declarado morto.
Até o fechamento desta edição a causa da morte não havia sido divulgada. De acordo com as autoridades locais, somente após uma autópsia seria possível precisar o que aconteceu com o atleta. Mas um porta-voz da Fifa disse que o coração de Foe parou.
Na outra semifinal do torneio, entre França e Turquia, o serviço de som do Stade de France anunciou a morte do volante e pediu um minuto de silêncio, o que efetivamente aconteceu. A mulher de Foe estava no estádio.
O clima de velório também impediu a realização das tradicionais entrevistas coletivas dos treinadores de Camarões e Colômbia. As imagens da agonia de Foe foram chocantes. Ao tombar no gramado, seus olhos estavam todos brancos. O atendimento médico não demorou a chegar. Enquanto o jogador era retirado, a partida, em ritmo alucinante, seguia sob uma temperatura de aproximadamente 35C.
O volante foi levado para o centro médico do estádio, onde tentaram reanimá-lo por 45 minutos.
Imagens da TV francesa mostravam um clima de comoção nas ruas das principais cidades camaronesas: Foe, que defendia o Manchester City (ING), era um dos atletas mais experientes de Camarões. Ele jogava grandes torneios internacionais pelo seu país desde 1994. Esteve nos Mundiais de 1994 (EUA) e 2002 (Japão e na Coréia).
"É um dia triste para o futebol, para a Fifa e para toda a família do jogador", lamentou em comunicado a entidade máxima do futebol mundial. "É cedo para determinar as causas da morte", disse Alfred Müller, médico da Fifa.
Em entrevista à TV francesa, Joseph Blatter, presidente da Fifa, disse que Camarões não deve abandonar o torneio pela tragédia. "Perdemos um grande jogador e um grande homem. Mas o futebol tem que continuar."
Na atual Copa das Confederações, Foe vinha se destacando com sua equipe -atuou em duas das três partidas da primeira fase, incluindo o duelo contra o Brasil.
Era um dos jogadores mais fortes do parrudo time de Camarões. Segundo dados oficiais da Fifa, ele tinha 1,94 m e 84 kg. Antes do Manchester City, o volante havia passado por Lyon (FRA), Lens (FRA) e West Ham (ING).
Com a tragédia, as semifinais da Copa das Confederações ficaram em segundo plano, e quem levou a melhor foram Camarões e França. Mesmo com o drama de Foe, Camarões conseguiu segurar a vantagem obtida no início da partida e despachou a Colômbia por 1 a 0. Já a França bateu a Turquia por 3 a 2 -no primeiro gol, os franceses celebraram o gol apontando para o céu, em homenagem ao camaronês- e fará, no domingo, a final contra os africanos. Amanhã, colombianos e turcos irão decidir o terceiro lugar.


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