São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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CLÓVIS ROSSI

A ilusão italiana

É VERDADE que a Itália compartilha com a Alemanha a posição de segundas maiores vencedoras na história da Copa do Mundo (três títulos cada uma, atrás apenas dos cinco do Brasil).
Mas dois dos triunfos italianos foram na pré-história do futebol, antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Depois disso, a Itália só fez uma grande Copa, justamente aquela em que eliminou uma das melhores seleções brasileiras (3 a 2), em 1982, na Espanha.
Aliás, é melhor corrigir: fez metade de uma grande Copa, porque na primeira fase empatou todas as três partidas, inclusive uma com o Peru, que não é exatamente um país de forte tradição em futebol. Nos jogos seguintes, de fato, os italianos foram bem e ganharam com todos os méritos.
Mas é só. Nem em casa (1990) tiveram desempenho memorável. Nas finais que perderam (1970 e 1994), deram vexame. Na primeira, tomaram uma rara goleada em finais (Brasil, 4 a 1). Na segunda, Brasil e Itália conseguiram a façanha, para esquecer, de terminar o jogo e a prorrogação no zero, a primeira final decidida nos pênaltis.
Sobre a Itália, é muito provável que a memória registre aquele chutão de Baggio para os céus, o que definiu a série para o Brasil.
Não obstante, a Itália sempre chega como uma das favoritas a qualquer competição, global ou européia. Raramente justifica o favoritismo. Agora, por exemplo, não está justificando. Seu goleiro, Gian-luigi Buffon, foi eleito o melhor jogador da partida contra a Austrália (Itália, 1 a 0), o que diz tudo sobre o medíocre desempenho dos italianos.
Além disso, o pênalti que deu a vitória à Itália não existiu. Grosso jogou-se sobre o australiano caído e enganou o juiz. A favor deste diga-se que, no ato, parecia mesmo pênalti. Só sucessivas repetições mostraram o engodo.
Não custa dizer também que a resistência que a Austrália ofereceu a uma seleção sempre entre as grandes não quer dizer que os "socceroos" (cangurus do futebol) são uma Brastemp e, portanto, que não se justificam as críticas ao Brasil no jogo contra os australianos. Justificam-se, sim.
Brasil (nas duas primeiras partidas), Itália e Austrália jogaram pouco.
Ucrânia x Suíça acabou sendo mais divertido. E a Suíça fez lembrar a Itália-94. Piorada.


@ - crossi@uol.com.br

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