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CLÓVIS ROSSI
A ilusão italiana
É VERDADE que a Itália
compartilha com a
Alemanha a posição
de segundas maiores vencedoras na história da Copa do Mundo (três títulos
cada uma, atrás apenas dos
cinco do Brasil).
Mas dois dos triunfos italianos foram na pré-história do futebol, antes da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
Depois disso, a Itália só
fez uma grande Copa, justamente aquela em que eliminou uma das melhores
seleções brasileiras (3 a 2),
em 1982, na Espanha.
Aliás, é melhor corrigir: fez
metade de uma grande Copa, porque na primeira fase
empatou todas as três partidas, inclusive uma com o
Peru, que não é exatamente um país de forte tradição
em futebol. Nos jogos seguintes, de fato, os italianos
foram bem e ganharam
com todos os méritos.
Mas é só. Nem em casa
(1990) tiveram desempenho memorável. Nas finais
que perderam (1970 e
1994), deram vexame. Na
primeira, tomaram uma
rara goleada em finais
(Brasil, 4 a 1). Na segunda,
Brasil e Itália conseguiram
a façanha, para esquecer,
de terminar o jogo e a prorrogação no zero, a primeira
final decidida nos pênaltis.
Sobre a Itália, é muito
provável que a memória registre aquele chutão de
Baggio para os céus, o que
definiu a série para o Brasil.
Não obstante, a Itália
sempre chega como uma
das favoritas a qualquer
competição, global ou européia. Raramente justifica
o favoritismo. Agora, por
exemplo, não está justificando. Seu goleiro, Gian-luigi Buffon, foi eleito o
melhor jogador da partida
contra a Austrália (Itália, 1
a 0), o que diz tudo sobre o
medíocre desempenho dos
italianos.
Além disso, o pênalti que
deu a vitória à Itália não
existiu. Grosso jogou-se sobre o australiano caído e
enganou o juiz. A favor deste diga-se que, no ato, parecia mesmo pênalti. Só sucessivas repetições mostraram o engodo.
Não custa dizer também
que a resistência que a Austrália ofereceu a uma seleção sempre entre as grandes não quer dizer que os
"socceroos" (cangurus do
futebol) são uma Brastemp
e, portanto, que não se justificam as críticas ao Brasil
no jogo contra os australianos. Justificam-se, sim.
Brasil (nas duas primeiras
partidas), Itália e Austrália
jogaram pouco.
Ucrânia x Suíça acabou
sendo mais divertido. E a
Suíça fez lembrar a Itália-94. Piorada.
@ - crossi@uol.com.br
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