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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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AS PANTERAS

Aos 17, Nathália, na carabina de ar, e Élora, no sabre, vão ao Pan em esportes pouco praticados por mulheres do país

Teens com arma e espada são promessa brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

Nathália Vasconcellos portará uma carabina. Élora Patarro empunhará um sabre. As duas atletas, de apenas 17 anos, vão armadas ao Pan de Santo Domingo.
Élora e Nathália são duas das principais promessas da equipe brasileira em esportes pouco praticados no país, principalmente entre as mulheres.
Élora chega ao seu primeiro Pan-Americano quatro anos após começar a praticar esgrima. A adolescente de classe média de São Paulo começou no esporte por incentivo da mãe, que assistiu a uma demonstração em um shopping da capital paulista.
Nathália pratica tiro esportivo há cinco anos e também entrou no esporte com impulso da família. Aos 12 anos, começou a trilhar os passos do pai atirador, brincando de empunhar armas no fundo de um stand no Recife.
A brincadeira, aos poucos, passou a ser levada a sério. Nathália já disputou duas Copas Sul-Americanas (em 1999 e 2002, quando foi vice) e dois Mundiais (em 2001 e 2003, sem resultados expressivos). Obteve ainda três títulos e seis recordes brasileiros.
Neste ano, ela viaja pela primeira vez para um Pan para disputar a prova da carabina de ar. Leva na bagagem um MQS, o índice mínimo que um atleta precisa fazer para poder disputar uma vaga em uma Olimpíada.
"Estou me sentindo meio pressionada porque é a primeira vez. Mas é incrível", afirmou a atleta, que está fazendo acompanhamento psicológico e nutricional junto com os treinos.
Para Élora, os primeiros resultados também não demoraram a aparecer. A esgrimista já foi campeã pan-americano adulto no sabre em 2001 e, no ano passado, amealhou o vice-campeonato nos Jogos Sul-Americanos.
Sua principal conquista ocorreu neste ano, quando obteve a prata no Campeonato Mundial na sua faixa etária, a primeira da esgrima do Brasil na história.
"Esse resultado me pegou de surpresa. Eu era meio penetra, não tinha pretensão de ganhar nada, já que quase não viajamos para o exterior", conta.
Hoje, Élora se considera uma promessa. Sua perspectiva é chegar com chances reais de medalhas ao Pan de 2007, no Rio.
Enquanto conquistam resultados, as duas atletas seguem suas rotinas adolescentes.
Élora cursa o terceiro ano do segundo grau e gosta de ler e ir ao cinema como a maioria das meninas de sua idade.
Filha de Bueno e Magaly, que vivem do aluguel de casas, Nathália divide o tempo entre o segundo ano do ensino médio e os treinos. E ainda aguenta muita brincadeira dos amigos.
"Todo mundo fala: "não mexe com ela porque ela atira" ou "Deus me livre namorar essa menina"...", diverte-se. "Mas todos me apóiam muito", completa a atiradora, que já encontrou um parceiro corajoso: namora há nove meses. (ML)


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