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Brasileiro abre vagas para zagueiros
Proliferação dos esquemas 3-5-2 e 3-6-1 faz postos para defensores aumentarem quase 30% em relação há dez anos
Procura por pé-de-obra na posição faz atletas pensarem em mudar de setor e valoriza novatos nos clubes da elite do campeonato nacional
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A tática no Brasileiro-06, que
abre neste final de semana seu
returno, virou quase um samba
de uma nota só. Sorte de quem
joga na posição da linha que fica mais longe do gol adversário.
A invasão do esquema 3-5-2 e
a sua nova variação, o 3-6-1, faz
a festa dos zagueiros. A participação deles nos elencos dos
clubes que disputam a primeira
divisão do Nacional aumentou
cerca de 30% em relação ao que
acontecia há dez anos, quando
quase todo mundo jogava no
tradicional, para os padrões
brasileiros, 4-4-2, em que havia
espaço para apenas dois zagueiros na formação titular.
Em 1996, por exemplo, cada
um dos integrantes do trio de
ferro paulistano utilizou em todo o campeonato cinco zagueiros. Agora, em menos de 20 jogos, já são sete para cada um.
A atual edição do Nacional já
teve rodadas, como a do final de
semana passado, em que 12 times jogaram com três zagueiros. Eles tomam, obviamente,
os postos dos atacantes, cuja
redução do mercado de trabalho ocorre praticamente na
mesma proporção do aumento
de oportunidades para os defensores na mais importante
competição do país.
A nova realidade faz atletas
até pensarem em mudar de
posto. "Se eu for bem na posição, posso me firmar, e isso pode até abrir mais o mercado para mim. Posso até mudar de posição se a experiência der certo", diz o são-paulino Richarlyson, meia de origem e que jogou
na zaga diante do Paraná.
A demanda por jogadores para zaga é tanta que casos de improvisação, como o de Richarlyson, viraram rotina. No
Palmeiras, o volante Alceu começa a se firmar na zaga, assim
como Marcão no Fluminense.
Já Marcelo Mattos, do Corinthians, foi testado no setor sem
o mesmo sucesso.
Quem acaba de chegar ao
profissionalismo comemora o
novo perfil da profissão. "Com
certeza, tem mais mercado. Eu,
por exemplo, achava que não ia
ter o meu contrato renovado
com o São Paulo, mas, com a
saída do Lugano, eles acabaram
precisando de um líbero", diz o
também são-paulino Carlinhos, que teve o contrato renovado por mais dois anos com o
clube, mas que ainda é uma
simples opção para o banco.
E a procura por zagueiros vai
continuar a ser grande. O 3-5-2,
que deu o pentacampeonato
mundial ao Brasil em 2002, hoje fora de moda na maior parte
do planeta, está enraizado em
alguns clubes, como São Paulo,
Paraná e Goiás, ou é a fórmula
pronta de treinadores quase
sempre empregados, como Geninho e Emerson Leão.
"Quando assumi, o time já jogava assim. O grupo se enquadra bem no esquema", diz o paranista Caio Júnior, adepto do
3-6-1 e que, como a maioria dos
colegas, afirma que essa combinação de números não é uma
verdade absoluta dentro de
campo. "Esse negócio de número é subjetivo", diz o técnico
da maior surpresa do Nacional.
O grosso da prancheta brasileira tem a defesa como prioridade. "Eu sempre começo a arrumar minhas equipes de trás
para a frente", diz Geninho,
agora no Goiás. "Preciso dar segurança ao time", fala Leão.
Os zagueiros agradecem tanta preocupação com eles.
Colaborou MÁRVIO DOS ANJOS ,
da Reportagem Local
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