São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2006

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Brasileiro abre vagas para zagueiros

Proliferação dos esquemas 3-5-2 e 3-6-1 faz postos para defensores aumentarem quase 30% em relação há dez anos

Procura por pé-de-obra na posição faz atletas pensarem em mudar de setor e valoriza novatos nos clubes da elite do campeonato nacional

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A tática no Brasileiro-06, que abre neste final de semana seu returno, virou quase um samba de uma nota só. Sorte de quem joga na posição da linha que fica mais longe do gol adversário. A invasão do esquema 3-5-2 e a sua nova variação, o 3-6-1, faz a festa dos zagueiros. A participação deles nos elencos dos clubes que disputam a primeira divisão do Nacional aumentou cerca de 30% em relação ao que acontecia há dez anos, quando quase todo mundo jogava no tradicional, para os padrões brasileiros, 4-4-2, em que havia espaço para apenas dois zagueiros na formação titular. Em 1996, por exemplo, cada um dos integrantes do trio de ferro paulistano utilizou em todo o campeonato cinco zagueiros. Agora, em menos de 20 jogos, já são sete para cada um. A atual edição do Nacional já teve rodadas, como a do final de semana passado, em que 12 times jogaram com três zagueiros. Eles tomam, obviamente, os postos dos atacantes, cuja redução do mercado de trabalho ocorre praticamente na mesma proporção do aumento de oportunidades para os defensores na mais importante competição do país. A nova realidade faz atletas até pensarem em mudar de posto. "Se eu for bem na posição, posso me firmar, e isso pode até abrir mais o mercado para mim. Posso até mudar de posição se a experiência der certo", diz o são-paulino Richarlyson, meia de origem e que jogou na zaga diante do Paraná. A demanda por jogadores para zaga é tanta que casos de improvisação, como o de Richarlyson, viraram rotina. No Palmeiras, o volante Alceu começa a se firmar na zaga, assim como Marcão no Fluminense. Já Marcelo Mattos, do Corinthians, foi testado no setor sem o mesmo sucesso. Quem acaba de chegar ao profissionalismo comemora o novo perfil da profissão. "Com certeza, tem mais mercado. Eu, por exemplo, achava que não ia ter o meu contrato renovado com o São Paulo, mas, com a saída do Lugano, eles acabaram precisando de um líbero", diz o também são-paulino Carlinhos, que teve o contrato renovado por mais dois anos com o clube, mas que ainda é uma simples opção para o banco. E a procura por zagueiros vai continuar a ser grande. O 3-5-2, que deu o pentacampeonato mundial ao Brasil em 2002, hoje fora de moda na maior parte do planeta, está enraizado em alguns clubes, como São Paulo, Paraná e Goiás, ou é a fórmula pronta de treinadores quase sempre empregados, como Geninho e Emerson Leão. "Quando assumi, o time já jogava assim. O grupo se enquadra bem no esquema", diz o paranista Caio Júnior, adepto do 3-6-1 e que, como a maioria dos colegas, afirma que essa combinação de números não é uma verdade absoluta dentro de campo. "Esse negócio de número é subjetivo", diz o técnico da maior surpresa do Nacional. O grosso da prancheta brasileira tem a defesa como prioridade. "Eu sempre começo a arrumar minhas equipes de trás para a frente", diz Geninho, agora no Goiás. "Preciso dar segurança ao time", fala Leão. Os zagueiros agradecem tanta preocupação com eles.


Colaborou MÁRVIO DOS ANJOS , da Reportagem Local

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